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Desunião prejudica o setor do vestuário no Paraná




Fonte: Gazeta do Povo

 

A falta de união entre os integrantes da indústria paranaense do vestuário paranaense tem jogado contra os interesses das empresas locais. A reclamação é dos próprios representantes do setor, que avaliam que a falta de alianças estratégicas dentro do estado tornam o peso da concorrência, que é mundial, ainda mais difícil de suportar. Se, por um lado, a ameaça vem da China e de estados mais organizados, o clima de “cada um por si” dentro do Paraná também não ajuda. O setor também sente falta de um lobby mais ativo no Congresso. Considera-se abandonado quando comparado a grandes indústrias nacionais, que vêm conseguindo incentivos fiscais no desenrolar da crise.

 

Após o encerramento do último Paraná Business Collection, no fim de maio, em Curitiba, alguns participantes apontaram como sintoma da desunião local a ausência do principal polo produtor do estado: a região de Cianorte, no Norte paranaense. Empresários e representantes dizem que falta à indústria daqui a mesma unidade que deu força a quem produz moda em Minas Gerais e São Paulo, dois dos principais concorrentes do Paraná.

 

 

Na avaliação do estilista e proprietário da Sexxes, Júnior Gabardo, as empresas paranaenses do vestuário estão bem sustentadas, com o apoio de entidades como Sebrae e Senai, mas ainda precisam se organizar como grupo para serem mais competitivas. “Hoje o mercado demanda parcerias para trazer mais competitividade. Acho que está faltando união para competir, para agredir os outros mercados”, diz Gabardo.

 

Um exemplo citado por ele, cuja empresa está no mercado há mais de dez anos, é a organização do setor em São Paulo, onde as empresas locais conseguem realizar feiras, como a de Americana, bancadas com dinheiro próprio. “É uma atitude simples, que deveria ser natural, mas não é no Paraná. Eles já saem com diferencial competitivo de custos para esses eventos. Nós, mesmo com tantos empregos formais e informais, não temos articulação necessária para fortalecer medidas conjuntas”, diz.

 

Avaliação diferente

 

O coordenador do Conselho Setorial do Vestuário da Federação das Indústrias (Fiep), Marcos Tadeu Koslovski, discorda e diz que o estado tem uma unidade fortalecida, apesar de admitir que as regiões Norte e Sudoeste do Paraná “têm uma estratégia em comum. ”Cianorte tem um arranjo produtivo local considerado “case de sucesso” no setor de confecções, segundo Koslovski, que também preside o Sindicato da Indústria do Vestuário do Paraná (Sivepar).

 

Questionado sobre a ausência de boa parte das empresas do interior no Paraná Business Collection, Koslovski prefere fazer outra avaliação. Neste ano, diz ele, o evento contou com menos empresas, mas com maior volume de negócios fechados e prospectados. “No ano passado 36 empresas chegaram à cifra de R$ 4 milhões, enquanto agora 25 empresas reuniram R$ 5 milhões. Isso indica que o estado está fazendo um trabalho firme e positivo na alavancagem do mercado têxtil e de vestuário”, disse.

 

Falta pressão

 

Segundo o coordenador do programa de vestuário do Sebrae-PR, Edvaldo Correa, quem está sentindo mais a força da crise são as empresas que trabalham com commodities, mais concentradas no Centro-Sul do estado. Mas ele destaca que é preciso haver esforço conjunto também em Brasília. “Falta pressão. Temos lideranças setoriais, mas sem abrangência para chegar na Dilma [Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata à presidência em 2010] e dizer: ‘ministra, nós somos o segundo setor que mais emprega no Paraná e nossa pauta é essa’.”

 

“Temos a segunda indústria que mais emprega, mas também deve ser o setor que mais abre e fecha as portas, porque não aguenta trabalhar muito tempo”, dispara Irit Czerny, proprietária da indústria de malhas curitibana Lafort. De acordo com ela, desde 2007 não há linhas de financiamento para a indústria têxtil. “Não há mais recursos do FAT, e nada do PAC. Se eu precisar construir uma unidade mais modernizada, com melhor gestão de energia e uso de água, por exemplo, eu não consigo”, diz.

 

O setor do vestuário é o segundo que mais emprega no Paraná, somando 95 mil empregos formais – com estimativas sobre informais que vão até 190 mil. “O sentimento é que o governo trata a micro e pequenas empresas como se fossem informais, e que só dá atenção para as multinacionais. Quem não é grande não tem representação”, diz Irit. “Nosso sindicato é forte, mas para chegar em Brasília e mudar a legislação ainda está muito longe.”

 

André Lückman para Gazeta do Povo

 


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