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A inteligência artificial por trás das mentes

Fonte: Francismar Lemes – Revista Mercado em Foco/ACIL

A Inteligência Artificial (AI) mudou os mercados de negócios mundiais. Um poder disruptivo, escalonado pelos hubs de inovações, espaços que aglutinam empresas de base tecnológica e alto potencial de crescimento. Esses ecossistemas podem acelerar e remodelar a economia brasileira, principalmente no mundo pós-pandemia do novo coronavírus.

Londrina poderá ter uma reação decisiva após criar, no ano passado, o Hub de Inteligência Artificial do Senai, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

Com capilaridade nacional, o hub tem, entre os programas, a Residência em Inteligência Artificial para Empresas. É a primeira do Brasil e conecta empresas e instituições a profissionais do mercado.

Os números de crescimento econômico global que se colocam sobre a mesa agora são eclipsados pelos impactos da Covid-19. Porém, antes da irrupção da doença, o especialista em Mídia Digital do Fórum Econômico Mundial, Ross Chainey, estimou que o Produto Interno Bruto (PIB) do planeta seria 14% maior até 2030, como resultado da IA, o que equivaleria a US$ 15,7 trilhões.

É hora de um grande reset, diz Klaus Schwab. O fundador do Fórum Econômico Mundial acredita que podemos emergir da crise melhores e que as mudanças em resposta à Covid-19 provam a necessidade de redefinir as fundações econômicas e sociais. Para Schwab, é preciso aproveitar as inovações.

O chefe de Comércio Digital, Ziyang Fan, e o líder de Projetos e Comércio Digital, Yan Xiao, ambos do Fórum Econômico Mundial, destacam que a pandemia acelerou dez tendências tecnológicas que vão do comércio online ao pagamento digital, trabalho remoto, ensino à distância, telessaúde, impressão 3D e entretenimento.

Predisposições que vão de encontro à Acesso Digital, a primeira e maior IDTech brasileira, que desenvolve soluções em biometria facial e admissão digital. A empresa é uma das patrocinadoras da Residência em IA do Senai.

Matéria do Valor Econômico destacou que, neste ano, a e.Bricks fez um aporte de R$ 40 milhões na Acesso Digital, com sede em São Paulo e Londrina. A IDTech fechou 2019 com um faturamento em torno de R$ 100 milhões.

No recorte apenas de maio de 2020, mês em que a pandemia imobilizou grande parte da economia brasileira, a Acesso Digital realizou mais de R$ 3 milhões em transações.

Com investimentos a partir de R$ 90 mil ao ano na Residência em IA do Senai, empresas patrocinadoras, como a Acesso Digital, podem agilizar processos, aumentar e melhorar a automação, qualidade e produtividade, reduzir custos de produção e aperfeiçoar produtos e serviços.

“O hub é a forma mais barata e de melhor qualidade que as empresas podem ter para realizar experimentos. São provas de conceito, que acessam por meio do programa de residência. O hub seleciona profissionais de mercado que ficam conosco 12 meses e, ao longo desse período, as empresas que desejarem patrocinar o programa receberão quatro projetos de temas de interesse para aplicação no seu negócio”, ressalta o gerente do Hub de Inteligência Artificial do Senai, Felipe Couto.

Pandemia versus Tecnologia

A pandemia do novo coronavírus escancarou as deficiências na organização da sociedade, economia e dos governos para enfrentar a crise, mas mostrou que, além da promessa da IA impulsionar negócios, é uma tecnologia importante na luta pela sobrevivência da humanidade ao processar massas de informações, ajudando a compreender o comportamento do vírus e como combatê-lo.

“Na área de saúde, uma empresa patrocinadora da residência pode compartilhar uma parte da base de dados de clientes, usuários e médicos. Todos os dados que estiverem disponíveis são insumos, matéria-prima para rodarmos alguma aplicação de Inteligência Artificial”, destaca Couto.

O reset das fundações econômicas e sociais dimensionado por Klaus Schwab, idealizador do Fórum Econômico, requer que as empresas estejam calibradas para o novo mundo.

“As empresas patrocinadoras da nossa residência ganham maturidade para trabalharem com Inteligência Artificial. Ainda que seja um ganho mais intangível, passa a ser relevante porque estamos vivendo um momento único no mundo. A pandemia alterou profundamente a dinâmica dos negócios. As empresas que não souberem atuar de forma digital não terão mais espaço no mercado. Estamos vendo uma série de iniciativas como a compra de carros à distância e transações imobiliárias sem que comprador de uma casa tenha que visitar o imóvel. O e-commerce está crescendo muito. Todos estes são exemplos de que as empresas precisam ganhar musculatura, experiência, vivência no mundo digital. A partir do momento em que a empresa está inserida no mundo digital, naturalmente, a tecnologia de IA é fundamental para o sucesso e existência da empresa”, avalia Couto.

Para a Acesso Digital, a Residência em Inteligência Artificial do Senai é uma extensão da área de pesquisa e desenvolvimento da empresa.

Com um portfólio de clientes de setores como fintechs, bancos, empresas de telecom, hospitalar e companhia aérea, a Acesso Digital reconhece que ainda há muita oportunidade para crescer e a residência em IA reforça esse potencial.

“Nosso primeiro contato com o hub foi pensando no desenvolvimento de imagem. Queríamos melhorar a leitura de caracteres. Agora, a gente vai partir para outra POC (Proof of Concept), uma prova de conceito, de reconhecimento de assinatura digital”, afirma o Head de Produto da Acesso Digital, Rafael Mansur Haddad.

A pandemia derrubou as estatísticas de emprego. Ainda assim, os dados podem ajudar a compreender o potencial da área de tecnologia e a necessidade do profissional de TI investir em formação, como a Residência em IA do Senai.

“Procuram-se Humanos: os robôs precisam de você”. O título do estudo da ManpowerGroup, líder mundial em soluções inovadoras em força de trabalho, realizado em 2019, indica que o nível de instrução e experiência que os empregadores exigem é cada vez mais alto.

Nos Estados Unidos, 86% das vagas de TI exigiam bacharelado em Ciência da Computação e, ainda assim, somente 43% dos trabalhadores possuíam o título.

Noventa e dois por cento dos anúncios de emprego para desenvolvedores Java exigiam diploma, e 48% dos desenvolvedores tinham. No Reino Unido, 25% dos profissionais de TI eram diplomados e 46% das vagas abertas exigiam a titulação como requisito obrigatório.

“Forma-se muitos profissionais na área de tecnologia, mas sobram vagas. Essa iniciativa, que aproxima as empresas das suas necessidades e de pessoas interessadas em ser capacitadas, pode diminuir esse apagão. No Brasil, a capacitação de profissionais é uma carência geral. Contratar profissionais de IA é difícil. A gente tendo um contato próximo com o Senai, é uma porta de entrada desses profissionais no mercado. No programa de residência, as empresas têm contato próximo com os residentes. Assim que terminarem a residência, esse contato com as empresas já está feito, a porta está aberta, é muito mais fácil contratarmos o profissional que queremos”, afirma Haddad.

Jéssica Fernanda, 27 anos, é formada em Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação, com mestrado na área de Computação pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).

“Acho que a residência é uma grande oportunidade, principalmente para a região de Londrina. Um ecossistema de inovação em crescimento, proporcionando um potencial econômico para pequenas, médias e grandes empresas, é importante para que tenham contato com a adoção de novas tecnologias”, destaca Jéssica.

Letícia Amanda Cechinel, 25 anos, é formada em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo (USP). Ela é de Florianópolis (SC) e mudou para Londrina para participar do programa de Residência em IA do Senai.

“A residência é uma curva de aprendizado exponencial por ser planejada para atender ao que a indústria está procurando. Tanto que fazemos as provas de conceito focadas em pautas reais, alinhando bem a teoria na área com a situação”, afirma Letícia.


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