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O papel da logística nos negócios

Fonte: Revista Mercado em Foco – ACIL – Por Amanda de Santa

Comprar, estocar, separar e distribuir. Em resumo, essas são as principais etapas da logística, atividade que demanda a integração de vários departamentos, como o comercial, financeiro, suprimentos e transporte. Muitas empresas ainda enxergam o processo como algo custoso e problemático. Mas, na avaliação de especialistas, não há como atingir metas e melhorar resultados financeiros sem cuidar dessa importante operação. Para sobreviver no mercado competitivo é fundamental elaborar um bom planejamento logístico.

O consultor empresarial da Caput Consultoria, Flávio Moura, diz que a logística envolve desde a aquisição da matéria-prima até a distribuição do produto ao cliente final. Segundo ele, durante muito tempo, a área foi vista como a “parte ruim” da comercialização. “Muitas empresas entraram no comércio eletrônico e não permaneceram por falhas na logística”, lembra. Porém, hoje, as companhias têm enxergado o processo como estratégico e buscado reduzir custos para lucrar mais.

Moura afirma que o transporte pode impactar entre 4% a 12% no valor de um produto. Nas empresas menores, os custos com a operação logística podem aumentar devido ao retrabalho, desperdício, avaria e devolução de mercadorias. Isso se deve, segundo Moura, à falta de um plano de ação na hora das compras, estocagem e entrega. Nos últimos anos, a forma de gerenciar a logística mudou. Se, antes, uma loja do varejo fazia compras uma vez ao mês em grande quantidade, hoje, a aquisição de novos produtos ocorre semanalmente, porém, em menor volume.

O consultor afirma que a maioria das empresas tem optado por manter os estoques reduzidos. Isso evita, por exemplo, a necessidade de abaixar preços para conseguir vender mercadorias que ficaram “encalhadas”. As compras em períodos e volumes menores possibilitam que os empresários tenham maior giro de produtos e rentabilidade.

Grandes empresas têm buscado profissionais qualificados, com curso superior e especialização em logística, para realizar o planejamento e medir os resultados da operação. Mas nem sempre é possível ter um colaborador de alto nível na área. Por isso, algumas companhias preferem terceirizar a tarefa de distribuir os produtos aos clientes. “Ao terceirizar, contrate alguém que faça o trabalho melhor do que você”, avisa Moura.

O consultor aponta que ninguém mais aceita atrasos nas entregas e, mesmo se uma empresa delegou o serviço a uma transportadora, é ela quem responde por falhas na logística. Caso algo dê errado no meio do caminho, poderá perder vendas e prejudicar o relacionamento com os clientes. “Nem sempre o contrato mais barato é o melhor. É preciso analisar a qualidade do serviço”, alerta.

Danos irreparáveis

O especialista em logística, Wagner Irmer, ressalta que a má execução do processo pode causar danos irreparáveis ao nome da empresa. Ele diz que a cadeia de abastecimento precisa estar alinhada com as expectativas da companhia, desde a aquisição de matéria-prima, plano de produção, dimensionamento da malha, alinhamento entre vendas e operações, posicionamento estratégico de centros de distribuição e armazéns, escolha dos melhores modais para transporte até a entrega do produto acabado. “Tudo isso com equilíbrio entre custo e nível de serviço para gerar rentabilidade à empresa e satisfação ao cliente”, observa.

Na avaliação de Irmer, a complexidade das atividades logísticas aumenta dia após dia, na mesma proporção que a exigência de nível de serviço. É por isso que um processo logístico bem estruturado precisa ter métricas claras para todos os envolvidos, indicadores de desempenho sólidos para medição periódica de performance interna e externa. Para o especialista, os principais desafios da logística nas empresas hoje passam pela infraestrutura precária da malha viária e alto valor do combustível; falta de mão-de-obra qualificada; capital parado em estoque; necessidade de investimento em tecnologia.

A aplicação de tecnologia, aliás, trouxe uma série de benefícios para a operação, pois ajuda a simplificar processos, contribui para a confiabilidade e segurança das informações, torna o fluxo de dados mais ágil, estreita o relacionamento entre parceiros e proporciona uma visão integrada de todas as etapas. Na área de processamento de pedidos, por exemplo, Irmer cita que já existem sistemas inteligentes capazes de automatizar a organização e distribuição de materiais em estoque; monitorar e rastrear o transporte de cargas; cuidar da entrada e saída de veículos, registrar pesagem e realizar o planejamento de tráfego.

Integração entre os players do mercado

Dois terços da logística brasileira roda em caminhões, segundo o diretor administrativo-financeiro da Sotran, empresa transportadora de grãos, Eduardo Takahara. Ele aponta que 67% dos produtos do agronegócio, por exemplo, são transportados em rodovias e isso gera um custo elevado para as empresas. “O desafio é criar a integração logística entre os principais players do segmento”, analisa. E a tecnologia é aliada nessa tarefa. Recentemente, a empresa lançou um aplicativo para Android, chamado TMOV, voltado para os caminhoneiros.

Takahara conta que o App ainda está em fase de testes, mas já possui mais de 5 mil downloads. Nele, os motoristas fazem um cadastro e podem pesquisar as cargas, escolher o frete, e ir direto ao ponto de embarque. “Lá, ele recebe a documentação, finaliza o cadastro e segue viagem”, explica. O aplicativo também disponibiliza o roteiro da entrega. A intenção é que, em breve, essa base de dados seja integrada ao sistema utilizado pelos funcionários da empresa, clientes, portos, praças de pedágio. O objetivo é que toda a cadeia logística possa ser acompanhada de uma única plataforma.

Exporta Fácil

Boa parte das empresas terceiriza a distribuição de produtos aos Correios. O gerente regional de atendimento e vendas da empresa pública em Londrina, Flávio Scanavez, afirma que a cidade se tornou um polo de vendas pela internet em diferentes segmentos, especialmente eletrônico e de vestuário. Ele explica que os Correios oferecem diversas modalidades de preço e postagem. “Estamos presentes nos 5.570 municípios do território nacional e temos a maior capilaridade logística no Brasil”, afirma. Só no Centro de Tratamento de Cargas e Encomendas da cidade, os Correios movimentam 1,1 milhão de objetos por mês.

Scanavez diz que um dos fatores que contribuem para a credibilidade e segurança oferecida pela empresa pública é de que ela não faz transferência de postagem. “Postando a encomenda na agência de Londrina, a própria equipe dos Correios é quem fará a entrega em qualquer outra cidade do Brasil”, justifica. Outra vantagem é o prazo para pagamento, que pode chegar a 40 dias. Além disso, dependendo da quantidade de encomendas, o cliente nem precisa ir até uma agência. A rede franqueada faz o atendimento, formaliza o contrato, coleta a mercadoria e processa o faturamento na própria empresa.

Um dos atrativos oferecidos pelos Correios é o programa Exporta Fácil, que simplifica e agiliza o envio de produtos para mais de 200 países. A focal internacional dos Correios de Londrina, Denise Custódio Filla, explica que o processo é simples e pode ser feito pelo site. “Lá, tem um espaço para preencher a documentação, simular preço e prazo de entrega”, avisa. Segundo ela, muitas pessoas não sabem que os Correios trabalham com exportação, porém, a empresa pode despachar produtos de pessoas físicas e jurídicas ao exterior. A grande vantagem é a liberação rápida no recinto alfandegário e a dispensa do despachante no país de destino, o que reduz os custos da operação.


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