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As tecnologias que vão impactar a indústria

Por Amanda de Santa – Revista Mercado em Foco – ACIL

 

No período entre 5 e 10 anos, uma série de tecnologias irão impactar os sistemas de produção e a mão de obra na indústria do Brasil e do mundo. O projeto “Indústria 2027” apontou oito inovações disruptivas que afetarão ao menos 10 setores produtivos da economia, são elas: Internet das Coisas (IoT), Produção Inteligente e Conectada, Inteligência Artificial, Tecnologia de Redes, Biotecnologia e Bioprocessos, Nanotecnologia, Materiais Avançados e Armazenamento de Energia.

O estudo foi realizado em 2018 por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a pedido do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A conclusão do levantamento foi de que o Brasil ainda investe pouco em tecnologia.

A previsão era de que o país desembolsasse apenas 18 bilhões de dólares em inovação no ano passado, valor muito pequeno se comparado ao de países que lideram investimentos em pesquisa e desenvolvimento, como Estados Unidos (US$ 533 bi), China (US$ 279 bi) e Japão (US$ 202 bi).

De 2011 para cá, o Brasil perdeu 22 posições no ranking global da inovação e hoje ocupa o 69º lugar. No levantamento, os pesquisadores apontaram, ainda, que faltam profissionais nas áreas de ciências, engenharia e matemática no mercado nacional. A qualidade da educação não é satisfatória e o país atrai poucos estudantes estrangeiros. Na avaliação dos estudiosos, esse cenário poderá ser transformado se o Brasil trabalhar para reduzir a burocracia, criar regras jurídicas claras e investir mais em novas tecnologias e capital humano.

Para a coordenadora do Instituto Senai de Tecnologia da Informação e Comunicação de Londrina, Silvana Mali Kumura, o país está longe da Indústria 4.0 e ainda caminha para alcançar os avanços da terceira revolução. “Hoje, a maioria das fábricas é apenas mecanizada ou semiautomatizada. A Indústria 4.0 é a revolução da tecnologia da informação”, explica. Ela é caracterizada pelo uso de tecnologias capazes de fundir o mundo físico, digital e biológico.

Na avaliação de Silvana, a indústria automotiva brasileira é a que está mais avançada, pois já utiliza o modelo de gestão lean manufacturing, focado no aumento da produtividade e eficiência, além do combate ao desperdício e adoção de estoques mínimos.

Mão de obra

Uma das principais transformações a serem feitas será na formação de mão de obra para a nova indústria. “Todas as escolas terão que se reinventar”, analisa. Ela afirma que os profissionais precisarão ter um perfil mais analítico para interpretar e gerenciar dados e informações captados pelas novas tecnologias, como inteligência artificial e internet das coisas. “Por mais que tenhamos sistemas inteligentes, as máquinas não serão capazes de tomar decisões, isso ainda ficará nas mãos do homem”, justifica.

Um dos destaques na formação oferecida pelo Instituto Senai é o Centro de Certificação de Pessoas, que prepara profissionais para o uso de tecnologias específicas dentro das fábricas. Silvana lembra, também, que o Hub de Inteligência Artificial começou a funcionar em Londrina no início desse ano para conectar as demandas das empresas a universidades e institutos de pesquisa. Além disso, existe um trabalho organizado em torno do ecossistema de inovação e uma forte comunidade de startups focada na criação de produtos e serviços inovadores.

Atualização constante

Para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Ary Sudan, as novas tecnologias oferecerão muitas vantagens para o setor industrial, pois garantirão mais produtividade, menores custos e desperdício e mais qualidade na produção. “Porém, ao mesmo tempo, vão provocar certa preocupação nas pessoas com relação aos empregos, que passarão por um processo de adaptação a essa nova realidade que viveremos nos próximos anos”, avalia. Segundo ele, muitas profissões vão desaparecer e outras ganharão destaque. O país demandará por técnicos de nível médio, tecnólogos e engenheiros nas indústrias e centros de pesquisa. “O trabalhador terá que se atualizar continuamente”, avisa.

A expectativa é de que, a partir de 2019, com um novo cenário político e econômico, haja uma “corrida” pela atualização de equipamentos, instalações e tecnologias. Para Sudan, esse é o momento de os industriais se unirem e participarem com mais empenho de associações, sindicatos e buscarem parcerias com universidades e institutos de pesquisas.

Ao contrário de estados como São Paulo, Sudan lembra que o Paraná não oferece quase nenhum incentivo para a incorporação de inovações pelas empresas. “Como tudo tem que ser feito com recursos próprios, durante mais algum tempo, mesmo com a economia recuperada, as indústrias ainda precisarão preencher o ‘buraco’ criado pela crise e não terão condições para avançar em inovação como o futuro vai exigir”, projeta.

Impressão 3D

O empresário e sócio da Navis Design e Tecnologia, Guto Bellusci, presta serviços na área de design e desenvolvimento de protótipos para indústrias. Ele é representante de um fabricante nacional de impressoras 3D, uma das novidades dessa nova revolução tecnológica e digital. O equipamento pode ser usado para criar protótipos de peças em material semelhante ao plástico. Bellusci afirma que os produtos originados de impressoras 3D podem ser usados por indústrias, escolas e também na medicina e odontologia, no caso de próteses. “Já existe até impressão de comida”, lembra.

É um mercado que, segundo o empresário, tem evoluído bastante. O problema, no Brasil, são os custos e a alta carga tributária aplicada em cima de novas tecnologias. “O acesso deveria ser estimulado”, revela.

Confira as oito inovações que vão impactar a indústria e a sociedade nos próximos anos:

Internet das Coisas
A Internet das Coisas possibilita a interconexão, por meio de sensores, entre máquinas e objetos, com troca de informações, de forma que eles possam se autocontrolar e autocorrigir.

Produção Inteligente e Conectada
O controle da produção na indústria passa a ser feito virtualmente. Assim, as fábricas digitais assumem o lugar das fábricas físicas, em uma mudança na estrutura da produção industrial. Isso é possível por meio de sistemas e equipamentos interconectados. 

Inteligência Artificial
É quando uma máquina é programada para realizar tarefas de maneira autônoma.

Tecnologias de Redes
Usadas para o transporte de informações, as tecnologias de redes permitem, por exemplo, que o comando das fábricas ocorra por transmissão sem fio. Também é possível acompanhar remotamente o funcionamento de veículos e de eletrodomésticos, além de rastrear alimentos.

Biotecnologia e Bioprocessos
A Biotecnologia envolve o emprego combinado de engenharia genética, biologia celular e ciência da computação. Por meio da manipulação de seres vivos ou de partes deles, é possível obter produtos e processos como, por exemplo, novas vacinas, além de testes diagnósticos mais precisos e menos invasivos. 

Nanotecnologia
Com a Nanotecnologia pode-se manipular moléculas e partículas em escala nanométrica para aplicações específicas. As tecnologias mais avançadas de diagnóstico e terapia em medicina já empregam Nanotecnologia, como no controle da liberação de antibióticos no corpo de pessoas doentes.

Materiais Avançados
De um modo geral, os materiais avançados permitem a melhoria de produtos ou mesmo o desenvolvimento de produtos inovadores nas mais diversas áreas. 

Armazenamento de Energia
Uma série de tecnologias de armazenamento e conversão de energia contribui com o uso inteligente de fontes de energia renováveis e a sustentabilidade.

Fonte: Projeto Indústria 2027 – UFRJ, Unicamp, IEL e CNI.


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