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Na Rural, Lula defende subsídio para quem preserva o meio ambiente




Fonte: Jornal de Londrina

 

Falando para um público de ruralistas, ontem à tarde, na Sociedade Rural do Paraná (SRP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a criação de subsídio para os produtores rurais que preservem o meio ambiente. “Da mesma forma que nós queremos preservar, temos que pagar para preservar, para a pessoa preservar a sua terra e temos que pagar para as pessoas plantares”, disse o presidente, sem dar detalhes de como funcionariam esses subsídios.

 

O presidente voltou a defender os ruralistas que desmatam para expandir fronteiras agrícolas, repetindo a sua fala da última sexta-feira, no Mato Grosso. “Lá eu disse que não era possível chamar de bandidos quem desmatou na década de 70, porque a política era para desmatar”, declarou.

 

Na passagem por Londrina, Lula estava acompanhado pelos ministros Dilma Roussef (Casa Civil), Reinhold Stephanes (Agricultura) e Paulo Bernardo (Planejamento). O governador Roberto Requião (PMDB) acompanhou o presidente e dois possíveis adversários na disputa pelo Palácio Iguaçu, no ano que vem, também participaram: o senador Osmar Dias (PDT) e o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB).

 

O discurso de Lula foi ao encontro do presidente da SRP, Alexandre Kireff, que tinha falado antes. “Entendemos perfeitamente o contexto de suas declarações, distinguindo aquele agricultor que legalmente enfrentou o desafio de expandir a fronteira agrícola, do devastador ilegal”, havia declarado o líder ruralista.

 

Para defender o subsídio, Lula citou o exemplo da prefeitura de Nova York, que, segundo ele, paga para que o produtor rural não instale pocilgas perto dos rios ou não passe com bois pelos rios que abastecem a cidade. Lula disse ainda que esse debate precisa ser “desideologizado” e que “é correto que se desmate o necessário e que a gente cumpra determinadas regras”. “Não precisamos mais ideologizar esses temas”, afirmou.

 

O presidente disse que o ecossistema “é uma vantagem competitiva” para o País, que no futuro pode negociar créditos de carbono para manter a floresta. “Estou criando uma secretaria especial de crédito de carbono. Cada hidrelétrica que construirmos podemos entrar com o sequestro de crédito de carbono”, declarou.

 

Ainda em tom conciliatório, o presidente afirmou que o agronegócio e a agricultura familiar não precisam entrar em choque. “Essa história que agricultura familiar e agronegócio não funcionam é uma mentira, que eu não sei quem inventou. O Brasil precisa dos dois”, declarou. Elogiando o setor, o presidente afirmou que a agricultura vai ajudar o País a superar a crise econômica. No final do discurso, ele ilustrou a importância da agricultura para a economia brasileira, com os números do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged). Segundo ele, do saldo positivo de 131 mil empregos, registrado em maio, 53 mil foram gerados na agricultura.

 

Comitiva chega em 3 aviões

 

Os três aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) que trouxeram a comitiva do presidente pousaram no Aeroporto Governador José Richa, por volta das 9 horas. Junto com ele, vieram os ministros Dilma Roussef (Casa Civil) e Edson Lobão (Minas e Energia). Paulo Bernardo (Planejamento) e Reinhold Stephanes (Agricultura) já estavam na cidade desde domingo. Lula foi recepcionado na pista do aeroporto pelos ministros, pelo prefeito Barbosa Neto (PDT) e pelo governador Roberto Requião. Ele ficou no aeroporto por cerca de uma hora e embarcou num helicóptero para Congonhinhas às 10h15. O presidente chegou ao assentamento do MST, Robson Vieira de Souza (leia mais na página 6) às 11h30. E voltou para Londrina por volta da 15 horas. Ele chegou à Sociedade Rural por volta das 16 horas e foi embora para o Rio de Janeiro às 19 horas.

 

Dilma faz discurso de campanha

 

A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, presidenciável que terá o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano que vem, fez um discurso de candidata ontem à tarde, na Sociedade Rural do Paraná (SRP). Ela rebateu as constantes críticas à lentidão na execução do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), dizendo que o País não tinha projetos para investir em infraestrutura. “Disseram que o PAC estava no papel, mas sequer papel existia para que a gente pudesse fazer investimentos”, declarou a ministra, que é responsável por gerenciar o programa. “Quem dera que estivesse no papel. Tivemos que produzir papel, não herdamos projetos e nem uma estrutura de Estado capaz de executá-los”, discursou.

 

Já em tom de campanha, ela acusou o governo anterior, sob o comando do PSDB: “Fizeram uma máquina de fiscalização forte e destruíram a máquina que fazia obras e as executava”, discursou.

 

Ela tentou se equilibrar entre ruralistas – público majoritário no evento – e ambientalistas, protagonistas da batalha em torno do novo Código Florestal: “Será sempre possível aumentar a produtividade e ao mesmo tempo respeitar o meio ambiente”, declarou.

 

Requião se reaproxima de petistas

 

Depois de flertar com o PSDB de José Serra e Alvaro Dias, o governador Roberto Requião (PMDB) fez ontem, em Londrina, um discurso de reaproximação com o PT. Pegando carona na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Requião criticou as teses neoliberais, normalmente relacionadas aos tucanos. “Não é à toa que Minas Gerais teve regressão de 25%, São Paulo de 20%, outros estados nunca menos que 15%. O Paraná teve 1,4% de regressão em virtude da sua matriz econômica”, discursou o peemedebista. Minas é governada por Aécio Neves e São Paulo por Serra, ambos tucanos.

 

Limite de financiamento cresce de 9% a 53% por produtor rural

 

O maior Plano Agrícola e Pecuário (PAP) da história do Brasil, anunciado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Londrina, ampliou de 9,1% a 53,8% o limite de financiamento por produtor. Cerca de 2,2 pessoas compareceram ao Parque Ney Braga para conferir mais detalhes sobre esses números e assistir à solenidade de três horas. A expectativa em relação à resposta na agricultura frente à crise foi traduzida no discurso pelo presidente: “Pelo amor de Deus, gente. Plantem, plantem, plantem! Porque o Brasil vai precisar muito da agricultura para ver se a gente sai dessa crise mais forte e mais robusto”, disse Lula.

 

O orçamento geral de R$ 107,5 bilhões é 38% maior que o do ano passado, mas os produtores terão reajustes diferentes, dependendo da cultura, mostram os números detalhados ontem. Para soja, milho e trigo, principais culturas agrícolas no Paraná, cada agricultor poderá financiar R$ 600 mil – 9,1% a mais que no ciclo 2008/09. O maior reajuste (53,8%) ocorreu nas linhas de investimento, agora com teto de R$ 200 mil por tomador. Avicultura, suinocultura e pecuária terão 25% mais recursos, em financiamentos de até R$ 250 mil. O juro padrão foi mantido em 6,75% ao ano.

 

“Essa é a prova da importância que o governo dá para a produção agrícola”, disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. “Mesmo com a crise, problemas de mercado, seca e outros problemas climáticos, o produtor continua plantando.” Ele afirmou que o setor mostrou ser o mais dinâmico para superar problemas econômicos ao manter as exportações em bons níveis nos últimos meses.

 

O contexto do lançamento do PAP contrasta com o otimismo verificado na mesma época do ano passado, admitiu Stephanes. Em sua avaliação, a previsão de que o consumo mundial de alimentos vai crescer 50% em 20 anos continua de pé. “Aumentar a produção é uma tarefa gigantesca”, complementou.

 

Requião aprova estratégia

 

O governo do estado aprova a estratégia de Brasília. O governador Roberto Requião disse que o incentivo à agropecuária aquece o comércio e, consequentemente, a indústria. O fortalecimento da agricultura brasileira é uma forma de combate ao neoliberalismo, defendeu. Requião sustentou que o estado está fazendo sua parte, citando o subsídio de até 30% (que complementa os 70% oferecidos pelo governo federal) no seguro para a produção de trigo, alimento que o Brasil ainda importa cerca de 40% do que consome.

 

O PAP é uma forma de combate à pobreza, disse Lula. Em sua avaliação, é preciso que a agricultura familiar ganhe renda para que a economia cresça. “É possível os ricos continuarem ricos e que os pobres cheguem à classe média. É simples.” Os recursos do PAP representam cerca de um terço do orçamento dos produtores rurais. Os custos de produção são cobertos ainda com recursos próprios e financiamentos a juros de mercado.

 

 

Fábio Silveira e José Rocher para Gazeta do Povo.

 

 


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