Neste ano, a cada 20 horas um motorista teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) cassada em Londrina. Até 30 de agosto, 289 carteiras foram cassadas na cidade, 26% a mais do que no mesmo período do ano passado. Os dados, fornecidos pelo Departamento de Trânsito (Detran), mostram também o aumento no número de motoristas que continuam dirigindo depois de ter a CNH suspensa.
“Em toda operação que fazemos, sempre flagramos motoristas dirigindo com carteira suspensa, cassada e, principalmente, motoristas não habilitados”, afirma o tenente Thyago Chinisk, da Polícia Militar (PM).
A suspensão da CNH ocorre quando o motorista atinge 20 pontos em infrações de trânsito ou quando comete uma infração que implica suspensão direta, como dirigir embriagado. No período em questão, 2.229 condutores londrinenses tiveram a CNH suspensa por excesso de pontos e 1.004 por suspensão direta.
O motorista que tem a habilitação suspensa perde o direito de dirigir pelo prazo de um mês a um ano, dependendo do motivo que levou à suspensão. Cumprido o período, basta fazer o curso de reciclagem para recuperar a CNH. Se violar a suspensão, terá a carteira cassada. Neste caso, além de ficar dois anos sem poder conduzir, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, o motorista pode ser detido pelo prazo de seis meses a um ano.
Na prática, no entanto, a detenção de motoristas só ocorre em casos de embriaguez no trânsito. “Quando o motorista é flagrado dirigindo com a carteira suspensa ou cassada, ele é notificado e o veículo fica retido no pátio do Detran”, conta o tenente Chinisk.
O policial revela, no entanto, que, para não sobrecarregar o pátio, muitas vezes o condutor é apenas autuado e o carro liberado para um parente ou amigo habilitado. “A gente leva o carro nos casos reincidentes, porque aí a gente vê que não adiantou mesmo. Aí ele tem de pagar a diária do pátio.”
Chiniski ressalta que, no caso de o condutor estar dirigindo um carro de outra pessoa, o proprietário também pode ser responsabilizado, inclusive com a cassação da CNH.
Direção e álcool
Nos casos de suspensão direta da CNH, uma das principais causas é a direção combinada com a ingestão de álcool. Entre janeiro e agosto deste ano, foram 81 casos em Londrina. “Ontem mesmo, autuei em flagrante um rapaz dirigindo embriagado. Ele foi detido e teve a habilitação suspensa”, conta o delegado da Delegacia de Trânsito, Algacir Antonio Ramos.
Os casos de embriaguez ao volante que tiveram as consequências mais graves neste ano ainda nem aparecem nos números. Em setembro, duas pessoas foram mortas por motoristas dirigindo embriagados. Pelo menos um deles conduzia com a carteira suspensa. Segundo o Ministério Público (MP), os dois continuam presos.
“Londrina escolhe a vida” inicia ações para o trânsito
A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) iniciou uma campanha em conjunto com outros órgãos para combater os problemas do trânsito. “Serão várias ações de conscientização, orientação e fiscalização de motoristas e pedestres”, conta a coordenadora de educação no trânsito da CMTU, Danielle Pizaia.
Segundo ela, um dos grandes problemas enfrentados hoje pelos órgãos de trânsito de Londrina é a comunicação das operações de fiscalizações em grupos virtuais. “São grupos do Facebook e do Whatsapp, em que as pessoas avisam onde as blitze estão sendo feitas.” A coordenadora ressalta que quem publica informações nesses grupos acaba beneficiando um motorista irresponsável e isso traz prejuízos a toda a sociedade. “Quem avisa essas pessoas precisa saber que pode acabar sendo vítima desse motorista.”