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Monitor do PIB da FGV aponta crescimento de 7,5% na atividade econômica

Fonte: IBRE/FGV

O Monitor do PIB-FGV aponta crescimento de 7,5%, na atividade econômica no terceiro trimestre, em comparação ao segundo, e crescimento de 1,1% em setembro, em comparação a agosto. Na comparação interanual, a economia apresentou queda de 4,4% no terceiro trimestre e de 2,3% em setembro.

Neste número chama a atenção que a taxa de crescimento do PIB de 2018 foi revista para cima (1,8%) pelo IBGE e que o Monitor do PIB estima que a taxa de crescimento do PIB em 2019 na próxima divulgação das CNT será revisada de 1,1% para 1,6%. 

O forte crescimento de 7,5% da economia brasileira no 3º trimestre, reverte, em parte, a forte retração de 9,7% registrada no 2º trimestre deste ano, em função da chegada da pandemia de Covid-19 ao Brasil, a partir de março. No entanto, este crescimento não é suficiente para recuperar o nível de atividade econômica que ainda se encontra 5,0% abaixo do observado no 4º trimestre do ano passado. Apesar da recuperação disseminada entre as atividades econômicas, nota-se que o setor de serviços ainda apresenta grande resistência à recuperação com grande influência das atividades de administração pública e de outros serviços. Mesmo com a flexibilização das medidas de isolamento e pequena melhora marginal dos setores de alojamento, alimentação, serviços prestados às famílias, educação e saúde, o crescimento observado ainda é muito pouco em comparação a deterioração, causada pela pandemia, observada nestes segmentos. A elevada incerteza quanto ao futuro da pandemia tem inibido a recuperação mais robusta do setor de serviços, que é a atividade mais relevante da economia brasileira”, afirma Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.

A economia cresceu 7,5% no terceiro trimestre, em comparação com o segundo. À exceção da agropecuária, que não foi impactada diretamente pela pandemia, todas as demais atividades apresentaram crescimento nesta comparação, tendo em vista que o resultado do segundo trimestre havia sido muito negativo para grande parte dos setores. Pela ótica da demanda, foram registradas retrações tanto na exportação quanto na importação, embora a retração deste último tenha sido muito mais expressiva (-8,8%).

Em setembro, a economia apresentou seu quinto mês de crescimento consecutivo, na comparação contra o mês imediatamente anterior. O crescimento de 1,1% deve-se ao desempenho da indústria e de serviços, pela ótica da oferta, e do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo, pela ótica da demanda. Na comparação interanual, a queda de 2,3% é explicada principalmente pela retração dos serviços e da agropecuária (-4,0% e -3,5%, respectivamente), tendo em vista que a indústria voltou a crescer (2,2%) após seis meses de quedas consecutivas. 

ANÁLISE DESAGREGADA DOS COMPONENTES DA DEMANDA

A análise gráfica desagregada dos componentes da demanda foi feita na série trimestral interanual por apresentar menor volatilidade do que as taxas mensais e aquelas ajustadas sazonalmente, permitindo melhor compreensão da trajetória de seus componentes. No entanto, como as medidas de isolamento social em decorrência da pandemia de Covid-19 iniciaram-se em meados do mês de março, tendo significativos impactos na economia, durante o ano de 2020, após a usual apresentação da composição da taxa trimestral é apresentada, também, a desagregação da taxa mensal interanual destes componentes.

Consumo das famílias
O consumo das famílias retraiu 5,1% no terceiro trimestre, em comparação ao mesmo trimestre de 2019. Apesar de negativo, este resultado mostra continuidade da tendência ascendente em relação a queda de 13,2% registrada no segundo trimestre. O consumo de bens apresenta recuperação mais evidente com crescimento no consumo de produtos não duráveis (1,0%) e de duráveis (0,9%), a despeito da retração de 13,7% do consumo de semiduráveis. O consumo de serviços, embora esteja com taxas menos negativas desde o resultado do segundo trimestre, ainda apresenta a recuperação mais lenta do consumo, tendo recuado 8,7%, no terceiro trimestre.

Na análise mensal interanual, nota-se que o consumo de produtos duráveis foi o que apresentou o maior crescimento do consumo em setembro, tendo sido impulsionado, principalmente, pelo consumo de móveis, eletrodomésticos e materiais de construção. Em contrapartida, a maior retração do consumo foi devida ao consumo de serviços, sendo explicada, principalmente, pelas quedas do consumo de alojamento, alimentação, saúde privada e demais serviços prestados as famílias.

Formação bruta de capital fixo (FBCF)
A FBCF retraiu 2,2% no terceiro trimestre, em comparação ao mesmo trimestre de 2019. O único componente ainda apresentando retração nesta comparação é o de máquinas e equipamentos (-8,2), embora esta queda esteja sendo cada vez menor desde a retração de 29,3% no segundo trimestre. As quedas nos segmentos de automóveis, camionetas, caminhões e ônibus permanecem sendo as principais responsáveis pelo recuo do componente de máquinas e equipamentos e, consequentemente, da FBCF total. 

Na comparação interanual, observa-se que todos os componentes da FBCF apresentaram crescimento em setembro. O componente de máquinas e equipamentos, embora ainda esteja negativo na variação trimestral interanual, apresentou o maior crescimento mensal dentre os componentes da FBCF com variação de +7,9%. 

Exportação
A exportação de bens e serviços cresceu 1,7% no terceiro trimestre, em comparação ao terceiro trimestre de 2019. Os principais destaques positivos são o crescimento da exportação de produtos agropecuários (15,9%), da extrativa mineral (16,0%) e de bens de consumo (19,2%). Os principais destaques negativos são as exportações de bens de capital e de serviços que seguem com ampliação das fortes retrações (-37,1% e -26,2%, respectivamente).

O volume total exportado de bens e serviços recuou 6,1% em decorrência das retrações dos bens de capital, serviços e bens intermediários. O maior crescimento foi na exportação de bens de consumo (14,6%), devido ao consumo de não duráveis que cresceu 22,5%, em setembro.

Importação
A importação retraiu 24,4% no terceiro trimestre, em comparação ao mesmo trimestre de 2019. A trajetória declinante da importação desde o trimestre findo em abril deste ano com queda em praticamente todos os seus componentes no terceiro trimestre. A única exceção é a importação de produtos agropecuários que cresceu 8,5%. As fortes quedas de bens intermediários (-17,6%) e dos serviços (-32,2%) explicam a maior parte desta retração, embora os bens intermediários estejam com queda menor no terceiro trimestre que as registradas anteriormente enquanto a importação de serviços continua em desaceleração.

Todos os segmentos da importação apresentaram retração em setembro na comparação interanual, sendo o recuo da importação de bens de capital, dos produtos da extrativa mineral e o de serviços os mais expressivos.

MONITOR DO PIB-FGV EM VALORES 
Em termos monetários, o PIB em valores correntes foi de aproximadamente 5 trilhões, 582 bilhões e 643 milhões de Reais no acumulado do ano até o terceiro trimestre.

ANÁLISE ESPECIAL DAS ATIVIDADES DE SAÚDE PÚBLICA E PRIVADA
A chegada da pandemia de Covid-19 no Brasil, com a adoção das recomendações de isolamento social, tem impactos diretos e indiretos na economia, afetando, praticamente, todas as atividades econômicas. Ao longo de 2020, tem sido apresentada seção especial do Monitor do PIB-FGV com o intuito de retratar como duas das principais atividades econômicas diretamente afetadas pela Covid-19 (saúde pública e privada) têm sido impactadas pelo avanço da pandemia no país. No entanto, devido à não divulgação das informações de setembro do DataSUS que são utilizadas no cálculo desta seção especial, nesta edição não será analisada a saúde pública e privada.


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