Fonte: Folha de Londrina
A economia com um olhar mais atento para a inovação tecnológica, na qual o setor produtivo e instituições de ensino se conversam para o desenvolvimento calcado em um planejamento de médio e longo prazos. Em linhas gerais essa é a proposta do Planejamento do Ecossistema de Inovação de Londrina, que está em elaboração.
O projeto vem sendo discutido por representantes dos setores públicos e privados há mais de um ano e elencou cinco áreas prioritárias com potencial de inovação. São eles: agronegócio, TIC (telecom, hardware e software), química e materiais, eletrometalmecânico e saúde.
A Fundação Certi, uma organização de pesquisa, desenvolvimento e serviços tecnológicos de Florianópolis, fez uma radiografia das cadeias produtivas da cidade levando em consideração a vocação, as potencialidades, as tendências e oportunidades de negócios.
Segundo o economista, professor e colunista da FOLHA, Marcos Rambalducci, "faltava unificar os esforços de cada instituição, pública e privada no sentido de viabilizar a elaboração de estudos voltados a entender quais caminhos seriam mais propícios. Ele afirma que desenvolver economicamente uma cidade é estimular a criação de empregos, geração de renda e elevação na arrecadação. "Em última instância é melhorar a qualidade de vida de seus munícipes."
Há uma década, começou a surgir em Londrina as governanças de TI, os hackathon, o smartagro e agora a cidade começa colher os frutos dessa inovação. E, de acordo com o gerente regional Norte do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná)Herverson Feliciano, faltava uma organização para potencializar as ações já existentes e fomentar novas iniciativas. "O princípio básico da inovação é a conexão das pessoas. Fazer com que os setores diferentes, academia, entidades de pesquisas conversem entre sim. Quando falamos em um ecossistema, a ideia é criar uma rede de distribuição e conectividade. Essa dinâmica é que gera desenvolvimento e inovação", explicou.
SURPRESA
Para Feliciano, o apontamento do setor químico e materiais pela fundação foi uma surpresa. "É algo pouquíssimo explorado em Londrina, mas que tem um potencial enorme comparado com outras regiões do Brasil. Esse é um setor subexplorado", comentou. Segundo ele, há diversas pesquisas na área, mas poucas empresas estão dedicadas a esse segmento. "Quando você fala em agronegócio, TIC, metalmecânica, é perceptível que Londrina é forte, mas engenharia de materiais e química nem tanto. Por isso, foi importante esse raio-X da Fundação Certi, que mostrou a capacidade de alavancar a competitividade de áreas que não estávamos olhando", disse o gerente.
HORA DE DEFINIR AÇÕES
Depois de definidas as cinco áreas, iniciou-se uma fase de definições de macro-ações. Haverá mais dois seminários para discutir o assunto nos dias 27 de setembro e 22 de novembro. No começo de setembro, uma missão empresarial irá para Florianópolis conhecer como a cidade conseguiu se tornar no ecossistema de inovação mais ativo do Brasil.
Para o presidente da ACIL (Associação Cláudio Tedeschi) Londrina é a cidade do Paraná com maior iniciativas na área de inovação com diversas incubadoras, aceleradoras. Mas diz que as iniciativas estão isoladas. "Esse levantamento é precioso, pois você precisa de um bom diagnóstico para fazer um bom planejamento. É preciso criar um ambiente que, em conjunto, possa desenvolver um índice econômico", comentou o presidente. "Florianópolis saiu de turismo para inovação", complementou.
Tedeschi acredita que um planejamento a médio e longo prazos vai fomentar as empresas locais e também atrair novos negócios. "As empresas se sentem mais confortáveis em um lugar em que se respira inovação e com marcos regulatórios", afirmou.
O planejamento do ecossistema de inovação será um "grande guarda-chuva", que deve aglutinar as empresas e academia. "Londrina é aberta à inovação, mas tem muita gente trabalhando na mesma direção e sem conversar um com outro. Acredito que esse planejamento vai abrir a mente de todos para entender melhor a inovação e conhecer os ativos da cidade", afirmou Ary Sudan, vice-presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).
Sudan afirma que há pouca interação das instituições de ensino com as empresas. "Às vezes, estamos trabalhando na empresa e não enxergamos que temos o Senai a nosso dispor. Com esse planejamento, vamos enxergar o papel da universidade. O que faz do Vale do Silício (nos Estados Unidos) um sucesso é o ambiente favorável à inovação".
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