Notícias

|

VENCENDO A CRISE – Sem medo do Brasil

Fonte: Folha de Londrina

Sabe aquela notícia que vem como um balde de água fria que acaba com as nossas expectativas, tira o rumo do que está por vir? Foi exatamente isso que os setores produtivos do País sentiram após (mais uma) turbulência política e econômica, agora gerada pela delação premiada dos diretores da JBS, divulgada nas últimas semanas. O mercado caminhava para um mar menos revolto na economia nacional, e somado à expectativa da votação de reformas importantes, como a trabalhista, fez a produção industrial crescer 0,6% no primeiro trimestre do ano, o primeiro resultado positivo desde 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Mas essa pancada forte que balançou o mercado em maio que pode acarretar num novo processo de impeachment de um presidente da República não diminuiu as expectativas das grandes indústrias paranaenses, aquelas que figuram no topo da lista de movimentação econômica, segundo ranking da Federação das Industrias do Estado do Paraná (Fiep). A FOLHA conversou com os presidentes e vice-presidentes de grupos que possuem faturamento entre R$ 200 milhões e R$ 1 bilhão ao ano, de diversos segmentos. 

Apesar da cautela em relação à flutuação do dólar e à expectativa sobre como a taxa de juros irá caminhar no segundo semestre, o discurso segue sólido em cima do que está por vir, "sem medo do Brasil": muitos devem manter as taxas de investimentos e estão com expectativa de crescer entre 12% e 25%, segundo levantamento da reportagem. Tais percentuais estão bem acima das sondagens industriais recentes divulgadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A percepção é que as empresas deste porte no Paraná estão com um planejamento estratégico mais consolidado – baseado nas experiências que viveram nos dois últimos anos. 

Genéricos 
A Prati-Donaduzzi é um exemplo. Localizada em Toledo, oeste do Estado, a empresa é uma das maiores produtoras de medicamentos genéricos do Brasil, algo em torno de 12 bilhões de doses terapêuticas por ano. A própria natureza do negócio ajuda neste momento, afinal, os consumidores com menos capital tendem a trocar os remédios "de marca" por genéricos. O presidente, Eder Maffissoni, relata à FOLHA que seus negócios são muito afetados pela cotação do dólar, devido à matéria-prima importada. "Essas oscilações fizeram nosso lucro sumir em 2015 e ano passado tivemos uma leve recuperação. Este ano, seguramos os investimentos de alto risco e no primeiro quadrimestre crescemos 19,7%. Nossa expectativa é fechar o ano com crescimento de 15%, frente aos R$ 898 milhões de 2016", projeta. Nos últimos dois anos, a Prati-Donaduzzi saltou de 3.800 para 4.600 funcionários. "No ano passado, finalizamos o investimento numa nova planta industrial no valor de R$ 100 milhões". 

Alimentos 
A Risotolândia, com matriz em Araucária e que figura nas "top ten" de faturamento no Estado, atua dentro de indústrias produzindo aproximadamente 550 mil refeições por dia em diversos estados. O presidente, Carlos Humberto Costa, relata que fechou 2016 com um faturamento de 330 milhões – alta de 10% -, números melhores do que os 6% previstos pelo segmento de refeições coletivas. "Foi um desapontamento o que ocorreu (na esfera política), porque alguns movimentos realizados para a economia eram bons, como a reforma trabalhista e lei da terceirização. A política agora precisa ter um desfecho rápido, e acredito que um bom caminho são eleições indiretas, e que entre uma pessoa com perfil moderado que traga uma estabilidade para que as reformas aconteçam. Meu ‘melhor dos mundos’ este ano é fecharmos com um crescimento de 12% a 15%. Mesmo depois de tudo isso, não mexemos no nosso plano de crescimento e acreditamos que ele ainda é possível". 

Para Fiep, economia supera crise política 

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Luiz Campagnolo, comenta que a projeção positiva das empresas de maior faturamento no Estado é válida, mas que não se trata de um ambiente de "otimismo pleno". "O andar da carruagem não é de velocidade plena, mas continua andando. Para o segundo semestre, vamos andar num ritmo de inércia, mas sem grandes expectativas". 

Quando se faz uma análise frente a outros estados, o Paraná se mostra numa situação um pouco melhor, até pela força das agroindústrias. "Somos ancorados pelo agronegócio e, mesmo com a crise instalada, mantemos o ritmo. A indústria paranaense inclusive conseguiu recuperar alguns empregos em relação a outros estados". 

Na avaliação do primeiro quadrimestre do ano – antes do ocorrido em Brasília -, Campagnolo comenta que alguns setores estão na média, mas outros sofrendo demais, como é o caso do metal mecânico, com postos de trabalho sendo fechados, e a construção civil, que ainda não teve uma retomada efetiva no Estado. "Apesar do ambiente não ser favorável, a economia acaba se mostrando mais forte que a crise política." 

Apesar disso, o presidente da Fiep pondera que ainda há muita restrição de crédito por parte dos agentes financeiros, e mesmo com a perspectivas de queda da taxa Selic, isso ainda não está se refletindo numa melhor oferta de crédito. "Muitas indústrias, mesmo num cenário de inadimplência, continuam evitando as demissões porque consideram importante ter essa mão de obra quando houver a retomada do crescimento". 

Renúncia 
No posicionamento da Fiep, o melhor para o desenvolvimento do setor daqui pra frente é a renúncia do presidente Michel Temer e que aconteçam eleições indiretas, evitando assim candidatos "oportunistas" que podem aproveitar a onda dessa situação instável. "Precisamos de alguém que tenha pelo menos um pouco de credibilidade para transitar até 2018, implementar as reformas, para que o próximo presidente consiga dar uma segurança e, aí sim, termos uma retomada de crescimento puro. Por enquanto, vamos manter as portas abertas e pagar as contas na medida do possível".


Compartilhe com o universo

Compartilhar VENCENDO A CRISE – Sem medo do Brasil no Facebook Compartilhar VENCENDO A CRISE – Sem medo do Brasil no Twitter Compartilhar VENCENDO A CRISE – Sem medo do Brasil no Linkedin

Deixe seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *