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Uso de cartões avança, e emissão de cheques cai à metade desde 2000




Fonte: G1

 

A forma como o brasileiro paga suas contas está mudando: desde 2000, o número de cheques compensados no país caiu à metade, segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

 

Naquele ano, 2,63 bilhões de cheques foram compensados no mercado interbancário (cheques emitidos por um banco e apresentados a outro). No ano passado, esse número caiu para 1,39 bilhão.

 

Mais sujeitos a fraudes, os cheques perderam espaço para os cartões de crédito e débito e para as transações eletrônicas. De 2000 a 2008, o número de operações com os dois tipos de cartão cresceu mais de cinco vezes, de 800 milhões para 4,3 bilhões anuais.

 

“O uso do cheque caiu porque houve a criação e a expansão de outras formas de pagamento e financiamento”, diz Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa. “O cheque pré-datado, por exemplo, é venda a prazo, e concorre diretamente com o parcelamento no cartão de crédito”, explica.

 

Em muitos casos, a preferência pelo uso do cartão de crédito é do próprio varejo. Isso porque, caso o cliente deixe de pagar a conta, a inadimplência é transferida à administradora. Mas, pela tranquilidade de não levar “calote”, o comércio paga à administradora uma taxa sobre o valor da venda.

 

No pagamento à vista, os clientes também vêm preferindo o plástico ao papel. “O cartão de débito é uma forma até mais segura de fazer um pagamento do que ficar usando cheque”, diz Almeida.

 

Segundo Walter Tadeu de Faria, assessor técnico da Febraban, as operações eletrônicas também vêm tomando o espaço dos cheques.

 

“Esse tipo de transação vem caindo nos últimos anos em vista da implantação, a partir de 2002, do sistema brasileiro de pagamentos. Uma boa parte de cheques migrou para a transferência eletrônica”, diz.

 

Alto valor

 

Mas se o número de cheques emitidos já perde para o de operações com cartões, em volume, o papel ainda é imbatível.

 

Em 2008, os brasileiros gastaram R$ 1,05 trilhão no cheque – e “só” R$ 322,5 bilhões nos cartões de crédito e débito. Resultado da disparidade no tamanho dos gastos: enquanto o valor médio das operações no cartão de crédito foi de R$ 86 em 2008, no cheque esse valor foi de R$ 835, segundo a TeleCheque.

 

“O consumidor brasileiro tem hoje uma renda média de uns R$ 1 mil, o que significa que ele tem um limite baixo no cartão de crédito. Então ele não consegue comprar uma geladeira, uma máquina de lavar, material de construção, essas coisas, no cartão”, explica José Antônio Praxedes Neto, vice-presidente da TeleCheque.

 

Por essa característica, o cheque ainda é um instrumento de crédito muito forte no país, aponta Praxedes.

 

E sua importância cresceu com a crise. “Com a oferta de crédito reduzida, o comércio teve que buscar alternativas para financiar o consumidor, e aí voltou a crescer o uso do pré-datado”, diz Almeida, da Serasa.

 

“Substituiu o financiamento bancário, as financeiras, que tiveram um período de ruptura”, completa.

 

Faria, da Febraban, no entanto, alerta para os perigos desse recurso. “As pessoas, com o cheque pré-datado, postergam o compromisso financeiro, acreditando que vão ter uma situação financeira melhor mais para frente. Mas isso pode se reverter numa inadimplência mais adiante”.

 

Laura Naime para G1.

 

www.g1.com.br

 


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