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Elas vieram pra somar

Fonte: Marco Feltrin – Revista Mercado em Foco/ACIL

Produtividade e eficiência. Dois termos que soam quase como um mantra na linha de trabalho de qualquer empresa, independente do porte. Tecnologias cada vez mais avançadas surgem como aliadas para melhorar os resultados, reduzir custos e impulsionar os negócios.

No caso da CGE Engenharia, administradora de obras há 25 anos no mercado, o “pulo do gato” veio em 2016, com a implantação de uma tecnologia de pré-moldados de concreto, estruturas que se encaixam e permitem uma execução de obra muito mais rápida com resultados mais precisos.

“Ganhamos em velocidade de execução, qualidade geométrica de prumo, esquadro e nível muito melhor. Você ganha de 7 a 8 meses, com uma redução acentuada na mão-de-obra. Precisamos de 13 pessoas para construir um prédio de 5 mil metros quadrados, enquanto a construção padrão exigiria em média 70 funcionários”, relata o engenheiro civil e sócio-proprietário Gerson Guariente.

Em relação ao custo, a diferença é cerca de 3% superior à construção convencional, compensada pelo fato da obra ser entregue com maior antecedência e segurança. “Na estrutura pré-moldada, com o projeto pronto, já sei o que vou gastar. Na convencional, o custo muda todo dia. Muda o preço do cimento, do concreto. Outro fator é a menor exposição ao risco. A incidência de acidentes de trabalho está diretamente relacionada à quantidade de gente que você tem no canteiro”, aponta.

Antes de adotar a tecnologia, no entanto, Guariente conta que foi necessária toda uma fundamentação técnica. “Tudo precisa ser testado e aprovado. A gente revisou a parte conceitual, verificou o controle tecnológico até certificar que o produto era confiável. Não dá para ser cobaia de produtos que não tenham certificação de qualidade e comprovação técnica”.

Para o consultor de negócios do Sebrae, Rubens Negrão, a automação surge como ferramenta imprescindível para o ganho de competitividade. Antes disso, é preciso quebrar a resistência de que inovação é algo distante e necessariamente de alto custo. “Existe um receio em adotar estas práticas e não conseguir acompanhar. Por isso é importante se lançar, pular do trampolim. Mergulhar com a ajuda de um consultor, buscar capacitação. Depois que ele experimenta essa facilidade, abre um novo horizonte, ele passa a produzir mais, atender novos clientes, além de chegar a uma garantia de padrão de qualidade no produto”, observa Negrão.

Outra preocupação está relacionada à mão-de-obra. Quando o empresário adquire máquinas, automatiza etapas e ganha produtividade, muitas vezes isso é diretamente ligado à dispensa de trabalhadores. O consultor do Sebrae aponta um caminho contrário. “Vai qualificar a mão-de-obra. Existe uma barreira dentro da equipe, muitas vezes a gente ouve: ‘Isso aí, na hora que quebrar, quero ver quem vai arrumar’. Mas depois o próprio colaborador percebe o tamanho da solução para o processo da empresa, aí vira a chave”.

Inspiração para inovar

Gilvanio Araújo começou a trabalhar com marcenaria aos 12 anos. Duas décadas depois, resolveu montar a própria fábrica, a Marrom Móveis. Tinha apenas um funcionário e quatro máquinas simples, de pequeno porte. A inspiração para inovar e crescer veio da visão empresarial que teve no emprego anterior. “Quando saí, três meses depois comprei uma seccionadora. Trabalhei oito anos na outra empresa e eles não tinham investido nessa máquina, que faz corte a laser, com muito mais precisão. Consegui triplicar a produção e em cinco anos já recuperei o investimento”.

Além do maquinário, também é preciso investir nas pessoas. A empresa que fabrica móveis de alto padrão conta hoje com um quadro de 27 funcionários. “Temos nove equipes de produção formadas praticamente ali dentro da fábrica. Marceneiros que começaram como ajudantes e foram ganhando oportunidades. O acabamento final da obra na casa do cliente traz a perfeição que ele exige. A máquina é essencial para dar velocidade e produtividade, mas se não tiver mão-de-obra especializada lá na ponta não adianta”, conclui o empresário.

Um programa piloto realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) com 43 empresas de 24 estados brasileiros, mostrou que as novas tecnologias digitais da chamada indústria 4.0 aumentam em 22% a produtividade de micro, pequenas e médias empresas.

Para o doutor em Engenharia Elétrica e coordenador de curso no Senai, Vicente de Lima Gongora, ferramentas de sensoriamento, computação em nuvem e internet das coisas trazem uma gama gigantesca de possibilidades para as empresas, desde a identificação das preferências do consumidor até controle de qualidade.

“Aqui no Senai foi desenvolvido junto com os alunos um bot (aplicação de software) de inteligência artificial que identifica se uma peça tem defeito ou não ainda na hora da produção. Você programa uma quantidade de peças e o movimento do robô traz indicadores de manutenção industrial, tempo médio entre falhas, quantidade de peças com problema, tempo de reparo. Para uma pequena empresa, identificar o defeito e descartar a peça antes dela terminar de ser produzida traz um ganho enorme.”

Gongora acredita que a sinergia das demandas de fábrica com a pesquisa e desenvolvimento na academia será responsável por resultados significativos na indústria 4.0. “Unir teoria e prática em uma aprendizagem baseada em situações-problemas nas quais nossos alunos desenvolvem as soluções realizáveis no mercado. Londrina é genial, unindo várias expertises e muitas são as governanças atuantes, ousadas, que pensam em revolucionar e atrair talentos para a nossa cidade”, completa.

Cultura de inovação

Para inovar, não basta uma empresa apenas investir em tecnologia de ponta ou mudanças bruscas de processos. Também é preciso que a cultura da organização esteja voltada para o espírito de inovação.

Um exemplo é a Apetit, empresa de alimentação corporativa instalada em Londrina desde 1989 e que hoje conta com mais de 2 mil colaboradores em restaurantes por todo o país.

Nos últimos dois anos, a empresa esteve ranqueada entre as campeãs de inovação na região Sul do Brasil pela revista Amanhã, fruto do trabalho de conceitos dentro da organização. “Temos um canal de recebimento de ideias e projetos, com colaboradores envolvidos no processo, com autonomia para dar sugestões. Existe uma área que centraliza este processo, avalia as demandas, confere a viabilidade e acompanha a implantação. Essas pessoas são peças fundamentais nesse processo de inovação”, observa o Project Manager Officer da Apetit, Gabriel Soares Bonfim.

O DNA arrojado da empresa também facilita o ambiente inovador e colabora para a implantação desta cultura. “Não somos engessados. A companhia entende que precisa evoluir e que, para evoluir, precisa mudar. Essa cultura vem sendo trabalhada constantemente para que a equipe entenda que a mudança é positiva, quebre esse mindset e faça parte de um processo de evolução. Cultura nada mais é do que os hábitos que um coletivo toma por si e faz o processo por rotina. Quando vê, está fazendo por intuição. Nós propomos desafios, sempre instigando a fazer diferente, melhorar. Com o tempo, os colaboradores trabalham essa mentalidade para trazerem sugestões sem precisarem ser instigados”, completa o PMO da Apetit.


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