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Brasil e China estudam acordo sobre moedas

Fonte: O Globo

 

China e Brasil estão trabalhando sobre um acordo de divisas para permitir que importadores e exportadores fechem negócios em suas moedas locais, deixando o dólar de lado, revelaram os bancos centrais dos dois países no domingo.

 

Falando nos bastidores da reunião anual geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), na cidade suíça de Basiléia, outras autoridades de bancos centrais questionaram o papel futuro do dólar como moeda dominante das reservas mundiais.

 

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o presidente do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, discutiram o acordo bilateral durante reunião do BIS no sábado.

 

"Foi acordado em princípio", disse à Reuters uma porta-voz do banco central brasileiro. "Eles vão começar a estudar o acordo."

 

Não foram divulgados detalhes sobre as dimensões do acordo ou o cronograma para que os detalhes sejam resolvidos.

 

Alternativa ao Dólar

 

A discussão sobre uma moeda internacional alternativa ao dólar vem ganhando força nos últimos meses, depois de os donos das reservas chaves das economias emergentes terem expressado receios quanto à manutenção do dólar americano como moeda dominante das reservas mundiais.

 

À medida que os países emergentes ganham mais influência na economia global, eles também querem estudar maneiras de aumentar o uso de moedas locais no comércio internacional.

 

A China, dona da maior reserva mundial de divisas, renovou na sexta-feira seu chamado pela criação de uma moeda de reservas supra-soberana para reduzir o domínio global do dólar, que, segundo ela, agravou a crise financeira.

 

A Rússia, cuja reserva de divisas é a terceira maior do mundo, também vem pedindo que o mundo reduza sua dependência do dólar.

 

"Temos a China e a Rússia propondo que pensemos em uma moeda internacional de reserva outra que o dólar", disse Jaeem Al-Mannai, diretor geral do Fundo Monetário Árabe, em entrevista à Reuters. "Com esta crise, os EUA acumularam dívidas enormes. É um ônus grande que pesa sobre o dólar."

 

O presidente do banco central da Argentina, Martín Redrado, disse à Reuters que, futuramente, o dólar terá que dividir o palco mundial com moedas regionais fortes como o yuan chinês e o real brasileiro.

 

"O yuan terá um papel na Ásia, ao lado do iene; o euro, obviamente; na América do Sul, provavelmente o real. De modo que estamos prevendo um mundo em que o dólar continuará a ser a moeda dominante, mas em que a abordagem será muito mais dividida", disse ele.

 

O presidente do banco central filipino, Amando Tetangco, também disse à Reuters em Basiléia que a tendência atual de diversificação, reduzindo o domínio do dólar, deve continuar.

 

"Os bancos centrais dos países emergentes sempre tiveram a opção de não usar exclusivamente o dólar, e isso vem acontecendo até certo ponto sob a forma de diversificação para uso de moedas estrangeiras", disse ele. "Esse processo vai continuar, inevitavelmente."

 

Intercionalização do Yuan

 

Zhou disse que um próximo passo será o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente chinês, Hu Jintao, discutirem o acordo, que, segundo ele, não vai necessariamente envolver um swap cambial como os que a China tem com outros países.

 

"O que estamos discutindo é que o presidente do Brasil, Lula, e nosso presidente, Hu, conversem sobre a possibilidade e o desenvolvimento gradual para usarmos nossa moeda local para alguns pagamentos comerciais e para investimento, isso é o principal", disse ele a jornalistas. "Não se trata necessariamente de usar um swap cambial."

 

Desde dezembro, o Banco do Povo chinês organizou seis swaps cambiais bilaterais, totalizando 650 bilhões de yuans (95,12 bilhões de dólares), com países que incluem a Malásia, Argentina e Hong Kong.

 

Pelos acordos, um banco central do outro lado do swap poderá emprestar os yuans fornecidos pelo Banco do Povo para entidades comerciais domésticas, para pagarem por importações.

 

Com isso, os exportadores chineses recebem em sua própria moeda nacional, eliminando os riscos de taxa de câmbio e reduzindo o custo das transferências financeiras. O mesmo se aplica na outra direção do swap.

 

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse na sexta-feira que o Brasil não tem medo de ir lentamente usando outras moedas que não o dólar em seus investimentos e comércio internacional, desde que o processo seja seguro e não seja "uma aventura".

 


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