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A casa do futuro

Fonte: Lúcio Flávio Moura – Revista Mercado em Foco/ACIL 

A construção que um dia se tornou um símbolo negativo – uma lembrança concreta das dificuldades da cidade em atrair investimentos no setor industrial – está ganhando forma como um emblema da aceleração de um novo ciclo econômico.

O galpão, que abrigaria a fábrica da Pepsi nos anos 1990 e que na década seguinte começou a ser pensado como uma estrutura âncora do Parque Tecnológico Francisco Sciarra, foi escolhido para ser a casa da inovação e o endereço onde caberão todos os sonhos de um ecossistema em processo de amadurecimento, que já faz da região de Londrina uma das mais promissoras quando o assunto é revolução tecnológica.

As obras do Tecnocentro, localizado no Lindoia (zona leste), começaram em novembro e a previsão de entrega é para agosto de 2020. São 3 mil metros quadrados, divididos em dois pavimentos.

O projeto prevê a instalação de laboratórios, escritórios, salas de reunião e um auditório. “É muito animador saber que em 2020 a cidade vence mais esta etapa. Além de acompanharmos a obra com especial interesse, vamos trabalhar paralelamente para construirmos uma governança equilibrada, sólida e moderna para reger nosso ecossistema”, lembra Fernando Moraes, presidente da ACIL.

“Temos ótimos exemplos de cidades brasileiras que se tornaram referência na nova economia a partir de instalações similares. O melhor é que mesmo estes exemplos bem-sucedidos não tinham uma gama tão completa de ativos como nós temos em Londrina”, lembra o líder empresarial.

Ronaldo Couza, diretor da ACIL, especialista em Tecnologia da Informação e presidente da Central de Inovação, Desenvolvimento e Negócios Tecnológicos (Cintec), acredita que o principal efeito do funcionamento do Tecnocentro será um reforço nos vínculos. “Temos expectativa que esta estrutura seja um hub de integração, onde estejam entidades privadas, órgãos públicos, instituições de ensino e empresas”, prevê. “É um ponto de convergência, com escritórios e laboratórios onde o tráfego de informação será intenso, melhorando a produtividade de vários segmentos”, analisa.

A responsabilidade pelo espaço é do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), mas há uma grande chance da gestão ser compartilhada entre a sociedade civil, as empresas e a administração municipal.

“Entendemos que o modelo de negócio deve ser desenhado em conjunto com o ecossistema de inovação e já estamos trabalhando nesse sentido”, sugere o diretor-presidente da Codel, Bruno Ubiratan. “Acreditamos que o Tecnocentro funcionando como centro de inovação trará muitos ganhos não só ao Parque Tecnológico, mas também a toda cidade”, avalia o líder do instituto. “Londrina vive um grande momento com relação ao desenvolvimento de ativos voltados para ciência, tecnologia e inovação, e o Tecnocentro contribuirá para potencializar esse cenário”, aposta.

Para o Sebrae, o maior desafio neste momento, além da finalização da obra, é, segundo o consultor Heverson Feliciano, “criar uma modelagem de negócio que permita ter uma gestão sustentável deste espaço, mas também sirva de suporte para gestão de todo ecossistema”.

Oportunidades de conexão

Heverson explica que o centro de inovação tem um efeito estratégico em toda a cadeia. “Nosso ecossistema já é um dos melhores do país, com um potencial enorme para se fortalecer, mas a falta de um local, um centro de inovação, dificulta a sensação de que algo coletivo está acontecendo. A sede, tanto para quem vem de fora ou mesmo para o setor produtivo local, dá uma visibilidade maior para as oportunidades de conexão”.

Há um consenso entre os integrantes do ecossistema em relação à urgência do funcionamento do Tecnocentro, justamente porque a velocidade que a revolução digital impõe ao mercado acaba oferecendo oportunidades que não podem ser desperdiçadas.

O Sebrae, por exemplo, acredita que a Inteligência Artificial e a Internet 5G vão abrir novos campos de geração de emprego e renda, como a Internet das Coisas e a Indústria 4.0. “Precisamos acompanhar este momento, criando novos negócios ou inserindo os existentes nesta nova economia”, avalia Heverson. “Londrina está muito bem posicionada, mas como todas as demais cidades precisa se fortalecer com a formação de talentos, a integração dos centros de pesquisa com as empresas, a criação de novos ambientes de inovação e políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo”, enumera o consultor.

A organização do modelo de ocupação do Tecnocentro e o formato de governança do ecossistema de inovação são dois dos assuntos mais comentados nos bastidores e na própria programação oficial de um cardápio variado de eventos, que alcança desde o Lidere até a ExpoLondrina, passando por realizações como o Eco.Tic e o Agrobit.

“Não há como negar que estas questões estão na linha de frente do debate sobre o desenvolvimento de Londrina. E isso já é uma conquista para a cidade”, lembra o superintendente da ACIL, Rodrigo Geara. “A intensidade de troca de impressões, opiniões e informações que temos no ambiente da sociedade civil, ligada às nossas origens e à nossa tradição, é um diferencial em relação a outros polos, e isso é sempre ressaltado por todos os especialistas”.

Consultoria

Uma destas instâncias de pensamento coletivo sobre a cidade é o Núcleo de Desenvolvimento Empresarial, um colegiado de líderes da sociedade civil que se reúne semanalmente no Palácio do Comércio. De encontro em encontro, após visitas técnicas a Florianópolis, este grupo decidiu criar um fundo para a contratação de uma consultoria que diagnosticasse os setores mais promissores para a inovação (no caso, agronegócio, TIC, química e materiais, eletrometal-mecânico e saúde) e que lançasse as bases para a integração e para a cooperação a partir de uma governança única.

O corpo técnico escolhido para esta finalidade tem uma larga experiência no currículo. Eles trabalham para a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras, ou simplesmente Fundação Certi, criada há 25 anos no campus da Universidade Federal de Santa Catarina.

Conforme observa Geara, os estudiosos se impressionaram com esta união de líderes e apostam alto no potencial de Londrina para converter toda esta preparação em excelentes resultados a médio prazo.

Uma delas é a coordenadora de projetos da fundação, Maria Gorete Hoffmann. Em uma das suas visitas a Londrina, a especialista explicou à reportagem da Mercado em Foco sobre a importância da instalação do Tecnocentro. “É a visibilidade do ecossistema numa edificação, que abriga ações complementares, que criam ambientes que não existiriam sem ele”, resume a consultora catarinense. “Isso viabiliza tanto a criação de novas startups quanto dá mais competitividade às empresas já consolidadas no polo”, avisa. “É um conjunto de espaços, que se conectam, que realizam eventos, que estimulam a criatividade. Tem laboratórios de inovação e empresas tradicionais tendo insigths, lapidando ideias, fazendo experimentos que podem gerar negócios, empregos e renda”.


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