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Um trampolim para o mercado

InovAtiva Brasil oferece capacitação e mentoria a startups nacionais. Duas londrinenses estão na etapa final do programa

Fonte: Revista Mercado em Foco – Por Juliana Mastelini

Na área da inovação, uma ideia vale muito, mas é preciso colocá-la em prática. Para isso, estar cercado de gente competente – que ajude a realizar o serviço e a contribuir para que ele deslanche – é fundamental. Além de uma boa equipe, ser acompanhado por bons consultores e mentores pode ser decisivo para que a ideia renda dividendos.

O InovAtiva Brasil, programa de aceleração em larga escala para negócios inovadores, visa justamente colocar startups em contato com essas pessoas que podem contribuir para a sua efetivação. O programa oferece mentoria, contatos com possíveis parceiros, investidores e grandes empresas, capacitação e integração com outros programas do gênero.

O programa foi criado em 2013 pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), e a partir de 2016 oferece dois ciclos de aceleração por ano. Cada ciclo é formado por duas etapas. A primeira contempla 300 empresas, e é voltada para desenvolver e aperfeiçoar o modelo de negócio. Das 300 empresas que participam da primeira etapa, 125 passam para a segunda, cujo objetivo é preparar a startup para a implementação do negócio, captação de recursos financeiros e conexão com o mercado. Depois do segundo ciclo, o programa também pode abranger missões internacionais de imersão e prospecção de negócios e investimentos. No primeiro ciclo de 2016, duas das startups contempladas para a etapa final são londrinenses: a Acqua Conte Infiltradores e a Cuke App.

Rosângela Conte, da Acqua Conte, explica que o programa enriqueceu a empresa, tanto em conhecimento e rede de contatos, como no encaminhamento do seu produto. “O programa é bem bacana, você aprende muito e aprimora seus conhecimentos e ideias”. A Acqua Conte está em fase de testes. Seu produto é um infiltrador para água pluvial que promete combater enchentes e devolver ao solo a água da chuva. “A partir do programa, conseguimos montar nosso produto com mais eficiência. Inclusive tivemos a possibilidade de visitar a fábrica do nosso mentor em Guarulhos”, conta a empreendedora. “A visita não é uma ação que o programa oferece geralmente, mas a partir dele tivemos essa oportunidade. Foi muito interessante porque é uma fábrica de peças mecânicas que já havia sofrido com enchentes, então pudemos conhecer a realidade e, assim, abriu-se mais opções para pensar melhor o material do produto e aperfeiçoá-lo”, explica Rosângela.

Participando do InovAtiva, Rosângela pôde presenciar de forma ampliada e aprimorada o que vivencia em Londrina, na Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL (Intuel), onde sua empresa está incubada.

Ela credita a chegada à etapa final do programa ao empenho na realização das atividades. “Demanda tempo, dedicação, cumprimento de tarefas. É muito gostoso, mas você tem que estar focado nas atividades”, relata.

A outra finalista londrinense do InovAtiva 2016/1 é a Cuke App, aplicativo gratuito que atende profissionais de venda direta, que são aquelas em que o vendedor entra em contato com o comprador sem que haja um estabelecimento comercial.

O Cuke está há dois anos no mercado e foi desenvolvido pela empresa de tecnologia Kiwano. Gabriel Henríquez, dono da empresa, fala que os contatos com startups do mesmo ramo e com mentores de outros lugares do Brasil proporcionaram a consolidação da ideia e a preparação para um potencial crescimento. “Chegando no fim do programa, a gente ganha visibilidade, é possível ajustar a empresa e reconhecer as fraquezas para melhorar”, aponta Henríquez.

Segundo o empresário, os conteúdos recebidos nos cursos, as mentorias e a visibilidade que a empresa ganha são os principais aspectos. “Quando você tem um novo negócio, que ainda está se estruturando, é bacana receber elogios, mas isso não é garantia de nada”, pondera o empreendedor. “Agora, quando você participa de um programa como esse, recebe críticas, e aí sim é possível crescer. Pudemos repensar a ideia que tínhamos e com isso aumentar nosso potencial”, explica.

A partir de agora, a ideia é fazer com que o aplicativo se torne também um canal entre vendedores e fabricantes. Com isso, os vendedores ampliam seus portfólios de vendas, e os fabricantes, que muitas vezes têm dificuldade de encontrar vendedores para seus produtos, ampliam suas vendas. “Essa ideia já tinha surgido antes, mas o InovAtiva ajudou a validar e agora estamos trabalhando para colocá-la em prática”, informa Henríquez.

Uma boa startup na visão do InovAtiva

As características observadas na maioria dos programas de incentivo a startups giram em torno de algumas questões: potencial de mercado, maturidade da solução, potencial de execução, qualidade da equipe e perfil do empreendedor.

O consultor do Sebrae e avaliador do InovAtiva, Fabrício Bianchi, levanta alguns pontos para que uma startup seja qualificada como promissora: o empreendedor tem que se ver como dono do negócio e a equipe deve ser pensada para que o negócio possa evoluir. Apenas a ideia não é suficiente. “É preciso ter um produto mínimo viável, um protótipo, para que se possa saber o que é preciso melhorar. A equipe deve percorrer as etapas e trabalhar em cima do protótipo pensando no seu fornecedor e no seu cliente. E, por fim, o produto tem que vender, porque senão não se sustenta”, explica.

O maior erro, segundo Bianchi, é achar que a ideia por si só já vale. “O importante é os empreendedores aprenderem a se apresentar, é preciso trabalho, estruturar bem seu projeto. Participar de eventos para que haja troca de experiências. E é preciso que os atores do ecossistema de startups se ajudem”, aponta.

Outro erro apontado pelo consultor é a arrogância. “Às vezes o empreendedor quer tanto uma coisa que não observa o óbvio, não escuta seu cliente e seu fornecedor.” Ele também lembra que as pessoas se equivocam ao achar que sua ideia inovadora, ou sua startup, será o próximo Facebook. “Você não precisa ser o novo Facebook. Se você cumprir seu papel de atender a um problema da sociedade de forma inovadora já está bom. As pessoas se preocupam muito com o produto ou o serviço, e se esquecem da estratégia, que é algo muito importante”.

Bianchi também levanta que não é preciso esperar que o produto esteja perfeito para então colocá-lo no mercado. “Se você já coloca o produto no mercado, você vai validando, e testando junto com o cliente, você coloca para o cliente provar”, explica.

Para fazer o negócio deslanchar

Para Carlos Vinícius Souza Leite, coordenador do Movimento Startup Londrina (MSL), um movimento voluntário de apoio a startups, o cenário de programas de incentivo a startups tanto educacional quanto financeiro é bom. Mas o que será definidor para o êxito ou não da empresa é a qualidade dos atores envolvidos, desde o empreendedor até os mentores e consultores, um depende do outro. “O maior incentivo sempre vai ser o mercado e o futuro cliente, esses nunca vão faltar”, explica.

“Experimentar passos das jornadas empreendedoras aumentam as chances de se manter, mas é preciso ter pé no chão e assumir as responsabilidades do caminho que se quer seguir. O empreendedor tem que encarar a realidade, pesquisar, escrever. Os eventos são muito bons para oxigenar, conversar com as pessoas. Mas o empreendedor deve encarar seu problema, sem encontrar desculpas ou muletas nas quais depois possa colocar a culpa se o negócio não der certo”, conclui Leite.


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