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Brasil é o que tem mais a ganhar com formalização dos BRICs

Américo Martins
Editor-executivo do Serviço Mundial da BBC

 

Os quatro países preparam o primeiro encontro oficial dos BRICs (grupo que até hoje existe apenas como um conceito formulado pelo mercado financeiro para se referir às grandes economias emergentes) para meados deste ano.

 

A intenção é discutir interesses comuns e uma possível estratégia conjunta para enfrentar a crise econômica mundial.

 

O grande problema, no entanto, é o fato de que os interesses do grupo são muitas vezes distintos – tanto do ponto de vista econômico, como político. Além disso, não se sabe o grau de importância real que cada país daria ao grupo.

 

Associação direta

 

O Brasil, que vem aumentando visivelmente a sua atuação diplomática nos últimos anos e pretende ser reconhecido como muito mais do que uma potência regional, provavelmente vai tratar o grupo como uma de suas prioridades internacionais.

 

Afinal, o país ganha ainda mais peso ao ser associado diretamente com uma potência econômica como a China ou a um país líder na produção de energia como a Rússia.

 

Para os outros países, no entanto, o grupo pode acabar não sendo tão prioritário. Mesmo que os três consigam maiores benefícios com uma ação conjunta dos BRICs, eles já têm um envolvimento maior do que o do Brasil em algumas áreas chave da política internacional.

 

Os três parceiros do Brasil são potências militares estabelecidas e todos possuem a bomba atômica – o que lhes confere um peso diferente na grande maioria das negociações internacionais.

 

China e Rússia têm assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU, o mais importante fórum de política externa do planeta.

 

Além disso, a Rússia faz parte do G8 e a economia chinesa já é a terceira maior do mundo.

 

A Índia é tida como o país mais importante para garantir algum nível de estabilidade no Sul da Ásia, uma das regiões mais voláteis e importantes para a política externa das grandes potências ocidentais, e sua economia é uma das que mais cresce no mundo.

 

A lista inclui ainda fatores como o tamanho dos mercados consumidores de Índia e China e o fato de a Rússia ser a maior fornecedora de energia para a Europa.

 

Economia

 

Ou seja, do ponto de vista da diplomacia internacional, Rússia, China e Índia têm um papel muito maior do que o Brasil.

 

O que ajuda o Brasil a ganhar mais peso, tanto dentro dos BRICs como em relação ao resto do mundo, é a estabilidade econômica criada na última década e o crescimento do PIB nacional.

 

Neste quesito, o Brasil está muito melhor, por exemplo, do que a Rússia – que chegou a ser colocada fora do grupo dos BRICs por alguns analistas financeiros internacionais.

 

E é por isso que a crise econômica mundial veio em péssima hora para o Brasil.

 

Como os setores mais afetados da economia brasileira são justamente os mais ligados à exportação, dada a queda de demanda internacional, o país perde poder de barganha em negociações comerciais.

 

A expectativa de estagnação no crescimento do PIB este ano também cria problemas para o Brasil, especialmente se comparado ao crescimento forte que Índia e China registrarão este ano – embora também estejam sofrendo com a crise.

 

Além disso, a crise afugenta investimentos internacionais e, caso se prolongue por muito tempo, pode afetar inclusive a positiva percepção que a maioria dos países estrangeiros têm do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Com a economia desacelerando, o Brasil fica ainda mais dependente do carisma do próprio presidente Lula no cenário internacional.

 

Um grande teste será a reunião do G20 em Londres esta semana.

 

A reunião dá ao presidente uma oportunidade para influenciar os outros chefes de Estado e se colocar como uma espécie de porta-voz de parte do mundo em desenvolvimento.

 

Caso o presidente seja bem sucedido, o Brasil ganhará mais prestígio tanto no cenário internacional como na relação com os outros países dos BRICs.

 

Fonte: BBC Brasil


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