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Mutirão pela vida plena

Fonte: Revista Mercado em Foco – ACIL – Por Fernanda Bressan

Não há idade, classe social ou causas definidas. Estar atenta ao próprio corpo, fazer consultas com mastologista e exames de rastreamento são as principais armas para diagnosticar precocemente o câncer de mama e tratá-lo, preservando a vida.

O mastologista Dr. Walter Jorge Sobrinho ressalta que as mamas devem ser examinadas por um especialista em todas as idades. “Por não se esperar que o câncer de mama atinja mulheres mais jovens, há uma despreocupação com exames de rotina antes dos 40 anos, o que acarreta em um diagnóstico mais tardio da doença. Há uma deficiência nas ações de rastreamento para esta faixa etária, mas devemos lembrar que a ultrassonografia das mamas deve ser realizada anualmente. Existe o hábito de se fazer a ultrassonografia para visualizar útero e ovários no check-up anual, mas essa prática ainda não é usual para as mamas, o que é um equívoco. As mamas devem ser avaliadas rotineiramente, inclusive em gestantes. O diagnóstico precoce é e sempre será o maior aliado do bom prognóstico do câncer de mama”, ressalta.

No mês de outubro, fala-se muito na mamografia. Para o especialista, este movimento é válido e é imprescindível saber sobre o papel da mamografia. “É comum ouvirmos que a mamografia é um exame de prevenção do câncer de mama, mas na verdade o correto é dizer que ela é um exame de rastreamento da doença, o único capaz de identificar nódulos milimétricos, ainda não palpáveis e, com isso, ter um diagnóstico precoce da doença. Não existe prevenção do câncer de mama, o que existe é a detecção precoce da doença, pois um tumor com menos de dois centímetros tem 96% de chance de cura e é nesse percentual que devemos focar as nossas atenções, estimulando as mulheres a fazer consultas rotineiras com o médico, seguido de exames de imagem das mamas. Tumores em estágio inicial são tratados com cirurgias menos invasivas e o tratamento também é menos agressivo”, aponta.

Prestar atenção ao próprio corpo e realizar os exames de rotina é a melhor forma de vencer a doença. Caroline Motti Sorpreso sempre teve este hábito. Ela fazia os exames de rastreamento a cada seis meses por conta do histórico familiar. “Minha mãe teve câncer e várias tias também tiveram, por isso fazia rotineiramente. Tinha feito exame havia meses quando apareceu um caroço na mama e em uma semana ele estufou. Fui procurar o médico e veio o diagnóstico de câncer de mama”, relata. Na época, ela estava grávida de quatro meses do filho Gustavo. “Começou a correria e o medo de perder o bebê”, recorda.

Força sem explicação

Pelo tamanho do tumor, era preciso fazer primeiro as sessões de quimioterapia, 16 no total, para reduzi-lo. A gestação foi seguindo simultaneamente ao tratamento. Caroline conta que passou muito mal logo após a primeira sessão de quimioterapia. “Fiz minha primeira quimio e quando cheguei em casa, à noite, tive uma sensação de que iria morrer. Sentia muita aceleração, frio e calor ao mesmo tempo, ia do quarto para sala, foi muito ruim aquela sensação. Foi aí que me deitei no sofá e pedi para Deus me acalmar pois tinha o Gustavo, e não queria fazer mal para ele. Adormeci e Deus me deu um sonho. Sonhei com o dia do meu parto, foi tão verdadeiro, sonhei certinho com o Dr. Jean, meu ginecologista, tirando o Gustavo. No sonho, ele dizia que meu filho era perfeito, que havia nascido sem nenhuma sequela e que eu poderia ficar tranquila. Foi aí que acordei e todo aquele mal-estar foi passando e consegui dormir. Depois disso adquiri uma força sem explicação, não tive mais nenhum sintoma da quimioterapia”, conta.

Além do medo de perder o bebê, Caroline tinha também receio de perder os cabelos. Ela optou por usar um recurso conhecido por touca hipotérmica, que evita a queda de cabelo durante a quimioterapia. “Tinha muito medo de perder o cabelo, acho que me apavorava mais que o próprio câncer. A autoestima é tudo, quando minha mãe teve câncer não tinha esse recurso, ela perdeu o cabelo e vi como faz diferença manter essa autoestima. Meu cabelo não caiu nada”, destaca. A touca é colocada bem fria na cabeça durante a sessão de quimioterapia e tem por função promover uma vasoconstrição dos vasos que irrigam o couro cabeludo, reduzindo a concentração de quimioterápicos na cabeça e, por consequência, a queda dos fios.

Com os cabelos em dia, Caroline viveu a melhor sensação do mundo, o nascimento do seu segundo filho. Gustavo nasceu no dia 15 de fevereiro, com 37 semanas de gestação, saudável, sem precisar de UTI. “Digo que o Gustavo é um milagre na minha vida”, salienta. O tratamento ainda segue. Em junho, Caroline fez a cirurgia para a retirada da mama doente e também da mama sadia. Foram duas mastectomias. “Retirei as duas mamas porque fiz o exame de mapeamento genético e o resultado mostrou que eu teria 80% de chance do câncer voltar na outra mama e 70% de aparecer no ovário”, descreve. Atualmente, ela está fazendo sessões de radioterapia e a mama está sendo preparada para a cirurgia de reconstrução. “A expectativa é que eu coloque a prótese de silicone 10 meses após as sessões de radioterapia”, diz.

O resgate da integridade cultural

A reconstrução das mamas é parte do tratamento do câncer. Cirurgião plástico especialista em reconstrução, Dr. Ricardo Strang aponta que não se trata apenas de uma cirurgia, mas de todo um tratamento. “Muitas vezes o que fazemos após a retirada da mama é dar o primeiro passo para a reconstrução. Colocamos um expansor de tecidos e fazemos a preparação para a colocação da prótese futuramente”, explica.

Não é uma cirurgia convencional, é preciso utilizar a técnica adequada para cada caso, que depende de fatores como a pele existente para cobrir a prótese, escolha do melhor local para a fixação dela, pensar no tratamento ao qual a paciente irá passar (radioterapia e quimioterapia) e também avaliar a necessidade de operar a outra mama. “Não estamos tratando apenas uma mama, estamos tratando uma pessoa. Este é o objetivo da cirurgia plástica, proporcionar qualidade de vida, não só estética, mas, sim, o resgate da integridade corporal que é uma parte importante do tratamento do câncer de mama. Passar pela reconstrução mamária de forma plena pode melhorar radicalmente a autoestima, autoconfiança e qualidade de vida da paciente com câncer”, sentencia Dr. Strang.

A medicina avança com exames cada vez mais específicos para detectar a doença, com recursos para minimizar os efeitos da quimioterapia e técnicas de reconstrução que devolvem a harmonia corporal após o tratamento. O que não se pode esquecer, jamais, é de que o sucesso de tudo isso começa no cuidado com o próprio corpo e na realização rotineira dos exames de imagem das mamas. Por isso, o Outubro Rosa deve estar presente em todos os meses do ano.

CME doa sutiãs com prótese

Desde o ano passado, o Conselho da Mulher Empresária da ACIL (CME) criou o projeto Amigos do Peito, que doa sutiãs exclusivos com prótese para mulheres carentes que não puderam fazer a cirurgia de reconstrução mamária. Eles são confeccionados pela AIMÊ Lingerie em parceria com a Modeler. “Tudo começou quando a Cristiana Calderão Pívaro apresentou ao conselho uma ação do Rotary Rosa que doava sutiãs com prótese. Nos sensibilizamos com a ação, abraçamos a causa e criamos o projeto. No ano passado foram doados 732 sutiãs, todos encaminhados ao Instituto do Câncer”, diz Marisol Chiesa, presidente do CME.

Ela diz que o objetivo maior é ajudar as mulheres que passaram pela mastectomia. “É um ato simples, que é a doação de dois sutiãs com a prótese para atender às necessidades e ajudar na aceitação desta nova identidade corporal. O sutiã devolve a autoestima e empodera essas mulheres na sua feminilidade”, destaca.

Todos podem ajudar nesta ação, seja comprando os kits de sutiã que serão doados, ou participando de ações de empresas parceiras. “A Fedhora, empresa do ramo de semijoias, em uma ação social no ano de 2017, confeccionou o laço rosa folheado a ouro e a venda desses laços foi destinada ao projeto. A ação acontece novamente em 2018. Quem quiser pode adquirir o laço para presentear e, ao mesmo tempo, ajudar o projeto”, diz Marisol.

O CME está aberto a quem quiser colaborar. Basta entrar em contato com as conselheiras Maria Helena Berbert (99979-9033) ou Rosemara Santos (99952-1016).


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