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Brasil vai abocanhar 50% das exportações mundiais de açúcar

 Fonte: Valor Econômico

 

Depois de ceder espaço no mercado internacional de açúcar para a Índia nos últimos anos, em parte por causa do aumento da produção doméstica de etanol, o Brasil volta a se destacar nos embarques da commodity. O país deverá encerrar esta safra 2009/10 com participação de 50% nas exportações mundiais de açúcar, dez pontos percentuais a mais que no ciclo 2008/09, segundo levantamento da Job Economia e Planejamento.

 

Com o caminho aberto pela saída da Índia da ponta exportadora, os embarques das usinas brasileiras deverão bater recorde absoluto na temporada, com cerca de 26 milhões de toneladas. Se confirmadas as estimativas, a elevação em relação a 2008/09 será de 24%. Segundo Júlio Maria Martins Borges, presidente da Job, o volume previsto também é considerado limite para a atual capacidade dos portos brasileiros.

 

Em receita, as exportações da safra 2008/09 atingiram US$ 6 bilhões e podem crescer expressivamente em 2009/10, considerando-se os preços médios praticados até agora na temporada. Só para se ter uma ideia, o volume exportado nos últimos dois meses soma 4,387 milhões de toneladas, alta de 33,7% em relação ao mesmo período de 2008. Os preços médios embarcados do açúcar demerara e VHP (Very High Polarization) ficaram em US$ 299 a tonelada, 11% acima sobre igual período de 2008. A cotação média do refinado ficou em US$ 331 a tonelada, alta de 10% em relação a igual período do ano passado, segundo a Job.

 

O avanço do Brasil no mercado global de açúcar tem a Índia como principal vetor. Segundo maior produtor mundial, a Índia chegou até a ameaçar, há duas safras, a liderança do Brasil na produção da commodity. Mas com a queda dos preços internacionais do açúcar, os produtores indianos decidiram investir em culturas mais atraentes. A forte queda da produção naquele país, para cerca de 15 milhões de toneladas, e os baixos estoques levaram as indústrias locais a voltar a importar açúcar para suprir suas necessidades.

 

A mesma Índia, que abocanhou mercados antes ocupados pelo Brasil, como o Oriente Médio, África e Ásia, agora abre espaço para as usinas do país retomarem os negócios com seus antigos clientes, observou Martins Borges. "Nos últimos cinco meses, a Índia se tornou o segundo maior importador de açúcar brasileiro, atrás da Rússia."

 

Maior produtor e exportador de açúcar, o Brasil puxou o freio nos últimos anos para se dedicar ao combustível renovável, que prometia forte potencial de avanço no mercado global. Com a decisão estratégica de investir no mercado de etanol, o Brasil estacionou entre 35% e 40% sua participação no mercado mundial de açúcar.

 

Segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), o Brasil deverá produzir um volume adicional de 4,5 milhões de toneladas de açúcar nesta safra, o equivalente a 3 bilhões de litros de álcool. A produção nacional deverá ser de 36 milhões de toneladas, 15% mais sobre a safra passada. Padua acredita que a recuperação dos preços do álcool ocorrerá nos próximos meses. "O consumo de álcool está fortemente aquecido com as vendas dos carros flexfuel".

 

Os embarques brasileiros de álcool tiveram forte destaque nos últimos anos, saindo de 94 milhões de litros em 2000/01 para 4,7 bilhões de litros na safra passada, mas não foram suficientes para que as usinas deixassem o açúcar de lado. O recuo dos preços do petróleo, o que tirou a competitividade dos combustíveis alternativos, e a maior oferta do produto no mercado, com a consequente queda das cotações no mercado internacional, frearam os ânimos do setor sucroalcooleiro no Brasil. Para esta safra, os embarques devem cair para 3,5 bilhões a 4 bilhões de litros.

 

No mercado interno, os preços do álcool recuaram fortemente durante o início do ano, período de entressafra da cana no Centro-Sul, o que estimulou as usinas a elevar sua produção de açúcar, cujos preços estão atraentes. No acumulado do ano, a valorização da commodity na bolsa de Nova York é de 42%. Ontem, os contratos para janeiro fecharam a 17,48 centavos de dólar por libra-peso.


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