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Da casa de madeira ao digital

Fonte: Janaína Ávila – Revista Mercado em Foco/ACIL

A história da ACIL se confunde com a de Londrina. Contar essa aventura que já dura 85 anos, significa entrar em contato com a vida de grandes personagens que ainda fazem desse pedaço de terra vermelha um lugar onde sementes são plantadas com alguma garantia de colheita farta e duradoura. Pioneiros de ontem e de hoje, escrevendo cada linha dessa narrativa que vai muito além dos temas ligados ao desenvolvimento econômico de um setor. É observando a galeria dos presidentes que vislumbramos a ACIL do futuro, com respeito às lições do passado. 

A cadeira da presidência da ACIL foi ocupada por membros de três gerações da família Dequêch. O primeiro presidente da Associação, o comerciante David Dequêch, foi o escolhido para começar essa trajetória. Ele estava entre os 19 pioneiros que assinaram a ata de fundação da Associação Comercial de Londrina, ocupando o cargo de 1937 a 1944 e, depois, de 1949 a 1959.  

“A nossa relação com a entidade é de muito carinho e respeito”, afirma Nilo Dequêch, filho do pioneiro e que veio a ser presidente da ACIL em duas gestões, exatamente como o pai, nos anos de 1978/79 e no biênio 1982/83. “É uma entidade forte, com formação classista e que representa os empresários de Londrina e região. Meu pai foi o fundador e analiso que enfrentamos problemas distintos dentro do contexto da ocasião. Diferentes eram as bandeiras na fundação, diferentes os interesses quando eu fui presidente, dentro de um regime militar muito fechado. Eram outras questões quando o meu filho assumiu a presidência”, diz Dequêch fazendo referência à gestão de David Dequêch Neto, à frente da ACIL entre 2002 e 2004. Para o empresário, o futuro da Associação não se desvencilha do objetivo primordial, aquele de defesa dos interesses de quem representa. “Essa é a sua finalidade, defender o interesse da classe dentro do seu tempo, da sua época. O espírito classista é uma das grandes forças da nossa região, desde o começo com representações de classe, com entidades sérias e atuantes”, completa. 

Presidentes 

Impossível não mencionar o nome de cada ex-presidente da ACIL, seria como ignorar fatos marcantes da história da sociedade londrinense. Nelson Antunes Eggas (1945), João Alfredo de Menezes (1946), José Bonifácio e Silva (1947/48), Francisco Pereira de Almeida (1960), Edílio D'Avila (1961), Lizandro de Almeida Araújo (1962/65 e 1972/73) Carlos Klamas (1966/67), Jorge Kayamori (1968/71) até chegarmos ao empresário Kentaro Takahara, que comandou a ACIL entre 1980 e 1981, um período bastante desafiador.  

“Entidades como a ACIL devem exercer, na plenitude, a ação política empresarial, participando do processo decisório em todos os níveis de governo. Na época, defendemos a abertura política, redemocratização, anistia ampla para a volta das franquias democráticas. No campo econômico, pugnamos pela livre iniciativa e concorrência, sem intervenção do governo e economia de mercado. Tudo para a construção de um país politicamente aberto, economicamente viável e sobretudo socialmente justo”, lembra Takahara, que afirma que os modelos políticos adotados pelo país nos últimos anos têm feito as entidades perderem espaço. “Há uma centralização excessiva de força no federal, com enfraquecimento do espírito federativo. Como consequência, os espaços para atuação de entidades classistas são reduzidos. É justo reconhecer o esforço das gestões da ACIL que buscam formas de atuação, com vistas a atender às demandas do setor empresarial e de toda sociedade”, diz.  

Takahara foi sucedido por Edson Heringer, presidente da ACIL entre 1984 a 1985. 

Foi em 1987, na gestão de Igarassu Landucci Louzada (1986/87), que os empresários do setor industrial passaram a fazer parte oficialmente do quadro de associados, fato que fortaleceu ainda mais a representatividade da ACIL.  

Informatização 

Também nessa época começou a informatização dos serviços e começaram a aparecer os cursos e treinamentos. Vieram mais presidentes: Alberto Rapcham (1988/90), João Ibrahim Jabur (1990/92), Farage Kouri (1992/94), Francisco Negri Filho (1994/ 96), Abílio João de Medeiros Júnior (1996/98) e Valter Luiz Orsi, à frente da Associação em duas gestões: de 1998 a 2000 e, depois, de 2014 a 2016. 

Foi na primeira gestão de Orsi como presidente que a ACIL se viu na linha de frente do movimento Pé Vermelho Mãos Limpas, que pedia cassação do então prefeito por improbidade administrativa, fato que aconteceu em junho de 2000. Antes de assumir a cadeira da presidência, Orsi já participava da diretoria da Associação e, para ele, sempre ficou claro que a ACIL funcionava como uma espécie de antessala da Prefeitura, sempre cuidando de assuntos de relevância, do bem-estar da sociedade, melhorias e claro, lidando com alguns conflitos e questionamentos.  

“Ao longo da sua história, todos os presidentes se posicionaram fortemente em alguma ação de defesa e melhoria do município, extrapolando o foco principal no comércio, indústria e no empresário. Sempre vi a participação importante da ACIL no destino da cidade e isso ficou evidente durante o Movimento Pés Vermelhos Mãos Limpas, com a ACIL liderando dezenas de entidades, somando com as outras. É uma entidade que se preocupa com todos os setores e sempre se posiciona”, afirma Orsi. “Nossos presidentes têm independência e liberdade, e, com o passar do tempo, essas características não se perderam. Isso que faz a grandeza da entidade”, comenta.  

Foi na sua gestão que também começaram os movimentos de fundação dos bancos cooperativos. “Esse é um ativo que mostra como é importante uma entidade como a Associação Comercial. De um lado estávamos brigando contra a corrupção e do outro, buscando também o desenvolvimento financeiro”, diz. 

George Hiraiwa, presidente da ACIL entre 2000 e 2002, continuou os esforços para a fundação das primeiras cooperativas de créditos, coisa que aconteceu em 2003, com o Sicoob Londrina, durante a gestão de David Dequêch Neto (2002/04).  

Gestão 

A ACIL continuava a escrever a própria história com José Augusto Rapcham (2004/06), Rubens Benedito Augusto (2006/08), Marcelo Massayuki Cassa (2008/10) e Nivaldo Benvenho (2010/12), que destaca a melhoria na gestão empresarial da própria ACIL. 

De acordo com Benvenho, nos últimos dez anos a ACIL foi capaz de melhorar de modo significativo seus processos, a capacitação da própria equipe e conseguiu formar um time capaz de fazer o enfrentamento das dificuldades que o mercado impõe com mais dinamismo e velocidade. “Isso tem propiciado uma melhora significativa no caixa, o que permite à ACIL continuar fazendo as suas ações como entidade representativa de classe, que luta pela melhora da sociedade de Londrina e toda região”, comenta.  

Para Benvenho, o maior desafio para o associativismo é a interface entre as entidades. “Há dez anos, quando fui presidente, lutamos muito para construir um tecido com uma trama que interligasse as entidades. Um associativismo entre os associativistas, para que essa teia pudesse ter muita força, um apoio mútuo que dá sustentação contra a pressão política, fazendo defesas de pautas importantes para a sociedade. Espero que isso continue evoluindo. A força da ACIL vem da sua capacidade de estar abraçada com as suas coirmãs”, pontua Benvenho, que na linha do tempo foi sucedido por Flávio Montenegro Balan (2012/14), Valter Orsi (2014/16), Claudio Sergio Tedeschi (2016/18) e Fernando Moraes (2019/2021). 

Veio a pandemia e a ACIL, mais uma vez, foi chamada a assumir um papel importante diante de um cenário completamente desconhecido. “A pandemia ressignificou o conceito de tudo aquilo que achávamos que era conhecido e expôs a resiliência que a ACIL possui diante das adversidades”, afirma Fernando Moraes, à frente da entidade na crise provocada pelo Coronavírus. “O equilíbrio foi o principal ingrediente desse período difícil que vivemos”, continua. “Era preciso defender os interesses da classe empresarial e, ao mesmo tempo, zelar pela saúde e bem estar da cidade como um todo. A entidade se mostrou protagonista, lutou, criou estratégias para ajudar o empresário a não interromper suas vendas mesmo estando de portas fechadas, atuou ao lado do Poder Público para equipar os serviços de saúde. Este sempre foi e continuará sendo o propósito da ACIL, trabalhar pela coletividade”, diz Moraes. 

Para ele, muitos dos novos caminhos em construção só serão possíveis através do associativismo. “Agir coletivamente é a forma mais eficiente de se encontrar soluções, especialmente em um futuro que passará, certamente, por novas mudanças. A ACIL é modelo de associativismo. É a mola propulsora para essa visão de futuro. É uma entidade que é fiel à sua origem e tradição, porém, a cada dia inova e se atualiza para acompanhar as necessidades do mercado, das empresas e de Londrina”, ressalta. 

Excelência 

Coletividade é a palavra que continua a definir o propósito da existência da ACIL. Hoje, a entidade se apresenta mais moderna, capaz de transformar a realidade dos seus associados e mira no digital para continuar a cumprir seu papel com entrega de excelência. Marcia Manfrin é a primeira mulher a presidir a ACIL e afirma que, ao longo desses 85 anos, a entidade tem sido protagonista das principais ações estratégicas para construção do desenvolvimento econômico da Cidade.  

“Grandes homens lideraram a ACIL ao longo desse tempo. Atravessamos nos últimos anos situações de alto impacto na economia, no desenvolvimento e nas relações humanas. A pandemia antecipou o desenvolvimento tecnológico que poderia demorar alguns anos para chegar, encurtando distâncias e nos fazendo repensar modelos de negócios. Surge então nesse novo contexto a necessidade de repensarmos o futuro estratégico de nossas empresas. A ACIL vem se destacando nesse cenário, empunhando a bandeira da inovação com projetos sustentáveis, gerando valor aos seus associados”, revela.  

O objetivo é se aproximar cada vez mais do setor produtivo com um planejamento estratégico que a presidente considera audacioso e inovador, capaz de impactar a sociedade empresarial londrinense com solidez, reputação e coragem, criando assim uma perspectiva de valor para uma cidade que seja referência para o Brasil. 

“Percorremos um grande caminho até aqui. Um mandato democrático, com senso de pertencimento, pessoas engajadas e o olhar focado no desenvolvimento econômico”, comenta. “A responsabilidade e o compromisso que nos fez abraçar essa causa seguem em nosso coração, vibrando e não medindo esforços por esta tão extraordinária instituição chamada ACIL”, completa Marcia Manfrin. 

Tecnologia 

A entidade encara os 85 anos voltada para o digital e disposta a oferecer todas as ferramentas necessárias para que os associados possam promover uma transformação tecnológica nas próprias empresas.  
De acordo com Sheila Dal Ry, diretora de Serviços da entidade, “a ACIL está à frente disso porque entendemos a necessidade de que a comunicação e interação entre os associados e a Associação deve ser cada vez mais ágil. A ajuda vem através de uma pauta inovadora, com conteúdo, informações, palestras e eventos que mostram ao empresário como fazer a transformação digital, como se relacionar, fidelizar o cliente e se fortalecer no mercado”, enfatiza.  

Em breve, um novo portal deve estrear na internet como símbolo dessa ACIL moderna. “Um espaço digital mais intuitivo, com conteúdos centralizados, que poderão ser usados de base para consultas, informações e inspirações. O canal será de relacionamentos entre os associados, com foco no nosso cliente. Uma oportunidade de estabelecer parcerias com muita informação para tomadas de decisões que possam fortalecer cada vez mais as empresas”, diz.


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