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Brics buscam alternativa ao dólar como moeda de reserva

 

Brasil, Rússia, China e Índia já discutem como fazer para acabar com o predomínio do dólar como moeda de reserva internacional, informou ontem, em Brasília, o ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, ao relatar o encontro com autoridades dos outros três países, da qual participou na semana passada.

 

"Começa uma discussão sobre o futuro do dólar como moeda reserva do mundo", afirmou o ministro. "Não estou cometendo nenhuma inconfidência, porque a discussão já está nos jornais, inclusive por declarações de presidentes dos bancos centrais."

 

O encontro das autoridades dos chamados Brics (sigla criada pela consultoria Goldman Sachs para abrigar os principais países emergentes) fez parte dos preparativos para uma reunião de presidentes, neste mês, em Ecaterimburgo, na Rússia. O principal objetivo dos encontros entre os Brics não é tomar decisões comuns, mas influir de maneira mais forte na agenda internacional, disse Mangabeira.

 

Entre os temas sobre os quais os quatro países querem mudar o rumo das discussões está a questão da propriedade intelectual (para um sistema menos rígido de proteção) e as discussões de liberalização de comércio.

 

Mangabeira Unger chegou a anunciar, por engano, que o Brasil já vinha fazendo, em "caráter experimental" operações de compensação de moedas no comércio com a China, eliminando a necessidade de compra de dólares por parte dos bancos centrais em trocas comerciais entre os dois países.

 

O Banco Central brasileiro negou, porém, que o sistema já esteja em operação e informou que houve, apenas, um acordo para sua implementação, assinado entre os dois países. Para o ministro, o funcionamento do sistema de compensação em moedas locais, como já existe na Argentina, "prepara o caminho para um experimento mais abrangente."

 

"Há uma grande preocupação com o futuro do dólar", enfatizou o ministro, ressalvando, porém, não acreditar em mudanças "em curto prazo" na situação da moeda americana como reserva internacional. Há também uma grande preocupação em evitar que o debate sobre o tema agrave a volatilidade nos mercados de câmbio, provocando ainda mais distúrbios, disse o ministro de Assuntos Estratégicos, que defendeu discussões para uma "transição" ordenada a outro sistema monetário mundial.

 

Para Mangabeira, a manutenção do dólar como moeda de referência internacional é inviável em longo prazo, assim como também não se cogita a criação de uma moeda global gerenciada por uma burocracia internacional poderosa.

 

Entre um polo e outro, há opções a serem exploradas, como a definição de uma "cesta de moedas" para servir de referência às transações internacionais, ou a reprodução, em maior escala, do sistema de Direitos Especiais de Saque (DES) , do Fundo Monetário Internacional (FMI), uma espécie de moeda virtual lastreada em depósitos dos países sócios do FMI na instituição.

 

"Não existe nem a opção de sonegar o debate, dizer que esse assunto é perigoso demais para debater", comentou o ministro Mangabeira Unger. "O debate já está instaurado pelos representantes dos outros países, inclusive pelas autoridades da China, afirmou".(SL)


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