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Diversidade etária: um potencializador de equipes

Fonte: Tamiris Anunciação – Revista Mercado em Foco/ACIL

Um dos significados da palavra "diversidade" no dicionário é "multiplicidade", palavra que, por sua vez, se refere ao caráter de coisas variadas, plurais e multifacetadas. Uma empresa que preza pela diversidade em todos os sentidos, só tende a ganhar.   

Um estudo recente realizado pelo grupo BCG (Boston Consulting Group), empresa de consultoria empresarial fundada pelo americano Bruce Henderson e uma das três empresas de consultoria estratégica de maior receita no mundo e boa reputação, aponta que negócios com diversidade acima da média em suas equipes de gestão tiveram 45% da receita atrelada a venda de produtos inovadores, resultando em margens de lucro cerca de 10% mais altas. 

A diversidade genuína dentro dos negócios tem o potencial de ser um catalisador de inovação e rentabilidade. Como destaca a jornalista e diretora da CRCOM Comunicação Empresarial, Cláudia Romariz: “Os estudos também apontam que times diversos fortalecem a resiliência das companhias. Estimular a diversidade e mudar o padrão praticado há séculos podem tornar as empresas mais lucrativas e iniciar um novo ciclo de crescimento das economias.” 

O levantamento feito pelo grupo BCG foi feito com mais de 1,7 mil empresas em oito países diferentes, inclusive o Brasil. Foram comparados os percentuais de receita das companhias nos últimos três anos e considerados aspectos como sexo, nacionalidade, raça, educação e  idade.  

Benefícios  

A diversidade etária, além de ser um dos temas pautados pela bandeira da pluralidade dentro das organizações, é um aspecto que encontra bastante resistência. Enquanto profissionais, muito jovens podem ser desqualificados pela falta de experiência profissional e, por isso, entram em descrédito. Profissionais com mais de 50 anos são discriminados pela idade, principalmente quando a vaga exige domínio da tecnologia, mesmo com experiência de sobra.  

O preconceito com o público 50+ cria obstáculos desnecessários nos caminhos para o sucesso das empresas, que deveriam estar abertas para a formação de um time diverso, inclusivo, multigeracional e de alto nível. Profissionais de diferentes idades têm, naturalmente, diferentes vivências, experiências e formas de enxergar o mundo. As habilidades se complementam e essa soma se converte em resultados. 

Para Cláudia Romariz, sair da “bolha” abre novas visões e perspectivas para as empresas. “Como vamos entender o que a sociedade precisa, como poderemos interagir com o que queremos vender, como conseguiremos estabelecer qualidade no atendimento se não formos capazes de vivenciar verdadeiramente a realidade e as demandas dos consumidores que são diversos?”, pontua. 

Profissionais com mais de 50 anos, em geral, são profissionais que carregam consigo experiência, história de vida e muitos aprendizados. O RH (Recursos Humanos) das empresas precisam estar atentos ao potencial desse público e pensar formas de mostrar para as diretorias e gestores que toda pessoa pode somar ao crescimento da empresa, destacando todas as formas que um colaborador com mais de 50 anos pode contribuir, para além de sua especialidade. 

Vânia Virgínia Motta Bigas é diretora executiva da FOCSI, empresa especializada na prestação de serviços de recrutamento e seleção de profissionais. Para ela, um bom profissional não tem idade. “Temos bons profissionais em todas as idades. Na hora do recrutamento, o que precisamos levar em conta são os conhecimentos técnicos e os resultados que os profissionais possuem. Observamos suas expectativas diante do mercado de trabalho atual e futuras e verificamos o enquadramento deste profissional dentro das especificações da vaga e da cultura da empresa.” 

A diretora da FOCSI também explica que profissionais 50+ já possuem, em muitos casos, a senioridade que determinadas vagas exigem, tornando a contratação ainda mais vantajosa. “Argumentamos com a empresa que, caso ela tenha urgência na vaga e o perfil seja sênior, para ensinar um novo colaborador sem ou com pouca experiência pode ser mais custoso e demorado, o que exigirá paciência para que este profissional chegue ao nível desejado. Já o profissional 50+ tem a senioridade necessária”, esclarece.  

Limitações 

 Assim como todo processo de recrutamento, a seleção de profissionais com mais de 50 anos impõe limitações. Mas, diferente do que se possa imaginar, não tem a ver com as habilidades tecnológicas ou com a faixa etária. A mesma dificuldade tecnológica que pessoas mais velhas possam ter, também existe para alguns profissionais mais jovens.  

“Muitos 50+ estão buscando atualizações e aperfeiçoamentos não só tecnológicos como acadêmicos. Mas outro limitador são as faixas salariais. Profissionais 50+ são experientes, conseguiram atingir certa estabilidade e status profissional, e desejam manter os mesmos”, afirma a especialista em recrutamento e seleção.  

O RH tem um papel fundamental na implementação de estratégias que mostrem a importância do tema diversidade e diversidade etária dentro das organizações. Mas, muitas vezes, não tem autonomia necessária para interferir nas solicitações que vêm dos gerentes de setores e se torna necessário um trabalho de mudança cultural na empresa. 

Propósitos 

O primeiro passo é querer genuinamente implementar mudanças e incluir a diversidade etária como um dos propósitos culturais da empresa. “O discurso precisa permear o olhar e as ações da liderança, fomentando a discussão e o debate entre os colaboradores, criando a sinergia necessária para que todos possam estar preparados para a diversidade”, afirma Cláudia Romariz. 

Discurso e prática precisam estar muito bem alinhados para que as estratégias que investem na diversidade funcionem e criem efetivamente um ambiente plural e positivo, estimulando a inovação e o desenvolvimento de novos projetos internos e externos, para obter ganhos e construção de reputação. 

“Pessoas com mais idade têm uma vivência e uma percepção de mundo mais desenvolvida sob o ponto de vista das relações humanas. Elas só irão compartilhar e sugerir se sentirem ambiente para isso. Não se trata de ser diverso para a representação nos indicadores da governança corporativa”, pontua Cláudia Romariz. 

Liderança disposta, cultura da empresa aberta à diversidade, time preparado – é hora de colher os frutos de uma equipe com gerações diferentes trabalhando juntas. “A diversidade contribui para o enriquecimento de ideias e opiniões, inovações de processos, melhoria na comunicação entre as equipes, aumento do respeito com as pessoas e suas escolhas, engajamento, ambiente de trabalho acolhedor e alegre e outros inúmeros benefícios que poderíamos elencar”, complementa Vânia Virgínia Motta Bigas. 


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