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Bem-vindos a Londrina

Por Janaína Ávila – Revista Mercado em Foco – ACIL

 

Existem, pelo menos, duas maneiras de falar bem de Londrina: com base nos números e estatísticas ou dando a palavra a quem faz do 43 o seu prefixo telefônico. Cidade jovem, que acolhe gente de todo canto desde a sua fundação, Londrina parece sentir-se pronta para fazer novas conquistas. Armas de sedução nunca lhe faltaram.

A ex-atleta Natália Falavigna, hoje com 34 anos, só nasceu em Maringá para agradar o tio doutor. “Fiquei três dias e depois já vim pra Londrina”, conta. A história da Natália é uma daquelas que fazem o londrinense encher o peito de orgulho: é dela a primeira medalha olímpica do Brasil no Taekwondo, em Pequim 2008. “Minha vida sempre foi em Londrina, todos os meus laços foram criados aqui: infância, amigos, universidade, carreira… Em alguns momentos eu saía para treinar ou trabalhar, mas sempre acabava voltando”, conta.

Natália já passou temporadas no Rio de Janeiro, Campinas e Estados Unidos e sempre foi Londrina o seu ponto de referência e a cidade escolhida para receber a academia de taekwondo que leva o seu nome. “Não é querer sempre comparar a minha cidade com as outras, mas aqui foi moldado o meu caráter e toda a minha concepção de cidade. Muitas pessoas com quem sempre tive contato e que foram importantes para mim estão aqui até hoje: a família, professores, amigos, treinadores”, diz.

Formada pela Unopar em Educação Física e com MBA em gestão de pessoas, ela avisa que tem um grande plano para o futuro. “Quem sabe um dia trabalhar na minha especialidade, gerenciar um grande projeto esportivo aqui. Seria uma honra pode contribuir com o município onde eu cresci, que comecei, onde conheço todo mundo”.

Turismo e negócios

O trabalho que leva Natália a deixar Londrina de tempos em tempos é o mesmo que atrai pessoas dispostas a começar do zero. Foi o que aconteceu com o casal Pablo Piola e Juliana Bueno, que há pouco menos de um ano decidiu deixar o ABC Paulista para buscar, no norte do Paraná, a sonhada qualidade de vida. Ele, publicitário de Marília, conheceu Londrina antes de conhecer a companheira, em 1995, quando veio se apresentar no FILO com o grupo de teatro. “Londrina não me decepcionou, nem com toda a expectativa criada com aquele Festival. Já nos pegamos convidando os amigos de São Paulo a virem pra cá, fazendo propaganda da cidade”, confessa Piola. Juliana nasceu em Bela Vista do Paraíso, mas sempre estava por aqui por causa da família; mudou com os pais para São Bernardo do Campo e voltou para Londrina para estudar Design na Unopar, onde conheceu a terceira personagem desta historia, a também designer Patrizia Cartella. Juliana voltou para o estado de Sao Paulo, encontrou com Pablo, casaram.

Patrizia também foi morar fora de Londrina depois de formada. Anos depois, o trio se juntou para começar a escrever a história da Tre3 House, uma marmitaria na Rua Humaitá, esquina com a Monte Castelo. “Cansamos da loucura de São Paulo, do custo de vida alto, da dificuldade de manter o negócio. O desejo era poder dar uma melhor qualidade de vida para o nosso filho pequeno”, conta Juliana. Logo depois da mudança, Pablo já começou a fazer um curso de panificação no Senai para completar a cadeia de produção artesanal dessa nova proposta gastronômica.“Somos parceiros”, pontua Patrizia. “Esse é o primeiro grande investimento da minha vida”, continua ela, de volta a Londrina depois de uma experiência de dez anos vivendo em Milão. “Essa idéia de fazer comida foi do meu pai, ele cozinhava em casa e ficava me mandando as fotos. Quando voltei, a gente pensou em fazer isso para vender. Arrumei trabalho, cozinhando, em alguns lugares ao longo desses dois anos, adquiri confiança, descobri uma paixão e decidi iniciar um novo negócio. Fui procurar parceiros, o ponto e assim as coisas foram acontecendo”, conta.

Indicadores positivos para Londrina não faltam. A cidade figura entre as melhores para empreender de acordo com o último Índice de Cidades Empreendedoras (ICE/Endeavor), com um honroso 13º lugar. Também aparece entre as cem cidades mais desenvolvidas do Brasil e entre as melhores para se viver e para investir, segundo pesquisa da revista Exame. O site americano Expedia, especializado em turismo, classificou Londrina como a nona melhor cidade do sul do País. Reconhecimento que não causa espanto a Denise Fertonani de Araújo e João Gouveia Cezar, dois dos sócios da Sonho Lindo Turismo Regional, que há três anos tratam os atrativos turísticos de Londrina como produtos, com uma ótima aceitação no mercado. “Londrina tem atrativos, tem turismo, tem coisas que estão, de certa forma, escondidas. O londrinense precisa aprender a apreciar o que ele tem, mostrar isso com orgulho para quem vem de fora”, diz Denise.

A Sonho Lindo oferece roteiros personalizados em Londrina e região, levando turistas para descobrir o que, para os londrinenses, pode ser banal como uma vitamina com pastel na Rua Sergipe ou a arquitetura de grandes nomes. “Turismo é desenvolvimento econômico. Estamos vivendo um bom momento, trabalhando em parcerias com instituições, governo e iniciativa privada. Começa a existir uma comunicaçao entre todos os setores”, diz João Cezar. “Nosso maior desafio é despertar a curiosidade no londrinense, fazer ele perceber que vive numa cidade turística”, completa Denise, londrinense, filha de pioneiros. “O sentimento de amor por Londrina faz a diferença na hora de acolher o turista, a convencer que ficar aqui vale a pena. Somos uma cidade moderna, que se renova o tempo todo”, completa a empresária.

Unidos pela diversidade

Os irmãos Leila e Nenê Jeolás sentem a história da família se misturar à história de Londrina e a de um dos seus principais símbolos: a UEL. Em setembro do ano passado, a World University Ranking, realizado pela consultoria Times Higher Education, colocou a Universidade Estadual de Londrina como a primeira universidade pública estadual do Paraná e a quarta melhor universidade estadual do Brasil. Leila Jeolás, antropóloga, nasceu em Niterói. Veio pra Londrina com cinco anos (o pai, médico, foi um dos pioneiros do curso de medicina), foi professora na UEL por 34 anos e mesmo já aposentada, continua ali, como professora voluntária na pós-graduação. “A minha relação com a cidade passa pela UEL e a define, principalmente, através dos projetos de extensão junto às populações carentes”, diz. “Londrina, sem a UEL, seria uma cidade provinciana. Imagina a Cidade sem o HU, sem o escritório jurídico, a clínica de odontologia, sem os Festivais de Teatro, Música? Difícil de imaginar uma sem a outra”, afirma. O irmão caçula, Nenê (Luiz Carlos, como o pai), brinca dizendo que nasceu na Higienópolis, ainda lembra das peladas de futebol na Concha Acústica e de andar de bicicleta na Hugo Cabral sem prédios. “A UEL me permite conviver com uma meninada que ainda vê a cidade com olhos que me encantam. Os projetos de extensão aproximam todos os marcadores de raça, cor e gênero, faz a academia circular pela periferia e traz essas pessoas pra dentro da UEL”, afirma. Hoje, Nenê Jeolás – professor do Departamento de Artes Visuais, diz ter uma relação um pouco conflituosa com a cidade. “Muitas vezes me sinto agredido, às vezes, vivo num oásis. Como londrinense, me preocupo e preciso conviver com as várias Londrinas desiguais que co-existem. Não quero me fechar na minha bolha. Tenho claro que muito precisa ser feito para que Londrina seja uma cidade mais humana”, continua. “Uma cidade tão jovem, com gente de tantos lugares, parece um lugar perfeito para se contemplar a diversidade, mas isso nem sempre acontece e sei que não é um privilegio nosso”, acrescenta. Mesmo com duas possibilidade tentadoras para sair de Londrina, ele preferiu ficar. “Acredito que, mesmo com toda a dificuldade, posso fazer muito mais aqui do que em outras cidades. Eu me sinto parte, não só da UEL, mas do caminho que eu faço pra chegar aqui e dos bairros onde trabalhamos com os projetos. Eu nasci, cresci aqui, faz parte de mim, tenho um compromisso com o trabalho social, com a minha própria memória afetiva. É um suporte emocional que me dá forças”, analisa.

Arnaldo Falanca, paulistano, é o atual presidente do Londrina Convention Bureau, uma associação sem fins lucrativos, que busca o desenvolvimento de Londrina e região por meio do turismo. Conheceu Londrina num Carnaval no início dos anos 70, foi embora e voltou para a Cidade em 2000, quando a Cidade recebeu o Pré-Olímpico. Nunca mais quis sair daqui. “Essa cidade tem uma aura maravilhosa. Tem muito verde, muitas praças, tem história, bairros interessantes, tem arquitetura, cultura patrimonial. Fui conquistado pelas pessoas e pela cidade em si”, confessa. Hoje, o seu trabalho é vender Londrina, atraindo eventos. “É uma cidade fácil de vender, não passamos vergonha”, brinca. Um dos instrumentos de promoção do Convention – o primeiro do Paraná – é um showcase, um catalogo com números e toda a infra-estrutura que a Cidade oferece para a realização de grandes eventos. “São sete mil leitos nos hotéis, temos restaurantes, parques e um aeroporto dentro da Cidade, tudo é perto”, diz. Além dos números, Falanca destaca o potencial cultural e algumas marcas importante como aquela deixada pela cultura cafeeira, a ligação com Londres, o futuro como Cidade Digital. “Fechamos 2018 com mais de 30 eventos apoiados ou captados pelo Convention”, diz. Um próximo passo seria a criação de um Observatório do Turismo, para a coleta e organização de dados atualizados do setor. “Londrina é movida pelas pessoas, o cidadão tem brio, tem caráter, é crítico em relação à cidade e sabe cobrar”, analisa.


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