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Pequenas, com potencial de alta




Fonte: AE Investimentos – Agência Estado

 

Quem compraria uma ação depois de ela ter subido mais de 100% só em 2009? Pois saiba que há papéis, que tiveram altas desta magnitude, e permanecem na lista de recomendações dos analistas. Essas ações constituem um grupo que sofreu fortemente com a volatilidade dos mercados durante o auge da crise financeira internacional, no ano passado, registrando perdas superiores a 90%. São as chamadas small caps, ações de empresas com baixo valor de mercado e baixa liquidez no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo. Parte delas está reunida no Índice Small Cap, que registra alta de 44,33% neste ano, frente ao avanço de 42,24% do principal índice de ações do mercado paulista, o Ibovespa.

 

“Quem pensa em investimentos com horizonte de médio e longo prazo [no mínimo, mais de um ano de aplicação] tem uma oportunidade nas small caps, pois com certeza as compras vão migrar para ações de segunda e terceira linha”, afirma o analista da corretora Coinvalores Marco Saravalle. Apesar da alta, reforça o analista da corretora Omar Camargo, Luiz Augusto Pacheco, sempre há small caps que se sobressaem e que ainda têm bom potencial de valorização.

 

Segundo os dados da empresa de informações financeiras Economática, das 59 ações do Índice Small Cap, 36 acumulam alta acima do Ibovespa neste ano. Os papéis com maior valorização, porém, estavam entre os mais castigados em 2008. A maioria registrou queda de mais de 60% no ano passado, quando o Ibovespa recuou 41%. “Para se recuperar da queda, essas ações algumas vezes têm de subir mais que o dobro da desvalorização”, calcula o sócio da Orbe Investimentos, Fábio Carvalho.

 

Saída dos estrangeiros

 

É o caso da mineradora MMX. Em 2008, as ações ordinárias da companhia tiveram queda de 86% e, neste ano, acumulam alta de mais de 170%. Mesmo com o bom desempenho nesses primeiros cinco meses de 2009, analistas ainda veem essas ações com bons olhos. Os papéis recebem duas recomendações de compra, uma de manutenção e nenhuma de venda dentre as análises coletadas pelo AE Consenso, serviço da Agência Estado que reúne perspectivas de analistas para ações. Com preço-alvo médio de R$ 10,55, o potencial de alta ainda é de quase 39% até o fim deste ano.

 

No ano passado, a forte queda das small caps tem uma explicação principal. “Os investidores estrangeiros ficaram com cerca de 70% dos papéis destas empresas nos IPOs (ofertas públicas iniciais de ações)”, lembra o analista da corretora Spinelli Jayme Alves, referindo-se às vendas de 2006 e 2007. Com a intensificação da crise, seja por aversão ao risco, seja por necessidade de caixa, os estrangeiros optaram por se desfazer primeiro (e mais fortemente) destas ações, em vez dos papéis de empresas maduras. O tombo das cotações foi inevitável. “De 70%, os investidores de fora reduziram a sua exposição a 20% ou 30% em outubro”, reforça Saravalle, sobre o impacto da saída dos estrangeiros.

 

Neste ano, os investidores estrangeiros já retornam à Bolsa, mas começaram pelos papéis mais negociados. “A aversão ao risco diminuiu, mas ainda não observamos uma volta intensa às small caps”, diz Carvalho, da Orbe. Por isso, especialistas acreditam que essas ações ainda tenham potencial de ganho pela frente. “Mesmo com a recuperação expressiva, algumas small caps ainda estão baratas”, acrescenta. Pacheco, da Omar Camargo, concorda. “O melhor momento, no fundo do poço, realmente já passou, mas ainda é uma boa hora para começar a comprar.”

 

O músico e compositor Flávio Henrique, de 40 anos, conseguiu aproveitar o piso do mercado, no ano passado, como poucos. Ele intensificou os investimentos em ações a partir de setembro e incluiu várias small caps em sua carteira entre outubro e novembro. Comprou ações – como as do Bicbanco e as da construtora Tenda – que foram vendidas neste ano com mais de 100% de lucro. “Confesso que foram as ações que me deram mais retorno”, conta.

 

Análise caso a caso

 

Não é o simples fato de o preço ter caído que torna a ação de uma empresa pequena um investimento atraente. Quando o assunto é small cap, a análise é muito mais individualizada e raramente permite generalizações. Na Spinelli, entre as ações da carteira recomendada, estão os papéis da Confab, da Ferbasa e da Totvs, cada qual de um setor diferente. Na Coinvalores, as ações do Bicbanco – que subiram 160% em 2009 – continuam com recomendação de compra.

 

As ações de construtoras, muito castigadas no ano passado, também embutem oportunidades de ganho no longo prazo, mas por ser este um setor mais instável, há a sensação de que já subiram demais. Neste primeiro semestre, medidas do governo para incentivar o crédito e o pacote habitacional impulsionaram as ações do setor. Todas as construtoras do Índice Small Cap já subiram mais do que o Ibovespa em 2009. “Elas não estão na nossa carteira recomendada, mas papéis como os da PDG e os da Rodobens, voltadas para a baixa renda e expostas aos efeitos do pacote habitacional, têm um bom potencial”, afirma o analista de construção civil da Fator Corretora, Eduardo Silveira.

 

Neste momento, lembra o sócio da Orbe, muitas small caps levam vantagem por estarem voltadas para o mercado interno. “Muitas blue chips brasileiras estão ligadas à exportação de commodities, negócio que atualmente embute maior risco do que o mercado interno”, afirma. “As empresas menos líquidas têm apresentado bons resultados nos balanços.”

 

Disposto a riscos

 

Apesar da recomendação de investimentos, os especialistas lembram que as small caps não costumam ser sugeridas para investidores novatos. “Para quem já tem histórico de negociação na Bolsa, sugerimos os papéis como forma de diversificação da carteira, para possibilitar ganhos acima do Ibovespa”, diz Saravalle. Ele sugere que os interessados em ampliar os ganhos incluam estas ações nas carteiras, numa proporção de cerca de um quinto do total – conscientes dos riscos que a opção representa, pois trata-se de ações pouco estáveis e muito mais sensíveis a crises.

 

Ciente dos riscos de aplicar em papéis de empresas pequenas, o investidor Flávio Henrique mantém 20% do investimento em Bolsa em ações do setor elétrico, mais defensivas, e outros 20% em ações de empresas grandes. Os 60% restantes vão para small caps. Embora tenha vendido parte de suas small caps poucos meses após comprá-las, ele mantém algumas para o longo prazo, à espera de lucros ainda maiores. É o caso dos papéis da Ferbasa, do setor metalúrgico, que já subiram mais de 60% desde que o investidor os comprou. “Apesar do ganho, estas não vou vender. Quando chegar a retomada forte da economia, com certeza estas ações vão subir”, avalia.

 

Mariana Segala e Yolanda Fordelone para AE Investimentos – Agência Estado.

 

 

 

 

 


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