São Paulo, 16 de Abril de 2009 – A recente recuperação no ritmo de captações externas de companhias brasileiras por meio de emissão de dívida pode ser um indicador de que o mercado acionário brasileiro irá ensaiar uma retomada já a partir do segundo semestre. A viabilidade para realizar novas ofertas de ações, no entanto, ficará limitada às operações volumosas e que envolvam empresas já consolidadas.
A avaliação é do vice-presidente do Itaú BBA, Jean-Marc Etlin. "Há um movimento claro de volta das captações em renda fixa, com as operações anunciadas por Telemar e Odebrecht", disse. "A oferta de ações da Redecard também mostrou que grandes empresas com histórico consolidado terão espaço para voltar à bolsa ainda durante o ano", exemplificou ontem, durante palestra do congresso anual da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap).
O executivo do banco de investimentos do Itaú não descarta a possibilidade de que a bolsa receba novas ofertas públicas iniciais de ações em breve (IPO, na sigla em inglês). "O mercado está muito mais seletivo do que em 2007, auge das aberturas de capital. A crise trouxe de volta a precificação de risco. Mesmo com os preços mais ajustados, podemos ter alguns IPOs, talvez quatro ou cinco."
Etlin também demonstrou otimismo em relação à recuperação do ritmo de transações de fusões e aquisições no País. "O desaquecimento momentâneo dessa indústria não se deve à falta de recursos ou interesse de investidores da ponta compradora. O que há é uma dificuldade em fixar preços de ativos", explicou.
Porta de saída estreita
Assim como a ida de uma companhia à bolsa, sua venda também é uma das portas naturais de saída do ciclo de investimento dos fundos de private equity e venture capital.
Em 2007, ano em que aconteceram 64 ofertas de ações, a maior parte dos desinvestimentos dos fundos acontecia com operações secundárias. Os fundos vendiam parte ou a totalidade da participação da companhia no momento de sua listagem. Isso funcionou como mecanismo de retirada até mesmo de companhias menores, o que não deve voltar a acontecer no médio prazo.Uma maneira de reduzir esse impacto para os fundos seria a possibilidade de listagens de companhias mais modestas. Seus IPOs girariam em torno de R$ 150 milhões e teriam como compradores investidores institucionais locais. O fato é que esse segmento de acesso de empresas à bolsa já existe. E não decolou. Há apenas uma empresa listada nesse ambiente: a Nutriplant, cujo IPO movimentou apenas R$ 21 milhões. "Os investidores terão medo de entrar em ofertas pequenas durante este ano", afirma Etlin. "Houve casos nos IPOs recentes em que entre 70% e 80% dos papéis ficaram nas mãos de 20 investidores. Isso significa que aqueles com poucas ações ficaram sem a possibilidade de sair. Terão de esperar que as companhias cumpram seus planos de negócios para encontrar a liquidez desejada", explica.
O ponto considerado razoável para novas ofertas secundárias, entretanto, pode estar cada vez mais próximo. Essa é a avaliação do diretor de desenvolvimento e fomento de negócios da BM&F Bovespa, Paulo Oliveira. "O índice tem estado próximo dos 45 mil pontos, o que já pode ser considerado adequado para sair."
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 1)(Luciano Feltrin)
Fonte: Gazeta Mercantil
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