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Fonte: Folha de Londrina

Sem poder contar com a proteção policial durante todo o dia, pequenos empresários de Londrina lançaram mão de alternativas para evitar a ação dos criminosos, que ontem de manhã fizeram mais uma vítima na Vila Casoni (Região Central de Londrina): um empresário foi morto ao tentar escapar de um assalto. Como prevenção, comerciantes, lojistas e prestadores de serviço optaram por reduzir o horário de trabalho, atender com portas fechadas e alertar por telefone a vizinhança.

Na Vila Casoni, o clima ontem era de tristeza e indignação pela morte de Otacílio Tomás de Aquino, 76, que há mais de 10 anos trabalhava no bairro com mulher e filhos. Na noite de anteontem, ele ainda tomou um refrigerante no bar da esquina e conversou com amigos. ””A vida hoje é assim: o trabalhador vai e os bandidos ficam””, lamentou um conhecido da vítima. ””Ele era um homem de Deus””, completou.

Na vizinhança, poucos são os que não têm pelo menos uma história de roubo para contar. Até por isso, ninguém se identifica. Um bar na Rua Guaranis só este ano foi alvo de dois assaltos a mão armada. ””De dia a gente vê viatura da Polícia mas à noite não passa ninguém. Costumava fechar à meia-noite e hoje quando são 20 horas já estou indo embora””, afirmou. Outro comerciante da região também encurtou a jornada para não ter surpresas desagradáveis. ””Quando escurece, os viciados em crack abordam quem encontram pela frente””, apontou. Hoje, às 15 horas, os comerciantes realizarão um protesto contra a violência.

Longe da Vila Casoni, os comerciantes da Avenida Inglaterra (Zona Sul) também tomaram medidas contra os criminosos. O cabeleireiro Misael Rodrigues Santana trabalha trancado o dia todo. Sorte que tem freguesia fiel. Mesmo assim, também encurtou a jornada de trabalho em três horas para não expor os clientes. Ele apontou que as quintas-feiras, dia de feira livre noturna, a situação piora. Há três semanas, segundo o micro-empresário, três carros foram roubados.

A lojista Gilsen Machado Pereira tem loja há 24 anos na avenida e também aderiu à tranca contra assaltantes há cinco anos. Colocou até um simpático aviso de ””aberto”” na porta para não espantar os clientes menos atentos. Mas, mesmo assim, foi vítima de assalto há um ano. ””O rapaz estava bem vestido e disse que queria ver moleton. Mas estava armado, rendeu todo mundo e fugiu com dinheiro e roupas””, recordou. Há alguns anos, os comerciantes da região passaram a monitorar suspeitos que passam na rua e avisam uns aos outros ao menor sinal de perigo. ””Já evitamos assalto com isso””, conclui Gilsen.

Porta-voz da Polícia Militar, o tenente Ricardo Eguedis elogia a atitude dos comerciantes e diz que é uma boa estratégia: ””em comunidade que não existe entrosamento, os crimes são mais frequentes e com maior periculosidade””. Outra atitude fundamental é informar a Polícia sobre qualquer movimentação estranha ou pessoa suspeita.

Eguedis afirmou que o policiamento ostensivo não exclui nenhuma região mas argumentou que a Polícia sozinha não pode fazer milagre, mesmo com aumento de efetivo e viaturas, e exemplificou que só neste ano a PM teria apreendido cerca de 200 armas. ””Londrina, o Paraná e o Brasil estão assolados por uma onda violenta de crack e isso precisa ser discutido””, analisou. No caso do crime da Vila Casoni, ele lembrou que a dupla planejou a ação e sabia o que buscava: os assaltantes conheciam onde estava a câmera de vigilância e esconderam o rosto e procuraram diretamente o cofre.

Luciano Augusto para Folha de Londrina.

(Foto: Misael Santana)

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