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O 5G ao alcance dos londrinenses

Fonte: Francismar Lemes – Revista Mercado em Foco/ACIL

Os mais alvissareiros prognósticos sobre o impacto do presente no século 21, e de como formatará os nossos comportamentos, maneiras como realizamos negócios, tomamos decisões, entre outras ações cotidianas, colocam todos no que os filósofos chamam de “dobradiça histórica”. Vivemos um dos períodos mais influentes da humanidade em que a Ciência e a Tecnologia sobrepõem novas realidades. A rede 5G é mais uma camada, que vai adicionar valor à economia e trazer mudanças na sociedade que não podemos imaginar. 

É crucial aos londrinenses terem ferramentas para a travessia deste marco, que não é só temporal, mas também estratégico para Londrina. 

A cidade está entre as 100 maiores brasileiras. Juntos, esses municípios concentram 37,8% da população do país e representam 47,1% do Produto Interno Bruto (PIB) per capita. São municípios que influenciam regiões metropolitanas. Londrina é uma candidata favorita para ser mais influente entre os influentes, se souber aproveitar oportunidades, como a participação no projeto-piloto de instalação de antenas 5G em 20 cidades brasileiras. 

Um acordo entre os ministérios das Comunicações e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) definiu que oito dessas cidades instalariam a antena em áreas rurais. 

Em Londrina, a fazenda da Embrapa Soja, no distrito Warta, foi escolhida para gerar o sinal 5G por 90 dias. A expectativa é de que o prazo seja estendido, inclusive para um período na Rua Sergipe. A Nokia é responsável pelos equipamentos e a Sercomtel pela operação da estrutura. 

O teste na rua central é considerado importante para o projeto de transformar Londrina em uma smart city, com tecnologia controlando semáforos e sistemas de segurança, entre outros.  

De acordo com um relatório de 2020 do Fórum Econômico Mundial, até 2035, o 5G movimentará US$ 13,2 trilhões em valor econômico global, gerando 22,3 milhões de empregos apenas na cadeia da própria tecnologia.  

É uma janela de oportunidades para os londrinenses, que foi aberta pela criação de um ambiente tecnológico na cidade, o que determinou a escolha para testar o 5G no agronegócio. Indicativos de que o período de testes já desbloqueará alguns drivers de negócios aparecem no interesse de empresas em fazer experimentos. 

A deputada federal Luisa Canziani participou da articulação política e da sociedade organizada para a instalação da antena 5G. Ela destaca que a cidade tem o único Hub de Inteligência Artificial do Senai no país. Além disso, conta com uma rede de instituições de pesquisas tradicionais, como a Embrapa Soja, e o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que hoje integra a estrutura do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR). 

“A instalação da antena 5G confirma nossa vocação de polo tecnológico. Londrina tem um ecossistema de Tecnologia da Informação e Comunicação organizado e abriga o primeiro Polo Tecnológico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, projeto implantado por meio da nossa articulação. Para ser considerada um polo tecnológico, foi reconhecido um conjunto de características, como contar com instituições de ensino, pesquisa, governança, entidades, empresas e produtores rurais que conferem à cidade essa titulação. É uma chancela importante porque pode atrair parceiros interessados em firmar acordos de cooperação em iniciativas comerciais, de ensino e pesquisa para o desenvolvimento de estratégias e novas soluções para o setor”, avalia a deputada. 

A Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL) é protagonista na constituição do Ecossistema de Inovação. A presidente da ACIL, Marcia Manfrin, aponta os caminhos que nos trouxeram aos testes do 5G: “Londrina vive um momento único, em que o setor produtivo está unido ao poder público e aos representantes políticos para trazer desenvolvimento sustentável e qualidade de vida para nossa cidade. Temos iniciativas como o Núcleo de Desenvolvimento Empresarial, o Fórum Desenvolve e a Comissão de Desenvolvimento e Infraestrutura da Região de Londrina. Isso nos dá uma força muito grande para reivindicarmos as melhorias que precisamos e merecemos. A instalação da antena 5G faz parte deste contexto”, afirma Marcia. 

A presidente acredita que o 5G vai desbloquear novas gerações de tecnologia com impactos industriais e sociais. “É importante para abrir novas portas à inovação. Como o 5G consegue lidar com uma quantidade imensa de informações, representa uma nova etapa dentro da revolução tecnológica que vivemos. Tudo isso oferece condições e recursos para um desenvolvimento até então inimaginável de tecnologia da informação, transformando setores como segurança, automação, mobilidade urbana, produção, processamento de alimentos e até mesmo no dia a dia, com o reconhecimento facial, as transações financeiras e a internet das coisas. É um passo importante para recebermos, cada vez mais, empresas de tecnologia, especialmente aquelas que integram uma indústria sustentável e limpa”, avalia Marcia. 

Na avaliação de George Hiraiwa, diretor de Inovação da Sociedade Rural do Paraná (SRP) e coordenador da Agrovalley, uma rede londrinense de promoção de inovação, o 5G vai escalar o patamar tecnológico do ecossistema de inovação londrinense.  

“Os testes com o 5G propiciam oportunidades para nossas startups. Também é um chamariz para empresas consolidadas que queiram fazer utilização da rede, embora por apenas esse período de tempo. A Agrovalley recebeu consultas de empresas interessadas. Uma delas é da área de inteligência artificial, de São Paulo. É bem posicionada em segmentos, como fintech, saúde e varejo, e quer trabalhar com dados no agronegócio. Podemos ter empresas dessas na cidade”, avalia Hiraiwa. 

Sinal aberto 

O sinal 5G da antena na fazenda da Embrapa ficará aberto aos usuários de telefonia móvel, que disponham de aparelho com a tecnologia. 

O raio de abrangência é de cinco quilômetros, podendo atingir até 10 quilômetros. Na região de alcance, empresas, cooperativas e propriedades rurais têm a chance de testar a tecnologia. Com sorte, inclusive moradores da área urbana da Warta.  

Para o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, o 5G não só aumentará a eficiência no campo, com transmissão de dados das condições da lavoura ou solo, ajudando na tomada de decisões do produtor, mas permitirá uma agricultura cada vez mais sustentável. 

“A conectividade é uma das chaves para esse aumento de eficiência. Na Embrapa temos startups desenvolvendo sistemas para trabalhar a conectividade no campo. Queremos fazer com que a nossa fazenda seja modelo de fazenda inteligente, a famosa smart farm, servindo de piloto para todas as empresas parceiras da Embrapa e as que ainda não são. Que essas empresas possam vir e utilizar essa estrutura, testar seus softwares, equipamentos, os seus algoritmos para a evolução dos sistemas no agronegócio. É importante que o Brasil incentive o desenvolvimento de empresas nacionais para que parte dos ganhos não vá embora para outros países na forma de royalties”, afirma Nepomuceno.   

Na avaliação do presidente da Sociedade Rural do Paraná, Antônio Sampaio, a antena 5G é um sinal de que os prognósticos para o futuro só se confirmam com investimentos no presente e na sensibilidade para enxergar e buscar oportunidades.   

“Cidades como Londrina, que estão pleiteando ter uma indústria de tecnologia, vão se posicionar melhor no mercado. Nós, da Sociedade Rural, desde o primeiro hackathon que realizamos, já tínhamos essa percepção. Queremos estar bem à frente nas evoluções tecnológicas”, conclui Sampaio. 


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