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Dica Empresarial: O profissional que o mercado quer

Fonte: Michelle Aligleri – Revista Mercado em Foco/ACIL

Foi-se o tempo em que concluir um curso superior garantia um bom emprego. O conhecimento técnico era almejado pelos jovens e abria portas para o mercado. Mas o cenário mudou e muito. As empresas já não trabalham da mesma forma, se antes a palavra que ditava as regras era “competição”, hoje o termo é “parceria”. As empresas buscam pontos de apoio para se complementar e assim se fortalecem.

Também houve mudanças no formato do consumo. Antes o cliente aceitava o produto que estivesse disponível, agora ele busca experiências com as marcas e consome aquelas com as quais mais se identifica. Neste cenário que mudou de forma tão rápida e intensa, foi natural a atualização das competências desejadas pelas empresas na hora de fazer as contratações de seus colaboradores. Quem constrói a empresa precisa compartilhar dos mesmos valores que ela.

Há alguns anos o curso superior bastava para conquistar uma vaga administrativa. Hoje ele é um pré-requisito que, ao lado de habilidades como inteligência emocional e valores alinhados com os da empresa fazem toda a diferença na contratação e manutenção do emprego. Vanessa Moreira, gerente de recrutamento e seleção da Labor Trabalho Temporário, destaca que as empresas buscam alguém que abrace seus projetos com responsabilidade e motivação. “Além da formação acadêmica, é preciso ter habilidade para se comunicar bem, espírito de equipe e resiliência para lidar com as situações de crise sem desanimar”, aponta. Segundo ela, os candidatos proativos, comprometidos e que têm visão estratégica saem na frente na disputa por uma vaga. “Mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico as empresas ainda focam no perfil comportamental”, garante.

Conforme Françoise Flores Zanoni, advogada trabalhista da RHF Talentos, para algumas empresas, a boa convivência entre os colaboradores é mais importante do que as habilidades. Até porque se por um lado é possível oferecer cursos e treinamentos para que o colaborador adquira técnica e conhecimentos necessários para realizar uma tarefa, por outro é difícil moldar o temperamento de uma pessoa apenas com orientações da instituição. 

Na busca da melhor pessoa para ocupar uma vaga, o papel do gestor e da equipe de Recursos Humanos é identificar o perfil do cargo e dos candidatos interessados. Para Françoise, um colaborador que não está de acordo com a vaga desestrutura a equipe e isso influencia na empresa como um todo. Ela orienta que os empresários busquem colaboradores que mantenham saúde no clima organizacional. “O candidato diferenciado é o mais humano e pró-ativo. É preciso ter criatividade, vontade e tornar o ambiente de trabalho agradável”, aconselha.

Adaptação à cultura da empresa

O comportamento dos colaboradores na execução do seu trabalho é um dos fatores que interfere na cultura organizacional. Segundo Dayane Lucas, psicóloga de Recursos Humanos da Admita RH, um grande desafio é encontrar profissionais que estejam dispostos a se adequar à cultura da empresa. “A gente vive um momento em que as pessoas acreditam que as empresas devem aceitá-las como são e isso acontece especialmente entre os profissionais mais jovens. É preciso rever esta postura”, alerta.

 

Ela acrescenta que, apesar de chegarem ao mercado com uma base teórica muito boa e até um currículo adequado, estes candidatos não têm vivência e muitas vezes o comportamento não está de acordo com as expectativas da empresa. “Vemos casos de pessoas que se recusam a tirar a barba ou o piercing quando entram em uma empresa. Muitos não passam da experiência por conta da questão comportamental”, destaca a psicóloga da Admita RH. Ela orienta que os candidatos que estão à procura de uma oportunidade, fortaleçam de forma constante a sua capacidade de lidar com as próprias emoções e sentimentos, bem como com os das pessoas ao seu redor.

 

Cada vez mais as empresas estão buscando identificar no processo de seleção o perfil comportamental dos candidatos para identificar se é compatível com o estilo de gestão da empresa. “Ir além do seu trabalho e sair da sua zona de conforto são qualidades muito bem recebidas atualmente”, ressalta Vanessa, da Labor.

De acordo com Nelson Aparecido Barizon, diretor da Admita Recursos Humanos, há vinte anos era interessante que os candidatos a cargos administrativos tivessem o segundo grau completo, hoje o curso superior é básico para as mesmas vagas. Com tantas mudanças irreversíveis, os empregos e o nível de exigência das empresas nunca mais serão os mesmos. Ele arrisca dizer que as pessoas que não estão voltadas para a tecnologia, estão fora do mercado. “É preciso acompanhar o desenvolvimento tecnológico e nesta área tudo acontece muito rápido”, afirma. Ele acrescenta que, apesar da tecnologia ser ágil, uma característica que atrapalha especialmente os candidatos mais novos é o imediatismo. “As pessoas querem resultado tão logo termine a experiência e não é assim. É preciso manter o foco, buscar conhecimento e dar um tempo”, orienta.

Françoise afirma que uma característica comum nos profissionais que estão entrando agora no mercado de trabalho é o egoísmo. “Muitos deles pensam nas empresas como uma forma de satisfazer suas necessidades, mesmo que seja temporariamente. Eles não desejam criar uma carreira de trabalho. Mesmo sabendo que em alguns anos muitas profissões serão extintas, poucos são os que se dispõem a criar algo novo”, complementa.

A crise econômica que resultou em muitas demissões nos últimos anos, colocou inúmeras pessoas qualificadas à disposição do mercado, o que dá às empresas condições de escolher profissionais que mais se adéquam às suas necessidades.  Conforme Dayane, já foi o tempo em que as empresas buscavam profissionais especialistas, hoje o foco está nos generalistas. “Percebeu-se a necessidade dos setores trabalharem juntos. Hoje, quem está no RH precisa entender de logística, do processo de produção e de marketing”, exemplifica.  

Solange Rabelo, diretora da agência Alternativa Empregos, também defende a ideia de que as empresas buscam profissionais que sejam “multi”.  “Não se deseja uma pessoa que fique limitada a uma função, as empresas buscam pessoas que querem aprender outras coisas para crescer”, garante. “Promoção não se ganha, se conquista”, complementa.

Pequenas empresas

Os cases de sucesso das grandes empresas, estudados à exaustão em diferentes aulas de diversos cursos superiores, encantam os alunos. Vanessa acredita que este fator faz com que muitos jovens profissionais saiam das instituições de ensino em busca do emprego dos sonhos e se recusem a trabalhar em pequenas empresas. “Nós, recrutadores, temos a responsabilidade de mostrar que uma carreira pode ser construída em diferentes tipos de empresas. As pessoas precisam criar as suas próprias oportunidades”, conclui.

Dayane, que também identifica este comportamento na agência, destaca que atualmente há excelentes empresas de pequeno e médio porte para se trabalhar em Londrina e na região. Esta realidade também é vivenciada por Solange, que orienta sobre melhoria contínua e a conquista do próprio espaço. “Às vezes os candidatos não valorizam as pequenas empresas e nós percebemos que muitas pessoas pedem demissão porque não veem possibilidade de crescimento. Mas quem está trabalhando precisa investir em si, fazer cursos e mostrar seu potencial para a empresa. Se a pessoa não investe nela, que empresa vai querer investir?”, questiona.


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