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Consumidor prioriza casa própria e amplia “calote” no cartão de crédito




Fonte: Gazeta do Povo

 

A economia não escapa à máxima de que as más notícias nunca vêm sozinhas. Mais que isso: uma é, geralmente, consequência da outra. Caso da taxa recorde de inadimplência no país, resultado direto da alta do desemprego e da redução do crédito no país, segundo os especialistas ouvidos pelo G1.

 

“Basicamente, houve uma redução da atividade econômica. Com isso, houve um aumento do desemprego, que acaba refletindo nesses índices de inadimplência, que você pode ver no cheque especial, no cartão de crédito”, diz José Luiz Rossi, professor de macroeconomia do Insper (ex-Ibmec São Paulo).

 

Segundo o Banco Central, a inadimplência (contas não pagas vencidas há mais de 90 dias) das pessoas físicas alcançou 8,6% do volume total de crédito em maio, um recorde desde 2000, quando o BC iniciou o levantamento.

 

A inadimplência é mais grave no setor de cartões de crédito, onde, segundo os dados do BC, atingiu 27,79% em maio. No cheque especial, alcançou 10,8%. Os dados da Serasa confirmam essa tendência de alta: o número de cheques sem fundo chegou ao maior nível desde 2001, com 25,2 cheques devolvidos a cada mil compensados.

 

“A primeira coisa que se deixa de pagar são contas como condomínio, coisas assim, e só depois as obrigações com o banco. É um sinal de que realmente a crise foi forte, porque essa inadimplência já chegou aos empréstimos pessoais”, diz Rossi.

 

Já as prestações da casa própria e do carro em geral têm prioridade de pagamento: em maio, a inadimplência na compra de veículos era de 5,4%, enquanto a do financiamento da casa própria era de 3,0%.

 

“A inadimplência depende muito do perfil de renda”, explica Rossi. “Para a classe mais baixa, um carnê das Casas Bahia é mais importante. Já a classe média tem um perfil diferente, porque ela prioriza a relação com o banco, que é onde ela toma mais crédito.”

 

Desemprego

 

Os analistas apontam o desemprego como o principal fator para o aumento da inadimplência.

 

“Embora o crescimento do desemprego não tenha sido tão grande (a taxa subiu de 6,8% em dezembro para 8,8% em maio, segundo o IBGE), ele existiu, é inegável. As pessoas que perderam o emprego receberam indenizações, mas esse dinheiro começa a terminar depois de 30, 60 dias. Aí começa a inadimplência. Você começa a comprar à vista o que é essencial e a jogar no cartão de crédito as contas que você tinha”, afirma Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), responsável pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

 

Nessa hora, as contas antigas pesam. Com a expansão do crédito no país nos últimos anos, muitos brasileiros estavam com carnês no bolso quando foram pegos pela crise e se viram sem renda suficiente para fazer os pagamentos.

 

“As pessoas fizeram compras acreditando que a sua renda fosse subir também. Foi uma euforia perigosa. Você investiu baseado numa realidade, mas de repente você toma na cabeça, e não dá para reverter”, diz Burti.

 

E muitos bancos também não ajudaram, segundo os especialistas. “Eles anteciparam a crise e reduziram a oferta, já prevendo um aumento da inadimplência. Isso no fundo piorou, porque algumas pessoas rolavam a dívida (pegavam um empréstimo para pagar um anterior) e hoje não estão podendo fazer isso, e acabam inadimplentes”, explica o professor do Insper.

 

Tendência de queda

 

Para os analistas, no entanto, o cenário daqui para frente é de melhora. “Os últimos dados já mostram uma desaceleração, ainda que esteja num patamar elevado”, diz Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa Experian.

 

“Nós já estamos tendo alta no crédito para a pessoa física, e isso tende a atenuar o refinanciamento de dívida”, aponta.

 

O professor do Insper concorda com a avaliação. “A crise já está reduzindo, e a gente vai ver nos próximos meses uma estabilização e até uma redução do problema (da inadimplência) Você vai observar uma aumento da oferta de crédito e redução das taxas”, diz.

 

Rossi lembra ainda que, embora esteja elevada, a inadimplência brasileira não oferece riscos para o sistema financeiro nacional – ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, onde o não pagamento do crédito imobiliário foi o estopim da crise mundial.

 

“A inadimplência aqui está dentro da média global, não fica muito longe. Mas como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), o crédito é muito menor. Obviamente é importante, mas, do ponto de vista da saúde do sistema financeiro, esse efeito será menor”, explica. As informações são do G1.

 

http://portal.rpc.com.br

 


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