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“Nós acreditamos na força do associativismo”, explica Fernando Moraes, em webinar da LIDE

Fonte: Assessoria da ACIL

As forças do associativismo, da inovação e do agronegócio, unidas, vão conduzir o interior do Paraná para fora da crise provocada pelo novo coronavírus. E, na esteira, vão arrastar consigo os setores mais prejudicados pela pandemia no estado. A opinião de Fernando Moraes, presidente da ACIL, foi detalhada no webinar da série LIDE Paraná Talks, organizada pelo Grupo de Líderes Empresariais, uma organização privada internacional a favor da livre iniciativa, do desenvolvimento econômico e social, e da defesa dos princípios éticos de governança corporativa nos setores públicos e privados.

Com o tema A visão das Lideranças Empresariais e a força do interior do estado na retomada da economia paranaense, o webinar foi realizado nesta quarta-feira (27), com coordenação da jornalista Heloísa Garrett e participação de Michel Felipe, presidente da Associação Comercial e Industrial de Maringá (ACIM).

Confira os principais momentos da conversa:

Heloísa Garrett – Gostaria que vocês contassem como estão lidando com essa crise na condução da Associação. 

Fernando Moraes – Boa tarde, é um prazer estar com vocês. Eu presido a ACIL, é uma entidade com mais de 80 anos e está muito ligada a tudo o que acontece na cidade. Nós nos envolvemos muito com a pandemia, acho que todos os presidentes e associações tiveram um envolvimento muito grande na pandemia. A gente tem muita história para contar. 

Londrina e Maringá são importantes polos do Paraná, e nós temos um comportamento bastante diferente entre essas duas macrorregiões e a capital do estado. Como foi o isolamento social e, consequentemente, o impacto nos negócios, principalmente na área de comércio e serviços, que são muito ligados à Associação Comercial?

Maringá, Foz e Cascavel fecharam antes de Londrina. Aqui, tivemos uma pressão muito grande, por parte da população, para a cidade ser fechada. É complicado para a Associação pedir para as empresas fecharem, é muito difícil. A gente teve um alinhamento muito grande com o poder público, era uma novidade para nós e para eles. Não só a ACIL, mas outras entidades também se juntaram ao poder público para tomar decisões difíceis de serem tomadas. A gente decidiu pelo fechamento, solicitando que as cidades vizinhas fechassem também. Não era justo só Londrina fechar e a grande Londrina não, como Cambé e Ibiporã. Então esse fechamento foi em conjunto. Foi um pânico muito grande e a ACIL deu um norte para os empresários. Fomos buscar linhas de crédito. Nós vínhamos em negociação para a Prefeitura fazer um aporte na garantidora daqui, a Garantinorte. Isso foi acelerado.

Como funciona esse trabalho da garantidora?

Ela garante o empresário com uma carta-fiança para as cooperativas de crédito. E, com essa garantia, você consegue um juros subsidiado. É preciso ter um aporte da Prefeitura ou de outras entidades. Aqui, existiam aportes de outras entidades, mas não da Prefeitura. Com a nossa articulação, e do SEBRAE também, nós conseguimos um aporte tanto da Prefeitura quanto da Câmara, que ajudou muito. Foi o maior aporte do Brasil feito em garantidoras, de R$ 5 milhões, que equivalem a emprestar R$ 50 milhões no mercado. Isso deu uma ajuda muito grande. Nós orientamos os associados e os não associados a buscarem essa linha de crédito para que todo mundo conseguisse se manter em pé depois que as atividades fossem retomadas. Também nós fizemos muitas lives, muitas discussões digitais, mostrando para o associado e o não associado os caminhos a serem tomados. Nós discutimos os dados com especialistas para ver qual a melhor maneira de se tratar caso a caso. Depois desse isolamento, vieram as negociações para a abertura. Quem conhece melhor o negócio do que a gente, que vive o dia a dia? Então nós criamos os protocolos, as normas, e levamos para o poder público avaliar. Londrina tem um comitê de médicos e diretores de hospitais que faz toda essa avaliação da pandemia. Eles avaliaram todos os protocolos e foram liberando gradativamente as atividades econômicas. Primeiro, voltaram a indústria e a construção civil. Logo em seguida, veio o comércio. Nós tivemos um problema, uma ação do Ministério Público contra o município para o fechamento das atividades. Foi uma briga judicial grande e muito desgastante. A entidade teve que se envolver em negociações com a promotoria e o poder público. Foi difícil, mas nós conseguimos superar e voltamos às atividades. Ainda é tenso, porque Londrina começou a fazer muitos testes. Por isso, subiu o número de casos. Mas a gente sempre está de olho na saúde. Nós ajudamos a saúde a ser aparelhada. Fizemos uma ação para arrumar vários respiradores que estavam quebrados. O poder público não tinha fornecedor de EPIs, estavam escassos. Então a gente ajudou a procurar esses fornecedores, compramos, pedimos ajuda com cestas básicas para suprir a população mais necessitada, que sofreu muito. Então foram diversas ações para que a gente aparelhasse a saúde e pudesse voltar gradativamente às nossas atividades.

A Associação Comercial está muito próxima do empresário, tem essa característica de zelo. Todos tivemos que reinventar os modelos de atendimento e atenção ao filiado, ao associado. Parabenizo as Associações por essa proximidade e esse trato com o poder público. Nesse momento, a união realmente faz a diferença, tanto para a comunidade quanto para a iniciativa privada. A gente vê algumas mudanças que foram forçadas pela pandemia. Hoje, a gente troca um WhatsApp, abre um link no Zoom e faz um debate com essa temática. Algumas mudanças que foram forçadas pela pandemia vieram para ficar, para economizar tempo, processo e recurso. Vocês sentem, no interior, que os empresários vão otimizar processos e ganhar vantagem competitiva, para crescer e se reinventar também?

Para nós, empresários, e para todo mundo, a pandemia antecipou muito, forçadamente, a digitalização. Acredito que para ter mais contato com o associado é preciso utilizar as ferramentas digitais. Nós já criamos cursos on-line. Também temos o Programa Empreender, e estamos tentando transformá-lo em digital. Nós lançamos uma plataforma no meio da pandemia. Era uma plataforma que seria lançada no segundo semestre. Nós antecipamos. Chama-se Entrega Londrina. É um grande marketplace, com delivery de alimentação, para fortalecer o empresário local. Essa plataforma veio para auxiliar o empresário que às vezes está só na venda física e não tem condições de montar um e-commerce porque custa caro. É simples, o empresário cadastra a loja, com foto, descrição do produto e preço, e já está apto a vender na plataforma. É uma mudança muito grande. Vai digitalizar muito, mas também vai ser preciso manter o contato no dia a dia, é preciso mesclar tudo isso.

Nosso estado tem o 5º maior PIB do país e uma força do agronegócio muito importante para o desenvolvimento de nossa economia. Mas também é um estado com área de tecnologia, serviços, e indústria muito forte. O interior tem um papel protagonista nessa retomada. Vocês acreditam na união da livre iniciativa como força para voltarmos a crescer e a prosperar?

Nós acreditamos muito na força do associativismo. O interior, com o agronegócio forte do jeito que está – sem sofrer com pandemia nem com o aumento da taxa de câmbio -, terá mais facilidade para sair dessa situação. Mas a gente precisa estudar para entender melhor o estrago que essa pandemia fez, para ter um alinhamento e potencializar os setores que estão melhores, para que os outros venham junto. A gente vai começar a fazer esse diagnóstico agora, no dia a dia, para nossos negócios se expandirem novamente. Londrina estava numa crescente muito grande, temos um polo de inovação muito forte. Somando a inovação e o agronegócio, essa saída da crise vai ser mais rápida e forte. O Marco Tadeu [presidente da FACIAP] é um líder que está nos orientando. No Paraná inteiro, onde tem associação, o presidente está se envolvendo para que possamos trabalhar em conjunto.


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