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A banda marcial que desfila pela história

Fonte: Fernanda Bressan – Revista Mercado em Foco/ACIL

Tuba, trombone, trompete, percussão, baliza; sons ecoando em marcha com suas alegorias. Há 50 anos nascia a Banda Marcial Marcelino Champagnat, Patrimônio Cultural de Londrina que, por meio da música, leva cidadania, ritmo e melodia para crianças não só do Colégio Marcelino Champagnat como da comunidade. Era o ano de 1969 quando o então diretor do colégio, professor José Markzack, e o professor Hiroki Kanayama Oba fundaram a banda que se tornaria conhecida anos depois em todo o Brasil.

O cinquentenário será celebrado de forma especial com um concerto no Teatro Ouro Verde no dia 17 de novembro, aberto à comunidade. Integrantes atuais da banda e também a “velha guarda” estarão no palco ecoando os sons que mudaram a vida deles e de centenas de pessoas que passaram pela banda nessas décadas.

Adilson Gibelato, que entrou na banda em 1979, aponta que o foco do trabalho sempre foi trazer o aluno da escola para a música e, ao mesmo tempo, passar lições de cidadania e respeito. “Temos muitas histórias de resgate de pessoas que estavam em situação de vulnerabilidade e a banda mudou este rumo. Ela tem essa função social de formar o cidadão antes de formar o músico”, destaca.

Contemporâneo dele na banda, Francisco de Assis Venâncio, que ingressou em 1978, completa que a inclusão sempre foi um diferencial. “Ela sempre foi inclusiva, sem distinção, todos os alunos podiam participar”, diz. Fernando Castro, na banda desde 1987, complementa: “É uma atividade em grupo e a inclusão é fundamental para isso, tem que conviver com a diversidade e sempre teve uma harmonia muito boa na banda”, recorda.

Não à toa, muitos músicos seguem participando das atividades há 40 anos! Gerson Wagner está desde 1975 e se recorda dos tempos de concursos e fanfarras. “O Desfile de 7 de Setembro era uma festa, fazia parte da cultura da banda, e tinham também as fanfarras na escola. O Champagnat participava de vários concursos e fomos inclusive bicampeões nacionais, além de ter vários prêmios estaduais”, relembra. De fato, a banda é considerada até hoje uma das melhores de todo o país.

Um curto recesso

Quando foi fundada, o status era forte. “Na época em que a banda surgiu, era um diferencial do colégio ter a banda, formada por instrumentos de metais (sopro) e percussão além do corpo alegórico”, conta Francisco Venâncio. Mas a trajetória não teve só glórias, dificuldades financeiras levaram a banda a suspender as atividades entre 2006 e 2012. “Não tinha recurso para continuar. Ao longo da história temos momentos em que o aporte financeiro foi fundamental para a aquisição de instrumentos, em 1985 foi o Banestado, em 1993 a Fundação Banco do Brasil e, em 2012, tivemos a inclusão na Lei Rouanet e também o patrocínio da P.B.Lopes Scania que nos auxilia até hoje. Foi um recomeço em 2012 quando o projeto foi aprovado na Lei Rouanet”, diz Venâncio.

Com o renascimento da atividade, os alunos puderam voltar a ter as aulas que tanto agregam no currículo e na vida. O trabalho é intenso. As aulas acontecem todos os dias, inclusive aos sábados, sempre no contraturno. São cerca de 12 horas semanais em que teoria musical e oficinas de instrumento estão entre as atividades. O trabalho é de altíssima qualidade e eles já tocaram inclusive com a Orquestra da OSUEL. “Também experimentamos os arranjos feitos pelos alunos do curso de Música da UEL”, diz o maestro Gilberto Queiroz, responsável atual pela banda. O repertório é vasto, indo do clássico e das músicas folclóricas até MPB, pop norte-americano e música de raiz.

“O objetivo é que eles aprendam a arte da música e isso auxilia no desempenho na escola, tem que ir bem na escola para estar na banda, se as notas não estão boas, não pode continuar. A maioria dos alunos da banda que termina o ensino médio passa no vestibular, aí vemos que alcançamos nosso objetivo. Aluno da banda não pode reprovar”, diz o maestro. “A banda é uma complementação pedagógica, uma atividade extracurricular que entra no histórico escolar. Os alunos aprendem a teoria musical e vão experimentando os instrumentos. O ideal é até que não saibam nada de música quando entram na banda”, acrescenta Claudecir da Silva, diretor do colégio e da banda.

Disciplina e boas notas

O comportamento é outro ponto forte trabalhado. “A banda tem que ser um corpo só. Acontece muito de alunos que estão dando trabalho na escola, quando chegam na banda, mudam porque na banda tem que ter disciplina, eles entram e encontram este ambiente. Tem que falar baixo, ter disciplina”, atesta Gibelato.

O resultado é a formação de pessoas. “Falamos com orgulho de pessoas que saíram da banda e hoje são músicos de orquestras, juiz de direito, médico e várias outras profissões. Eles estavam na banda, mas também estudavam, condição para participar”, reforça Gibelato.

A idade mínima para ingressar na banda é oito anos, em geral, eles ficam até encerrar o ensino médio. Mas, como se vê neste texto, muitos seguem participando da banda, sem limite de idade. De 1969 para cá muita coisa mudou. Não há mais coretos, a tradição dos desfiles não é mais o mesmo, entretanto a banda segue mostrando sua arte em concertos e formando cidadãos para o mundo. Todos estão convidados a celebrar esta arte na apresentação do Ouro Verde.


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