O Banco da China, um dos maiores do mundo em termos de capitalização, prepara-se a abrir em São Paulo sua primeira agência na América do Sul, ao mesmo tempo em que Pequim prepara linhas de financiamento acima de US$ 11 bilhões para o Brasil. Estudo do Deutsche Bank aponta, em meio à crise global, uma segunda onda de investimentos de Pequim no estrangeiro agora acionada por bancos e seguradoras chinesas querendo ser globais, e o Brasil está no radar da potência emergente.
“Este será um grande ano para as relações financeiras entre o Brasil e a China”, afirma o embaixador brasileiro em Pequim, Clodoaldo Hugueney. A primeira agência do Banco da China será inaugurada ainda neste ano na capital paulista.
Também o Banco de Desenvolvimento da China, outro peso-pesado estatal, planeja se instalar no país, mas ainda precisará passar pelo processo de obtenção de autorização junto ao Banco Central. Por sua vez, o Banco do Brasil e o Itaú limitam sua presença a escritórios de representação em Xangai. “Os bancos chineses são os maiores do mundo, são os únicos que têm dinheiro e as perspectivas com o Brasil são boas”, acrescenta o embaixador.
Bancos chineses registraram aumento de 31% de lucros no ano passado e continuarão a superar rivais, segundo analistas. Os três maiores bancos chineses tinham um total de US$ 570 bilhões em caixa no ano passado, enquanto instituições financeiras dos Estados Unidos e da Europa sofriam perdas de US$ 1,2 trilhão desde o início da crise do “subprime”. Hugueney nota que o crescimento do comércio bilateral, “espetacular” até o ano passado, agora cai com a crise, mas que os investimentos vão crescer e os vínculos financeiros se ampliarão.
Segundo o embaixador, estão sendo negociadas linhas de financiamento para empresas e comércio, além de participação chinesa no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que poderão ser concluídas na visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim em maio.
O Banco de Desenvolvimento da China prepara um pacote de US$ 10 bilhões para a Petrobras, uma linha de crédito de US$ 800 milhões para o BNDES e mais US$ 100 milhões para o Itaú. Também está em discussão linha de crédito para o Banco do Brasil. A crise financeira global causou uma terremoto no mundo bancário global, e pavimenta o terreno para as ambições de instituições financeiras chineses se internacionalizarem, indica estudo do Deutsche Bank.
Até agora, o foco era mais o mercado chinês. Nesse contexto, o banco alemão considera provável que dentro de 10 anos a China poderá representar 13% do mercado bancário, mais de 10% do mercado de ações e mais de 5% do mercado de bônus.
Fonte: Valor Econômico
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