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Educação financeira: quanto mais cedo, melhor

Projeto nacional propõe inclusão da disciplina na grade curricular dos ensinos fundamental e médio

Fonte: Folha de Londrina

Considerada base para uma vida economicamente saudável, a educação financeira ainda está longe dos bancos escolares, apesar de o conteúdo constar em planejamentos nacionais de educação. Um projeto-piloto, desenvolvido pela Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF Brasil) já está pronto para ser implementado abertamente no ensino médio, mas ainda faltam ajustes para o ensino fundamental. 

O projeto-piloto, elaborado em conjunto com a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef) – uma mobilização multissetorial em prol do tema -, foi implantado inicialmente em 891 escolas de ensino médio de cinco Estados brasileiros e ampliado, no ano passado, para o ensino fundamental para 200 escolas de dois Estados. Na visão da AEF Brasil, a educação financeira "não é um conjunto de ferramentas de cálculo, é uma leitura de realidade, de planejamento de vida, de prevenção e de realização individual e coletiva". 

Seguindo esta linha, o economista do Banco Mundial Caio Piza afirma que, quanto mais cedo introduzir as teorias, melhor. "Não existe nenhum fundamento para esperar até o ensino médio para começar a falar sobre o assunto", frisa. 

A ideia inicial do projeto era que, ao ingressar no ensino médio, a pessoa estaria mais perto do mercado de trabalho e, por isso, a realidade das finanças estaria mais próxima. Entretanto, ao estender para o ensino fundamental, o resultado obtido nos anos iniciais não foi o esperado. "Percebemos que é mais eficiente a partir do segundo ciclo do fundamental, mas queremos já nos primeiros anos. O primeiro ciclo deve passar por reformulação", diz. 

E quais os efeitos? Piza explica que, ao se falar de educação financeira, o que se esperava era um preparo de letramento – que os estudantes obtivessem noções de gastos e consumo consciente, consequências do consumo irresponsável e dívidas a longo prazo não planejadas e a importância e modos de poupar, entre outros – e comportamental, que seria justamente colocar em prática os ensinamentos. 

Piza explica que existe, em todos os módulos, o tratamento do custo-benefício das decisões, de que a escolha de hoje terá consequências amanhã. "A hipótese era que uma das principais questões a serem atacadas seria a falta de conhecimento formal. Porém, descobrimos que o conhecimento é importante, mas está longe de ser o essencial", diz. 

A análise parte do fato de que, apesar de os estudantes estarem aptos a responderem os exercícios de acordo com o preconizado em sala de aula, os comportamentos não eram baseados nos livros. A percepção do Banco Mundial, que participou do projeto como avaliador, é que será necessário atacar pontos como a procrastinação – deixar, por exemplo, para começar a poupar no próximo mês ao invés do atual -, o autocontrole para evitar gastos desnecessários e o preparo para diferentes situações financeiras. 

CRIAÇÃO DE PERFIL 

Professor de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Antônio Zotarelli corrobora com a ideia de que a educação financeira deve começar desde a infância, de modo a construir um comportamento de poupador e de consumidor responsável. 

A avaliação foi feita em entrevista à FOLHA sobre a importância da previdência complementar para uma aposentadoria de qualidade. Na ocasião, ele sugeriu que o próprio governo deveria pensar no preparo das pessoas para que as próximas gerações passem do perfil do endividado para a de poupador. "Eu vejo como um trabalho educacional, que efetive orientação, educação, mudança de cultura, a fim de evitar endividamento e preparar a pessoa para ser poupador, investidor", afirmou o professor. 

Zotarelli é coordenador do projeto de extensão da UEM "Educação Financeira Sustentável". Promovido desde 2006, o projeto leva esses conceitos a famílias que tenham dificuldades com as finanças. "Neste projeto, fazemos de três a cinco cursos por ano", conta.


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