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Abertura de empresas em Londrina cresce na pandemia

Fonte: Folha de Londrina 

No primeiro semestre deste ano, 1.722 empresas fecharam as portas em Londrina, de acordo com dados divulgados pela Jucepar (Junta Comercial do Paraná). Por outro lado, 5.776 foram abertas, número 235% maior que o de baixas na cidade. 

Número de abertura da empresas chegou a cair 36% em abril em relação a março, mas voltou a crescer em maio, quando subiu 38%. Em junho, o crescimento foi de 13%. O número de empresas que fecharam também caiu ao longo do semestre, mas voltou a crescer exponencialmente em maio (62%). Em junho, aumentou novamente (13%).

No Paraná, de janeiro a junho desse ano, 95.803 foram abertas, contra 29.531 que foram fechadas, uma diferença de 224%. No período, houve crescimento de 3% na abertura de empresas e queda de 26% nas baixas em relação ao mesmo período do ano passado. Durante a pandemia, observou-se queda de 20% na abertura de empresas em abril, mas nos meses seguintes o número voltou a crescer. Já o número de baixas caiu ao longo de todos os meses do ano.

Os dados mostram um cenário menos pessimista do que se esperava, já que nos meses de março em diante, o Brasil todo se viu em uma pandemia que afeta o funcionamento e o faturamento das empresas.

Presidente da Jucepar, Marcos Rigoni de Mello atribui o resultado a três fatores. Um deles tem relação com o desemprego, que está levando mais pessoas a empreender. “O número de desempregados está extremamente grande, e as pessoas estão abrindo MEIs, microempresas ou empresas de pequeno porte.”

Outro fator atribuído por Mello é o programa Descomplica, lançado pelo governo do Estado no ano passado, que facilitou a abertura de empresas consideradas de baixo risco. O processo pode ser feito on-line. “Você consegue fazer tudo no mesmo dia.”

Para Mello, muitas empresas também estão aguardando a situação melhorar antes de dar por encerradas as suas atividades. “É muito mais fácil esperar um mês ou dois acreditando que a situação vai melhorar.” Essa é também a opinião de Ovhanes Gava, presidente do Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista). Para ele, muitas empresas estão inativas, mas ainda não deram baixa no negócio.

Brasil

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou nesta quinta (16) que 1,3 milhão de empresas brasileiras estavam com atividades suspensas ou encerradas na primeira quinzena de junho. Deste total, 522 mil disseram que a pandemia motivou a decisão.

Os dados fazem parte da primeira edição da pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas empresas, lançada pelo instituto na semana passada. De acordo com os dados do IBGE, o impacto da crise atingiu todos os setores da economia, mas foi pior para o setor de serviços, que é o maior gerador de empregos do país. E foi mais profundo também entre as pequenas empresas.(Com Folhapress)

Chef de cozinha não desanima com a crise

Luciana Rocha, 39, tinha tudo planejado. Trabalharia no restaurante em que atuava até o fim do último ano com o propósito de fazer de 2020 o ano certo para abrir seu próprio negócio de refeições saudáveis congeladas. Em novembro de 2019, pediu demissão e iniciou o processo de pesquisa e desenvolvimento de marca. 

No início de 2020, o projeto evolui na mesma velocidade com que a pandemia se aproximava. Os casos em Londrina começaram a surgir e, uma semana depois de formalizar a empresa para finalmente começar as atividades, o comércio da cidade fechou. “Eu lembro que eu deixei tudo pronto e viajei para Santa Catarina, porque fazia tempo que eu não tirava férias. Deixei tudo o mais ajeitado possível para voltar com tudo. Acabei ficando uma semana ilhada lá”, comenta. 

O jeito foi trabalhar à distância. Entrou em contato com fornecedores, fez compras on-line, divulgou a marca nas redes sociais e retornou direto para a cozinha e dar início ao Leve Gourmet Refeições Balanceadas. “Meu pensamento era: ‘eu tenho que voltar a trabalhar, aproveitar ainda mais, porque as pessoas vão ficar em casa’”, menciona. Porém, o “ficar em casa” exigia ainda mais desafios, com contato totalmente virtual com os clientes. 

“Eu tinha feito um curso de marketing digital, aprendi passo a passo de como atingir clientes on-line, criar links para as pessoas pagarem, abrir conta digital para pedir a máquina de cartão e eu fui aprendendo na raça”, orgulha-se. A cozinha utilizada é a da própria casa, que já recebeu equipamentos novos, como geladeira e freezer. 

Apesar do momento de crise para muitos, Rocha passou a enxergar oportunidade. “Comecei a explorar um nicho bem bom que são os médicos e outros profissionais de saúde, porque eles teriam que trabalhar ainda mais, sem tempo para cozinhar. Então, eu mostrei a proposta de chegar em casa, tirar a marmita do freezer e colocar direto no micro-ondas, é prático para eles", afirma. Com entrega de cartões de visitas nos hospitais, pedido de divulgação entre os amigos, ela conseguiu alguns clientes na área. 

Atualmente, está feliz com os resultados. “Em nenhum momento eu deixei de acreditar que daria certo. É um desafio, a gente precisa se adaptar a cada novidade, fazer as higienizações corretas, mas, para mim, a dificuldade mesmo é essa de não poder ir e vir para encontrar meu público”, comenta. Ela disse que tenta fazer todas as operações do negócio de forma virtual e que sai de casa apenas uma vez na semana para compras que precisam ser realizadas no local.

Rocha ainda tem ideia de abrir espaço físico, mas com a pandemia, esse plano está guardado. Para ela, o momento é de atenção e ir pouco a pouco para poder crescer bem, mas já está feliz com os resultados. “Saí da CLT para abrir a empresa sem saber se ia dar certo ou não. Antes eu trabalhava de domingo a domingo, agora trabalho de segunda a sexta-feira. Eu continuo trabalhando com o que eu gosto, trabalho menos horas e ganho mais do que eu ganhava”, comemora.  

Começando no olho do furacão

Foram mais de 10 anos trabalhando em bares e restaurantes de Londrina e fora do País para que o casal Simone Santos e Milton Teixeira decidissem investir na própria lanchonete. O sonho vem se desenhando já há dois anos para ser colocado em prática de forma natural em meio à pandemia. 

“Em janeiro, já estávamos nos desligando dos nossos trabalhos anteriores. Acho até que todo o resto foi acontecendo naturalmente devido às circunstâncias da pandemia e crise econômica”, menciona Santos.  

A proposta era abrir uma lanchonete em espaço físico, mas sem capital suficiente para locação do ponto e observando o novo cenário, com diversos estabelecimentos fechando as portas, optaram por uma transição mais lenta, atuando inicialmente com delivery.  

“A gente quis dar um passo de cada vez, com os pés no chão e sentir primeiro como as coisas vão. A gente percebeu muitos estabelecimentos fechados e pagando aluguel, isso pareceu algo que a gente não pudesse sustentar no momento”, argumenta.  

A decisão foi montar cozinha industrial no quintal de casa. O casal investiu em equipamentos, formalizou a empresa e há 30 dias iniciou as atividades do Chicken Potato, lanchonete voltada para a lanches e porções focados em frango e batata. Os pedidos são feitos por telefone, WhatsApp ou plataforma de entrega e o cardápio disponibilizado nas redes sociais. 

Nesses primeiros 30 dias os resultados foram satisfatórios, porém, Santos comenta que existe o desafio da concorrência. “Agora no início é bastante difícil, porque as empresas que estavam abertas, restaurantes e lanchonetes que já existem passaram a fazer delivery também, então a concorrência aumentou muito e com empresas conhecidas no mundo todo”, aponta. 

Mesmo diante dos desafios, a visão é otimista. “Se a gente não fosse otimista, nem conseguiríamos pensar na possibilidade de arriscar. Só pelo fato de ter tido coragem, a gente já se considera otimista”, afirma.  

Para ela, o momento atual ainda não deve ser considerado como oportunidade, mas como uma alternativa que tomou forma seguindo as circunstâncias. “A pandemia foi um fator que nos ajudou a tomar a iniciativa de um projeto que já estávamos idealizando. Tivemos que fazer algumas adaptações, mas acho que se tudo der certo, realizaremos o projeto que tínhamos no início, que é abrir uma loja física”, projeta.  


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