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A arte da superação

Fonte: Ranulfo Pedreiro – Revista Mercado em Foco/ACIL

Ninguém imaginava que, em plena era digital, quando a tecnologia parece ser a dona de todas as respostas, um simples vírus faria a humanidade lembrar-se da própria fragilidade. A pandemia caiu como uma avalanche sobre o mundo em 2020, provocando o caos na saúde e na economia. Para uma Associação Comercial e Industrial, poucas notícias poderiam ser piores do que o fechamento das atividades produtivas. E foi justamente esse o desafio de Fernando Moraes, em seu segundo ano como presidente da ACIL, enfrentando as pressões de quem defendia o lockdown ou a abertura irrestrita das atividades econômicas. A saída veio com a adoção de protocolos austeros de prevenção para manter comércio, serviços, construção civil e indústria em funcionamento.

Em seu primeiro ano, a gestão que substituiu Claudio Tedeschi em 2019 estava focada na revitalização do Centro de Londrina. Com a verve apurada de quem veio do varejo, Fernando Moraes percebeu que o coração da cidade precisava ganhar fôlego. Os sinais de abandono eram evidentes, e os moradores passaram a se trancar nos apartamentos. Com a revitalização, viria a segurança, estimulando as pessoas a usufruir o espaço público como uma imensa área de lazer, favorecendo a economia.

Feira na Praça 

Várias ações ocorreram para melhorar o Centro, como a Feira na Praça, que levou à Praça Gabriel Martins uma estrutura com produtos frescos e gastronomia apurada, além de música e diversão para todas as idades. Deu certo, os moradores voltaram a frequentar o Calçadão, inclusive à noite.

Londrinatal

A mesma coisa aconteceu com o LondriNatal de 2019, feito em parceria com a Prefeitura. Com uma iluminação caprichada, a Casa do Papai Noel atraiu visitantes, com direito a projeções mapeadas na fachada do antigo Hotel Sahão e apresentações musicais pelo Calçadão. Foi um Natal como há muito não se via. A Polícia Militar e a Guarda Municipal deram o suporte para que as famílias voltassem a passear pelo Centro e admirassem a decoração. Em 2020, o LondriNatal precisou respeitar o distanciamento social, mas mesmo assim o Papai Noel Itinerante espalhou um pouco do espírito natalino.

Revitalização 

Paralelamente, a Rua Sergipe recebeu uma iluminação de LED e novas calçadas. O Bosque ganhou um projeto de revitalização, que passou pela Prefeitura e está em fase de licitação. Até o Cine Vila Rica, que estava fechado desde 2001, voltou a abrir as portas. A área central via seu espaço público novamente ocupado pelos cidadãos. “No primeiro ano, a gente avançou bem. Fizeram uma reforma no Calçadão. E a gente fez muitas ações para movimentar a região. Mas, infelizmente, quando era para concretizar tudo isso, nós tivemos a pandemia. Isso atrapalhou bastante. Uma boa notícia é a aprovação da revitalização do Bosque, um dos temas trabalhados pela ACIL. Ficou para 2021, mas a gente conseguiu, já está tudo acertado”, comenta Fernando Moraes.

Compra Londrina

Uma ideia gestada na ACIL em 2010, encampada por entidades da sociedade civil organizada em 2012 e abraçada pela Prefeitura ganhou força: o Compra Londrina estimula as empresas locais a participarem de licitações municipais. Em fevereiro de 2020, um calendário de oportunidades mostrou como os empresários poderiam disputar uma parcela dos R$ 250 milhões que a Prefeitura havia previsto em compras para o ano. Com o Compra Londrina, a participação de empresas londrinenses nas licitações municipais aumentou consideravelmente. Para fortalecer o empresário local, a ACIL também lançou o Entrega Londrina, um marketplace totalmente voltado às lojas da cidade.

Pandemia

E então veio a pandemia. O primeiro passo foi se preocupar com a saúde da população, acatando o fechamento determinado pelo Município para reestruturar todo o sistema de saúde. Com o lockdown, várias lojas foram à falência. Foi um período de trabalhos intensos e muitas dúvidas, exigindo cautela. A ACIL colocou a mão na massa. Ajudou a estruturar a UPA do Sabará para a triagem de pacientes; uniu-se à Prefeitura em uma campanha de doações para pessoas em situação de vulnerabilidade; trabalhou para conseguir materiais que permitiram o HU fazer testes para a Covid-19; doou EPIs e ajudou a elaborar os protocolos de segurança para que o setor produtivo retomasse as atividades. Com o tempo, percebeu que o horário restrito do comércio e serviços favorecia as aglomerações, e passou a reivindicar um funcionamento estendido para diluir os consumidores, amenizando os horários de pico. Não havia dia ou noite, sábado ou domingo. O presidente perdeu cerca de sete quilos. “Foi um estresse muito grande, com uma cobrança de ambos os lados, tanto do empresário, quanto do colaborador e da população em geral. O empresário queria manter a atividade funcionando, e os colaboradores estavam com muito medo. O bom é que tivemos equilíbrio para lidar com tudo isso, tanto que muitas entidades perderam associados e a ACIL até evoluiu um pouco. Passamos por algo que nunca tínhamos passado. E, além de tudo, eu tinha que lidar com a minha empresa, que também estava no meio do furacão. Foi bem difícil”, recorda Fernando Moraes.

Garantinorte

Para combater a pandemia, a ACIL fez inúmeras parcerias. Uma delas, com a Câmara de Vereadores e a Prefeitura, resultou no repasse de R$ 5 milhões como aporte para a Garantinorte, gerando uma linha de crédito de até R$ 50 milhões para pequenas e microempresas, com taxa de juros abaixo do mercado. “A gente não podia tomar nenhuma atitude que atrapalhasse o combate à doença. Mas era preciso movimentar a atividade econômica, não poderíamos deixar as empresas quebrarem. Então, no primeiro momento, a gente ajudou as empresas a buscarem recursos com juros subsidiados, com a Garantinorte, com a Fomento Paraná, com a Caixa Econômica, com o BNDES. Com isso, ajudamos também os empregados”, destaca.

Lidere 

O maior encontro empresarial do Norte do Paraná foi um sucesso em 2019, reunindo 1.100 pessoas por dia, em formato presencial. Mas, em 2020, a pandemia exigiu uma reformulação. O Lidere migrou para o digital, ganhando expressão internacional com a participação do Dr. Hitendra Patel, radicado nos Estados Unidos. Transmitido ao vivo pela internet, o Lidere superou as barreiras regionais e chegou a 19 estados brasileiros. As inscrições foram gratuitas e os participantes ainda receberam um e-book com todo o conteúdo resumido. Uma vitrine e tanto para palestrantes e patrocinadores.

Núcleo Empresarial

Mesmo com a pandemia aterrorizando a saúde e os negócios, o Núcleo de Desenvolvimento Empresarial teve, em 2020, um ano atípico, com muitas realizações. Várias missões foram concretizadas, como o aporte da Garantinorte e as aulas de empreendedorismo, adotadas em todo o Paraná, mas pausadas por causa da Covid-19. “Tivemos a assinatura para a elaboração do MasterPlan, a criação da Governança do Ecossistema de Inovação, a entrega do Centro de Inovação e Tecnologia e o Parque Tecnológico. Avançamos para ampliar os efeitos da Lei Zucchi para Londrina, gerando isenção de impostos para empresas de origem tecnológica. O Plano Diretor não foi concretizado mas, graças ao trabalho das entidades, conseguimos mudar o que era ruim para o desenvolvimento”, lembra Fernando Moraes.

Sabatina 

As eleições de 2020 também foram atípicas. Mesmo assim, a ACIL não abandonou a tradição de ouvir os candidatos. Em formato virtual, a Sabatina contou com a participação de todos os concorrentes à Prefeitura, que tiveram a oportunidade de apresentar seus projetos para o desenvolvimento da cidade. O timing não podia ser melhor: foi o primeiro evento a reunir todos os candidatos durante a campanha.

Faciap 

Com uma gestão marcada pela serenidade e pelo diálogo, Fernando Moraes vai deixar a presidência da ACIL no dia 26 de fevereiro, quando Marcia Manfrin assumirá o cargo. “A gente conseguiu fortalecer ainda mais a união entre as entidades. A pandemia fez com que todos trabalhassem juntos. Também tivemos uma união grande com o poder público. Passamos a ter um relacionamento melhor em torno de uma causa maior”, ressalta. Ele já tem outro desafio em vista: comandar a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná – FACIAP, para a qual foi eleito presidente em dezembro.

Associativismo

Ao mesmo tempo, houve também um crescimento como empresário, proporcionado pela experiência associativista. “Eu pensava muito na minha empresa. Com o associativismo, você pensa mais no coletivo, na cidade, no estado, no todo. E isso faz muito bem, você está ajudando outras pessoas. Não ganhamos financeiramente, mas como pessoa e até como empresa. Trabalhamos pelo coletivo, para ajudar a cidade. Você não enxerga só o próprio negócio, você enxerga o todo e sua empresa acaba se fortalecendo”, revela.

Conselho

Depois de enfrentar uma das gestões mais difíceis das oito décadas da ACIL, resta a lição: é preciso equilíbrio para seguir em frente. “O presidente da ACIL tem uma evidência muito grande porque a entidade criou uma visibilidade forte durante todos esses anos praticando o associativismo. O presidente precisa ser muito ponderado. Tem que pensar no coletivo e delegar as ações para os diretores serem produtivos. É uma escola muito grande, aprende-se muita coisa. O lado mais forte da ACIL é institucional. É uma instituição que precisa de muito respeito e o presidente não pode errar.”


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