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Investimento externo é recorde para maio

Fonte: O Estado de São Paulo

 

O fluxo de investimento estrangeiro no Brasil manteve sua recuperação e voltou a patamares observados antes do agravamento da crise, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. As contas externas do país, por outro lado, voltaram a apresentar saldo negativo em maio, depois de terem registrado, em abril, o primeiro superávit em 18 meses.

 

Os números: no mês passado, o investimento estrangeiro no setor produtivo -aquisição de empresas e expansão de unidades já instaladas no país- somou US$ 2,483 bilhões, o mais alto já registrado num mês de maio desde o início da série estatística do BC, em 1947. O fluxo de recursos externos para a Bovespa, por sua vez, foi de US$ 2,527 bilhões, o mais alto desde abril do ano passado.

Já a conta de transações correntes -que registra todas as negociações de bens e serviços com outros países- voltou à sua tendência de déficit e ficou negativa em US$ 1,738 bilhão, uma piora em relação ao superávit de US$ 146 milhões de abril. Nos primeiros cinco meses do ano, o saldo negativo fica em US$ 6,612 bilhões.

 

Isso significa que, se somados os fluxos de capital externo apurados em operações como exportações, importações, pagamento de juros da dívida externa, remessas de lucros ao exterior e gastos com viagens internacionais, o resultado ainda é negativo, ou seja, a saída de dólares supera a entrada -daí o déficit em transações correntes.

 

Por outro lado, esse déficit é compensado pela entrada de investimentos estrangeiros, especialmente aqueles direcionados ao setor produtivo, que costumam ser feitos por empresas que buscam, no longo prazo, ter lucro com suas operações no Brasil. Entre janeiro e maio, essas aplicações somaram US$ 11,234 bilhões, valor que compensa parcialmente o saldo negativo em transações correntes observado no período.

 

O economista Luís Afonso Lima, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), diz que o fluxo de investimentos diretos tem sido uma "boa surpresa" neste ano. "Estamos vendo um resultado que, num momento como o atual, não é pouca coisa", afirma.

 

Lima ressalta também a mudança no perfil desses investimentos como algo positivo, já que no ano o volume de recursos aplicado na indústria tem superado setores que normalmente atraem mais aplicações externas, como o de serviços.

Entre janeiro e maio, o segmento que mais recebeu investimentos estrangeiros foi o automotivo, com um total de US$ 1,960 bilhão. "Apesar das dificuldades, é um setor que, no Brasil, tem muito mais potencial para crescer do que nos países desenvolvidos", afirma.

 

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, também vê nas aplicações estrangeiras no mercado financeiro doméstico, por meio tanto da compra de ações quanto de títulos de renda fixa, um sinal de maior confiança dos investidores. Em março passado, o BC esperava que essas modalidades de investimento responderiam por uma saída de US$ 10 bilhões do país. Ontem, ao contrário, a projeção foi revisada e a expectativa é de um ingresso líquido de US$ 3 bilhões ao longo de 2009.

 

Trata-se exatamente do valor apurado até maio. Lopes afirma que a estimativa é "conservadora". "Esses fluxos [direcionados ao mercado financeiro] são muito voláteis, pode ter um ingresso forte agora e uma saída maior mais para a frente", diz.


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