Notícias

|

Com escritórios mais vazios, teletrabalho segue em 2022

Fonte: Folha de Londrina

A decisão do Poder Judiciário do Estado do Paraná em manter trabalhadores em home office é um exemplo da necessidade de distanciamento causada pelo aumento de casos de Covid-19, assim como a epidemia de H3N2. A sequência de informações que antecedeu o fechamento desta edição apresenta um cenário que de fato exige cautela: bancos fechados, empresas áreas com baixas em seu quadro, assim como em hospitais e outros prestadores de serviços em razão do contagiado pelas doenças.De acordo com o Decreto nº 699 da Corte, o trabalho em casa fica prorrogado para o dia 31 de janeiro de 2022. A justificativa leva em consideração também os casos da epidemia de Influenza.

Um trecho da determinação leva em consideração os seguintes motivos: "o saturamento dos ambulatórios nas unidades de saúde, hospitais públicos e privados do Estado do Paraná;  a necessidade de adoção de todas as cautelas e providências no sentido de evitar a disseminação da doença, recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias Estadual e Municipais de Saúde; preocupação com a preservação da saúde de magistrados, servidores, colaboradores, demais profissionais da área jurídica e do público em geral", informa.

A auxiliar de cartório da Vara Civil de Ibiporã, Luana  Francine Pereira é uma das profissionais enquadradas na situação acima. Em home office desde 19 de março de 2020, a técnica judiciária confessa não ter imaginado que a pandemia perduraria por tanto tempo. "Agora estava programada para retornar, mas com o aumento de casos, vamos respeitar." Ciente de que a decisão é assertiva, Pereira considera que o início do trabalho em casa causou a todos estranhamento.Ao recordar o início do teletrabalho de modo emergencial, mal acredita tudo o que passou. "Foi praticamente do dia para noite, todas minhas coisas pessoais ficaram lá, mas hoje vemos que conseguimos atingir uma não só o equilíbrio emocional, mas também nossa produtividade, pois os dados do tribunal de justiçam comprovam que nosso rendimento melhorou mesmo com o trabalho remoto e aceleramos o andamento dos processos", comemora.

Na prática, Pereira segue sua jornada de oito horas e uma vez por semana dirige-se presencialmente ao Fórum de Ibiporã para realizar tarefas como o uso da assinatura digital. "Temos uma escala de revezamento e em minha casa adaptei um espaço e nossa equipe de trabalho se comunica pelo WhatsApp onde compartilhamos dúvidas e as sanamos", relata.

Por meio do balcão virtual criado pelo Tribunal de Justiça, Luana Pereira passou a fazer o atendimento pelo seu celular a advogados e demais cidadãos que precisavam de atendimento. De toda a experiência, Pereira considera que juntamente com a sua equipe tem realizado um trabalho de modo pleno. "Se podemos tirar algo positivo da pandemia, é a superação. A flexibilidade do trabalho e a confiança que nos foi dada serviram de impulso. De forma comprometida, com organização e disciplina, seguimos em frente dando conta de nosso trabalho e também mais preparados  emocionalmente", reflete.

Na Belagrícola, todos os protocolos de segurança se mantêm desde o início da pandemia. A maior mudança foi em relação à convenção da empresa, nos dias 13 e 14 de janeiro, que estava programada, inicialmente, para ser presencial e acabdou sendo 100% on-line. Na empresa, o trabalho continua em regime híbrido, evitando muitas pessoas num mesmo ambiente. A recomendação é para que, diante de qualquer indisposição, o colaborador entre em contato com a Medicina do Trabalho para que se cumpra o protocolo da Covid-19, que prevê exame, preenchimento de uma ficha e acompanhamento à distância do colaborador.

Para a analista de Marketing da Belagrícola, Mariam Caramarani El Kadri, entender a necessidade do distanciamento foi essencial e  o suporte da empresa para ficar seguro e produtivo  em casa fez toda a diferença para os empregados. "O regime do trabalho em casa foi formalizado por meio da solicitação de cada trabalhador. A Bela nos forneceu todos os equipamentos como o apoio de pé, o suporte do computador, cadeira, a segunda tela e ajuda de custo para pagamento de internet e energia elétrica. Além do acompanhamento da ergonomia, também temos o suporte de saúde emocional e chegamos num nível de integração ideal para que a comunicação com as 55 filiais – São Paulo, Paraná e Santa Catarina – funcione", expõe. 

Do ponto de vista da Neurocientista e Professora Adjunta da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Marcia Nogueira Castaldi Abel, a situação de incerteza foi o ponto gerador do estresse em todas as áreas. "O nosso cérebro opera num modelo que busca previsibilidade e antecipação. Quando o previsto não ocorre, uma resposta global do organismo é posta em curso com vistas à sobrevivência. Isto é parte dos recursos evolutivos que permitem nos adaptarmos  à nova situação. Contudo, se isto perdurar, o estresse prolongado poderá levar ao esgotamento das reservas orgânicas e ao adoecimento. No momento, voltar para o trabalho presencial requer nova adaptação, novos pontos de tensão a serem superados e a vivência de um novo ciclo de estresse", aponta.

Abel reconhece que a dificuldade em lidar com a mudança está presente em todas as pessoas e que isso faz parte de estar vivo. "Porém, é importante ficar alerta aos sinais indicativos de quando a face mais escura do estresse se apresenta: insônia, ganho de peso não programado, alcoolismo, tabagismo, compulsão alimentar e déficits de memória, dentre outros, indicativos do descuido da própria saúde e o declínio no autocuidado", observa.

A neurocientista, por sua vez, indica caminhos para a superação: "É preciso estar atento aos sinais e reconhecer o problema. Normalmente, a família, os colegas mais próximos, os parceiros de trabalho costumam ser os primeiros a identificar a mudança de comportamento. Quando identificado, não deve haver omissão, pois estamos todos no mesmo barco e necessitamos de uma rede de apoio para superar a adversidade do momento", entende.

Abel explica que cada um irá encontrar uma forma de virar essa chave, o que o motiva e o que faz sentido na sua história pessoal.  "É um processo individual.  Passa por compreender, dimensionar e ressignificar o momento. Por vezes, é necessário auxílio terapêutico, apoio por meio de abordagens cognitivas e, em outras,  apenas afeto e conexão humana", orienta. 

"É importante destacar que mais que uma crise de produtividade, a pandemia provocou em muitas pessoas um declínio do potencial humano. Não devemos medir apenas a produtividade, mas lembrar da importância do indivíduo, pois as pessoas ficaram esquecidas", alerta. Segundo a neurocientista, a dificuldade em lidar com a mudança é multifatorial. "A pandemia exigiu grande esforço adaptativo para se ajustar a uma vida muito diferente da que tínhamos.  A adaptação está relacionada à mudança e à evolução. Não evoluir, é fatal. Há dois anos vivemos o impacto das mudanças estruturais que a pandemia trouxe,  contudo, respeitando o limite de cada um, desejo que esta adversidade oportunize aprendizados, que não nos faça vítima e que nos torne  mais fortes. Viver é algo grandioso e viver da melhor forma é o que os compete", pensa.


Compartilhe com o universo

Compartilhar Com escritórios mais vazios, teletrabalho segue em 2022 no Facebook Compartilhar Com escritórios mais vazios, teletrabalho segue em 2022 no Twitter Compartilhar Com escritórios mais vazios, teletrabalho segue em 2022 no Linkedin

Deixe seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *