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Empresas desafiam ”fantasma da crise” e sustentam investimentos

Fernando Scheller e Isabelle Moreira Lima – Do G1, em São Paulo

O fantasma que assombra a economia mundial não assusta a todos.

 

Algumas grandes empresas insistem que o mercado brasileiro vai
recompensar quem mantiver os investimentos.

 

Para esses empresários, a crise não é motivo para dar passos para
trás, interromper projetos, perder a chance de uma eventual
retomada.

Em 2009, de acordo com o Fundo
Monetário Internacional
(FMI), a economia mundial deve
crescer 0,5% – o Brasil, segundo o Fundo, deve ter expansão de
1,8%. A instituição prevê que o crescimento do Brasil seja de
3,5% no ano que vem, bem acima de países como EUA (1,6%), Rússia
(1,3%), Grã-Bretanha (0,2%) e Japão (0,6%). 

 

Entusiasmo na embalagem

Para demonstrar o entusiasmo com o mercado brasileiro, a gigante
Unilever, fabricante do sabão em pó líder no Brasil – o Omo, com
74% de participação no mercado -, vai colocar a frase “A gente
anda, o Brasil anda” nas embalagens do produto a partir de maio.
Por dia, são vendidas 1 milhão de unidades do Omo, de acordo com
a companhia.

 

Apesar da crise, a empresa diz que vai manter o plano estratégico
de investimentos até 2012 no país – o Brasil é o terceiro maior
mercado da Unilever para o mundo, atrás somente de Estados
Unidos e Inglaterra, com faturamento de R$ 9,7 bilhões em 2007.
Atualmente, a companhia tem 12 fábricas no país e emprega cerca
de 12 mil pessoas. 

 

Gigante americano

A multinacional norte-americana Wal-Mart também está entre as
empresas otimistas com o mercado nacional. Para o presidente da
rede no Brasil, Hector Nuñez, o momento econômico do Brasil é
diferente de tudo o que há no resto no mundo.

“O que nós conhecemos como crise no mundo não está
acontecendo no Brasil. Isso eu posso afirmar. (…) Mas que nós
vamos passar por momentos turbulentos, pode ser que sim. Mas
nada perto do que estão sentindo os desenvolvidos”, afirma. “Nós
[Wal-Mart] estamos no mesmo ritmo de vendas do ano passado,
antes da crise global.”

Segundo Nuñez nenhum plano do Wal-Mart no Brasil
foi alterado. “Nós anunciamos em agosto do ano passado, com o
presidente Lula, o nosso plano de expansão. Vamos investir R$
1,8 bilhão. Os planos continuam ativos. Vamos investir valores e
vamos abrir lojas.” 

 

Doces

Outra empresa que trabalha com expectativas otimistas é a Kraft
Foods, que pretende aumentar suas vendas na Páscoa em relação ao
ano passado com a marca Lacta.

 

Para isso, a empresa contratou 6,1 mil funcionários temporários
para trabalhar nos pontos de venda no período, auxiliando o
consumidor na compra do chocolate – são 600 pessoas a mais do
que no ano passado.

De acordo com o gerente de Páscoa da Lacta, Bruno
Zanetti, um quarto do faturamento da indústria de chocolates se
concentra nesta época do ano. Segundo ele, o Brasil é um “país
prioritário” dentro da estratégia de crescimento da Kraft. “[A
crise] não mudou os nossos planos”, ressalta ele. 

 

Imóveis

A Sotheby’s Realty, que atua no mercado imobiliário, abrirá em
março e abril novos escritórios no Rio de Janeiro, em Natal e em
Campo Grande, exclusivamente dedicado ao agronegócio.

 

Isso resultará na incorporação de cem novos profissionais – entre
contratados e prestadores de serviço -, com o objetivo de
aumentar a participação da empresa no mercado de imóveis de luxo
no país. 

Para ganhar competitividade, além de oferecer
imóveis que já estão no mercado, a Sotheby’s também aumentará o
número de empreendimentos próprios, que terão financiamento
pré-aprovado a partir deste mês.

 

Isso vai facilitar a venda das unidades, segundo o  diretor da
empresa, Fábio Rossi, que descreve o Brasil “como o primeiro
mercado para imóveis entre os países emergentes”.

Além de trazer os clientes externos para o Brasil,
a queda do preço dos imóveis nos Estados Unidos também está
incentivando o movimento contrário: a oferta de oportunidades de
compra de imóveis em território americano, especialmente na
Flórida e em Nova York, para clientes brasileiros. 

 

Consumo e desemprego

Para o economista Miguel Daoud, da consultoria Global Financial
Advisor, o investimento em empresas que focam o mercado interno
faz sentido, considerado o mercado interno.

 

“Apesar do aumento no nível de desemprego, o mercado interno
está em parte alheio a esta crise”, diz ele, lembrando que
a quantidade os investimentos pode até diminuir, mas em patamar
inferior ao de outros países. 

Ele diz que o mercado brasileiro tem muitos
“carentes de consumo” em uma população de quase 200
milhões de pessoas. “E o Brasil ainda tem um certo
protecionismo. Portanto, o nosso mercado interno não vai estar
muito exposto”, ressalta.

Para o diretor do Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, o sentimento das
empresas sobre a situação econômica do Brasil pode ser uma
“sensação relativa”.

 

Francini afirma que ser otimista sobre a crise pode ser uma
postura “exagerada”. “Otimismo eu acho uma palavra um pouco
forte para mostrar a crise que se desenrola.”


Francini acha que a crise não é passado no Brasil
e que ainda pode se refletir no emprego. “Em países que já estão
sofrendo há mais tempo, tem uma hora que bate no emprego. Veja o
que está acontecendo no emprego na Europa, na China, nos Estados
Unidos. Em todos os lugares, [a crise] chega no emprego. Nós não
escaparemos disso.”

 

Fonte: G1


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