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China vai perder força e afetar Brasil, diz especialista

 

A alta dos preços das commodities é uma bolha e as exportações brasileiras vão sofrer quando a economia da China voltar a desacelerar. A previsão é de Roberto Dumas, representante-chefe do Itaú BBA em Xangai e professor da China Europe Internacional Business School. Desde o início do ano, o índice de commodities CRB da Reuters subiu 13%.

 

Em uma palestra ontem para uma plateia de executivos reunidos pela Hampton Sofise, Dumas disse que a demanda por commodities não vai se manter, porque a recuperação da China é temporária. Ele acredita que o estímulo fiscal do governo chinês incrementou a demanda no curto prazo, mas vai gerar super-produção.

 

"Está contra a lógica. O mundo quer consumir menos, mas a China quer sair da crise produzindo mais", disse Dumas. Com um pacote fiscal de US$ 586 bilhões e empréstimos bancários de US$ 668 bilhões no primeiro trimestre (mais do que em todo o ano de 2008), os chineses estão investindo em infraestrutura e incentivando a indústria pesada (como as siderúrgicas) a seguir a todo vapor.

 

O problema, segundo Dumas, é que esse tipo de investimento não gera tanto emprego quanto gasta. Para que a recuperação fosse sustentável, a China deveria reestruturar sua economia, reduzindo peso das exportações e aumentando o do consumo. "O crescimento chinês do pós-crise vai deteriorar ainda mais o equilíbrio da economia local", disse.

 

Para o representante do Itaú BBA no país, o consumo chinês está crescendo, só que mais devagar do que a produção industrial, que avançou 8,3% em março e 3,8% no primeiro trimestre. Ele afirma que a deflação é uma prova disso. O índice de preços ao consumidor na China caiu 1,5% em abril, 1,2% em março e 1,6% em fevereiro.

 

"O pacote atual é similar ao que foi feito em 1997 e 1998, quando a China enfrentou as crises da Ásia e da Rússia. A questão é que agora os Estados Unidos não estão crescendo. Para quem a China vai vender toda essa capacidade de produção que está construindo?", questionou o especialista.

 

Na China, a participação do consumo no Produto Interno Bruto (PIB) cedeu de 49% em 1990 para 35% em 2007. Em compensação, a fatia do investimento no PIB subiu de 36% para 44% no período. De acordo com Dumas, o consumo perdeu fôlego por conta da redução dos salários, da queda nas transferência do governo e dos menores ganhos de capital. "Não é possível reverter esse processo de um dia para o outro", disse. (RL)

 


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