Alex Ribeiro, de Brasília
A crise financeira mundial já traz mudanças nos investimentos estrangeiros diretos ao Brasil e apontam uma nova tendência. Ganham força setores ligados à demanda doméstica, como indústria alimentícia, comércio, construção civil e infraestrutura, além de extração de petróleo. Perdem espaço os setores exportadores, como mineração.
O Banco Central (BC) refez a sondagem com empresas para verificar como ficarão os fluxos de investimentos neste ano de crise. Uma das conclusões é que o fluxo deverá ficar em US$ 25 bilhões em 2009, 45% menor que o do ano passado. Ainda assim, ficará acima da média observada desde o início do Plano Real, em 1994.
O BC espera que em 2009 haja a retomada dos investimentos ligados a fusões e aquisições de empresas. Nos últimos dois anos, o Brasil se distinguiu porque 70% dos investimentos foram dirigidos a setores considerados “green field”, ou seja, operações que começam do zero, como a construção de novas fábricas. No resto do mundo, dois terços dos investimentos são dirigidos para a compra de empresas.
Dois setores foram severamente afetados pela crise financeira: o automotivo e o financeiro. No caso da indústria automobilística, os fluxos caíram bastante – foram apenas 2,7% dos ingressos brutos – e a sondagem indica que não haverá recuperação no curto prazo. Para a área financeira, porém, as perspectivas são menos desoladoras, já que os bancos brasileiros são sólidos e lucrativos.
Nos últimos anos, os investimentos diretos vinham mostrando resistência às crises internacionais. Em 1998, por exemplo, quando o Brasil sofreu os efeitos da quebra das economias asiáticas e da moratória russa, os investimentos cresceram 52%, para US$ 29 bilhões.
“Os investimentos estão ligados à capacidade de crescimento de longo prazo” afirma Luis Afonso Lima, da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet). “Mas essa crise provocou um forte restrição de liquidez.”
Os investimentos brasileiros no exterior também devem sofrer retração, depois de terem chegado a um pico de R$ 20,457 bilhões em 2008. Com a desaceleração da economia mundial, as empresas exportadoras, as que mais investiam, adiam seus planos.
Fonte: Valor Econômico
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