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TCS, uma aposta no talento pé-vermelho

Fonte: Revista Mercado em Foco – ​Por Lúcio Flávio Moura

Como os altos executivos do País enxergam Londrina? A cidade é tão sedutora assim aos olhos de um profissional globalizado do mundo dos negócios?

Após uma rápida conversa com o carioca Bruno Rocha, 42 anos, um destes gestores com sólida formação acadêmica (graduação em Engenharia Civil pela UFMG, MBA em Finanças pelo Ibmec, Master em Gerenciamento Geral na britânica Universidade de Conventry) e com currículo invejável (passagens em altos postos na Brasil Telecom e Telemar), é possível dizer que sim.

A impressão positiva de Rocha, diretor financeiro das operações da Tata Consultancy Service no Brasil e no México, foi decisiva para a escolha de Londrina como base para a expansão da TCS no país. Os indianos se impressionaram com a participação dos estudantes de ensino superior na população total e com a qualidade do curso de Tecnologia da Informação (TI) oferecido pelo Senai.

A empresa tem um portfólio diversificado de consultoria que abrange áreas como TI, BPO, infraestrutura e engenharia e se instala em centros com proficiência em capital humano. A promessa é que no pico da operação na cidade o dellivery center da TCS irá gerar 4 mil postos de trabalho. Na primeira fase serão 700 empregos. O primeiro endereço será no Calçadão, mas outros imóveis deverão ser ocupados à medida que os investimentos forem aumentando e demandando mais espaços. Por questões de mobilidade, a TCS usa uma política global de incentivo ao transporte coletivo entre os colaboradores e sempre busca se fixar em regiões próximas a grandes estações de transporte, no caso de Londrina o Terminal Central entre a Avenida Leste Oeste e a rua Benjamin Constant. Uma ótima notícia para o centro da cidade, que pode ganhar vida nova a partir de um grande afluxo de trabalhadores. A seguir, trechos da entrevista concedida por telefone à reportagem da Mercado em Foco.

Mercado em Foco – Para um grupo de operação global, qual a característica mais desafiadora do mercado brasileiro neste momento?

Bruno Rocha – Nossa operação no Brasil atende basicamente mercado interno, em especial as multinacionais que atuam no Brasil. Então nós não concorremos com ninguém no mercado externo. Assim como os concorrentes no ambiente doméstico, nos esforçamos muito para manter um time com potencial para desenvolver projetos complexos, com alto nível de tecnologia disponível e lidar com o alto custo disso. 

 

MF – O custo Brasil assusta o Grupo Tata?

BR – O custo interno é o problema nosso e dos concorrentes. O custo de importação de serviços é muito caro no Brasil e isso também diminui toda a competitividade do segmento. E praticamente todas as cadeias de produção utilizam serviços como o nosso. Ter uma TI mais cara onera toda a economia e ter uma mão de obra pouco especializada também.

 

MF – A formação educacional da mão de obra também é um problema para o setor de TI?

BR – O número de engenheiros formado no Brasil em relação ao total é de 15%. Em outros mercados, esta fatia é o dobro. Isso diminui o capital humano disponível e encarece o serviço. Um técnico de TI dificilmente vai sair de um bairro mais pobre, quase sempre é de um bairro mais abastado, onde a educação é melhor. É um fator de oneração e de perda de competitividade, não só em relação a Europa, Estados Unidos ou Japão, mas também a países com renda semelhante como o México ou Argentina.

 

MF – Como a TCS avalia a modificação na legislação trabalhista?

BR – O ajuste que ocorreu é fundamental para que se conceba as novas formas de trabalho. Especialmente as empresas cujo negócio e tecnologia desafiam o modelo convencional. A nova legislação contribui para reduzir esta dificuldade. Também porque a menor regulamentação facilita a expansão do mercado de trabalho.

 

MF – Como Londrina, que concorreu com Juiz de Fora (MG) e Campo Grande (MS) para receber o delivery center, conquistou a preferência da TCS?

BR – Os recursos humanos são para o segmento o fator número um de escolha. Nosso único insumo real é o capital humano. Eu digo que não há fábrica de móveis onde não tem madeira. A disponibilidade da mão de obra, de alguma forma, preponderante. A facilidade para capacitá-la também conta muito. Salvo engano, são 50 mil estudantes que vivem em Londrina, quase 10% da população do município. E há também um enorme pool de profissionais que se formaram na cidade e que migraram em busca de emprego e que, eventualmente, teriam interesse em retornar, com uma carga muito interessante de experiência. O que a gente busca em Londrina é tanto profissionais juniores dentro das universidades quanto profissionais experientes que também se formaram na cidade ou têm interesse em residir nela. São eles que vão construir nosso núcleo operacional.

 

MF- Há planos da TCS em formar parcerias com as instituições de ensino? Como isso se dará?
BR – Vamos desenvolver um programa de bolsas no ensino superior, a expectativa é já ter isso no segundo semestre deste ano. Também teremos apoio do Senai, uma instituição importante na cidade. O curso técnico em TI na unidade de Londrina é a melhor do País. É um Senai maduro, bilíngue e muito calcado no empreendedorismo. A estrutura que o Senai oferece e que promete incrementar foi um fato decisivo na nossa escolha.

 

MF- A princípio serão 700 empregos e o planejamento é alcançar 4 mil novos postos de trabalho a médio prazo. Como será o ritmo desta expansão?

BR – Temos uma estrutura provisória onde atuam 70 colaboradores. Esta estrutura vai funcionar até que o centro propriamente dito esteja pronto. A previsão é que em abril este local já esteja adequado para receber pelo menos 700 posições. A ocupação do centro será gradual. Não é simples. Temos que primeiro montar um time experiente, que ganha competência para depois ganhar escala. O preenchimento destas 700 posições deve ocorrer num prazo razoável, que eu diria cerca de dois anos. Evidentemente que tudo depende do crescimento do negócio. Quanto maior o centro fica, mais rápido ele cresce. Os 4 mil postos de trabalho é o contingente que a gente ocupa em outros deliveries center da companhia. É um tamanho padrão. É importante dizer ainda que não teremos outro centro como este no Brasil. Nossa operação será centralizada em Londrina, mais especificamente na área central. Pretendemos ir ocupando outros prédios na mesma região, mantendo nossa estrutura próxima do Terminal Urbano, uma facilidade para os colaboradores que a gente não abre mão. Em qualquer outra região, teríamos um impacto enorme na mobilidade, o que reduziria nosso nível de produtividade.

 

MF- O que a TCS espera de um colaborador? Quais são as virtudes mais valorizadas pela empresa?

BR – Como nosso negócio demanda mão de obra intensiva, nós pensamos a equipe a longo prazo. A TCS só aumenta receita aumentando o quadro de trabalhadores. Nosso foco é trabalhar com pessoas que queiram construir uma carreira na companhia. A formação de um profissional que entra na empresa como trainee até alcançar o nível sênior pode ser de até 10 anos. É um processo grande de investimento. Queremos trabalhadores com foco no autodesenvolvimento, no desenvolvimento de idiomas, uma vontade de se juntar a nós para construir uma carreira a longo prazo. Este é o perfil que a gente busca.

 

MF – Como está o recrutamento online para compor a equipe? Já há um perfil de quem se interessou em trabalhar na TCS?

BR – A gente recebeu um grande número de currículos. Aliás, quanto mais currículos, melhor, porque, repito, os recursos humanos formam a base da nossa operação. À medida que o centro ficar pronto, os selecionados começarão a ser chamados.


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