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Terceiro setor sente efeitos da crise e reduz orçamentos




Fonte: JB Online

 

RIO DE JANEIRO – A crise financeira internacional obrigou as empresas a revisarem os orçamentos deste ano. Com a redução, que afetou a maioria das corporações, uma cascata de problemas como demissões e redução dos investimentos contribuíram para multiplicar o impacto sobre o mercado de trabalho. Os efeitos colaterais, no entanto, também recaíram sobre um tipo de entidade que vive à reboque dos bons ventos da economia: as organizações não governamentais (ONGs), que sentiram de forma contundente os efeitos da queda de patrocínios e doações de pessoas físicas.

 

Criada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, a Ação da Cidadania passa por dificuldades. A tradicional campanha Natal sem Fome, que recolhe alimentos, livros e brinquedos, não arrecadou em 2008 o que era recolhido em anos anteriores.

 

– A campanha já foi bem difícil e as contas estão apertadas. As empresas diminuíram o apoio financeiro em função da crise – ressaltou a coordenadora executiva da ONG, Maria José Andrade.

 

A Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (Abong) estima corte de R$ 2 milhões até o fim deste ano, no total, na arrecadação das instituições credenciadas à entidade. As ONGs da associação arrecadam, juntas, cerca de R$ 10 milhões por ano.

 

A conselheira da Abong, Aldalice Otterloo, conta que, a cada dia, aumenta o número de instituições que perderam apoio financeiro de companhias. Alguns com duração de anos.

 

– Recentemente, uma ONG nos procurou para informar que duas empresas cortaram o patrocínio. Arrecadar verba para essas instituições não é uma tarefa difícil, e isso piorou – disse Aldalice, ao destacar que os agentes privados só destinam 1% do orçamento para ações de responsabilidade social.

 

A Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) também sofre com a queda da arrecadação. No país, há 2.040 Apaes e a maioria sofre com os cortes de verba. A Caixa Econômica Federal negou, recentemente, patrocínio para as Olimpíadas das Apaes, usando como justificativa a crise financeira internacional. A companhia aérea Gol também cortou a doação de passagens para voluntários, que precisam se deslocar para outros estados.

 

Segundo o presidente da Federação Nacional das Apaes, Eduardo Barbosa, a empresa disse que iria apoiar programas ligados à tecnologia de aviação. Procurada pelo Jornal do Brasil, a Caixa informou que o orçamento de patrocínios para este ano soma R$ 58 milhões, dos quais R$ 30 milhões para esportes e R$ 28 milhões para projetos culturais, já que foi fechado antes da crise. Alguns projetos foram negados não só porque ultrapassaram o prazo de editais, mas também devido ao aumento da procura de apoio.

 

Tendência mundial

 

A turbulência econômica não afetou, no entanto, apenas o terceiro setor no Brasil. O líder de arrecadação, os Estados Unidos, registrou queda de 5,7% em 2008, ao passar de US$ 314 bilhões, em 2007, para US$ 308 bilhões. O Brasil captou US$ 15 bilhões no ano passado.

 

O conselheiro da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), René Steuer, explica que as instituições filantrópicas são as primeiras a sentir os efeitos de colapsos financeiros.

 

– Empresas e governos reduzem o volume de patrocínios para tentar manter as contas equilibradas. Além disso, o desemprego e o aperto na renda familiar também reduzem doações de pessoas físicas – diz.

 

A arrecadação de pessoas físicas da WWF–Brasil caiu 8% entre dezembro, janeiro e fevereiro.

 

Natália Pacheco para o Jornal do Brasil.

 

http://jbonline.terra.com.br

 


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