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“Acredito muito ainda no associativismo para o País”

Fonte: Revista Mercado em Foco – ACIL – Por Susan Naime

Eleito presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap) para o biênio 2017-2018, Marco Tadeu Barbosa, 49 anos, aponta como principal desafio de sua gestão fortalecer as pequenas associações comerciais com o propósito de transformar o Estado em um grande polo associativista. A partir daí, segundo o empresário, será possível vencer entraves políticos e econômicos que impedem o setor produtivo de avançar. Casado com Maria Carolina e pai de Mariana, Manuela, João Henrique e Guilherme, Marco Tadeu é formado em Direito e trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário. Esteve à frente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá nas gestões 2012/2014 e 2014/2016 e foi vice-presidente para assuntos de desenvolvimento regional da Faciap entre 2014 e 2016. Atualmente é também diretor da regional noroeste do Secovi-PR.

Mercado em Foco: Como sua gestão deve conduzir a Faciap para agir perante a realização das reformas estruturais do País, especialmente, a tributária que impacta diretamente o desenvolvimento do setor?

Marco Tadeu Barbosa: A primeira coisa a se fazer é marcar o espaço da Federação, mostrar a importância dela, suas ideias, seus projetos e levar essa discussão para toda a sociedade. E para poder levar essas demandas e se obter sucesso no trabalho é fundamental fortalecer a base. Precisamos da força das associações comerciais, inclusive das associações menores. Temos com a Faciap quase 300 municípios e isso por si só nos dá muita força. Esse é nosso grande trunfo. Então, nosso desafio é fortalecer a base dentro das 12 coordenadorias que estão divididas nas diversas regiões, fortalecer especialmente o interior do Paraná, para aí sim, de forma forte e consistente, trabalhar as demandas sobre as reformas tributária, política, trabalhista. Vamos caminhar nessa linha e com o apoio de Londrina.

MF: Qual o principal desafio das associações comerciais para um ano que se espera ser o início de um caminho de melhoras?

MTB: As associações comerciais, por menores que sejam, são referências para o setor produtivo na cidade. São guarda-chuvas das empresas. É um desafio, mas precisamos fazer com que as associações levem as empresas para dentro delas. Precisamos continuar sendo guarda-chuvas, proteger essas empresas e abrigar outros setores produtivos também. Não é fácil, mas estamos plantando essa semente com todas as mudanças que estão ocorrendo no Estado. Temos o privilégio de ter no Paraná uma sociedade civil muito atuante. Nosso associativismo é muito forte e, inclusive, é um modelo copiado por outros estados. Eu acredito muito que o caminho para um País melhor está sendo através da sociedade. A sociedade que é transformadora e por isso acredito no crescimento e fortalecimento dessas entidades. É papel da Faciap atuar para esse fortalecimento e acredito que iremos avançar nesse processo.

MF: Como a Faciap está trabalhando para pensar numa política estadual voltada ao comércio e à indústria, tendo em vista que o Paraná possui regiões e realidades tão diferentes?

MTB: Temos inclusive realidades culturais e econômicas bem distintas. Sem identificar a vocação social e econômica de cada região seria impossível trabalhar e criar um modelo associativista. Hoje estamos divididos no Estado em 12 coordenadorias, cada uma lidando com o perfil social e econômico da sua região. Então, através dessa atuação e em conjunto com as associações mais fortes, conseguiremos avançar numa política pujante.

MF: Quais as perspectivas para a indústria e comércio paranaense em 2017?

MTB: Dependemos mais da gente do que lá de fora. Precisamos fazer com que as instituições funcionem e os poderes estabelecidos também precisam funcionar. Daí o setor produtivo faz o resto. Hoje, as empresas estão preparadas para o desenvolvimento, mas ficam com o pé no freio por conta do quadro econômico e político que o País vivencia. Não há como não dizer que o arranjo político afeta diretamente a economia. Por isso penso que 2017 é um ano de desafios para o Brasil. Acredito muito que a gente consiga avançar, apesar das políticas contrárias. O agronegócio é muito forte no Paraná e isso também é um fator importante. Claro que precisamos seguir com o pé no chão, mas estou otimista.

MF: O que será preciso priorizar para a saúde financeira das indústrias e do comércio do Estado?

MTB: O planejamento. As associações comerciais têm esse papel de orientação. Existem parceiros para isso como o Sebrae, as cooperativas de crédito. Temos outra ferramenta que são as Sociedades Garantidoras de Crédito (SGC). Elas não só viabilizam recursos para as micro e pequenas empresas, mas também trabalham em cima da ambientação. Através dessas estruturas montadas, além da própria expertise das associações comerciais, podemos construir um País mais dinâmico e seguro. Deposito minha confiança na capacitação e na preparação que as associações comerciais podem fornecer aos empresários, industriais e empreendedores, preparando as empresas para o mercado. Sem falar na contribuição para o desenvolvimento, em especial das pequenas empresas que fazem uma grande diferença para a nossa economia. Temos a ferramenta. Agora, precisamos utilizá-la mais.

MF: Como será seu trabalho para unir os empresários em busca do desenvolvimento das regiões do Paraná?

MTB: Cada região tem uma característica, o que deixa esse processo um pouco mais difícil. A busca pelo desenvolvimento tem aproximado muito o setor produtivo do poder público. Isso acaba motivando os empresários e as entidades a participarem também do desenvolvimento de suas cidades através da criação dos conselhos de desenvolvimentos e até mesmo de observatórios sociais, que têm um papel muito grande na fiscalização das contas públicas. Além do mais, precisamos ativar os conselhos de segurança. Está comprovado que cidades seguras se desenvolvem mais. A própria sociedade tem demonstrado que deseja participar mais. Não tenho dúvida de que o caminho para o Brasil avançar é a sociedade civil puxando para si a responsabilidade que muitas vezes a gente só coloca para o poder público, deixando de fazer a nossa parte. Na Faciap, nossos grandes desafios estão relacionados à questão da economia do País, à aproximação dessas entidades e ao trabalho com planejamento, com associativismo forte. Acredito muito ainda no associativismo para o País e acredito mais ainda no Paraná.
 

MF: A Faciap e as associações comerciais levantaram a bandeira contra a corrupção, especialmente na ação que marcou a coleta de assinaturas para o projeto 10 Medidas Contra a Corrupção. Em sua opinião, qual é o papel do empresário no combate à corrupção?

MTB: Mostramos força na ânsia em combater a corrupção. Londrina se mobilizou fortemente, o Paraná e todo o Brasil. Eu diria que a grande maioria dos empresários quer um país melhor e quer combater a corrupção. Nós precisamos mudar para querer mudar o país, temos que dar exemplo. É uma pena que ainda existam pessoas que não pensam assim e isso dificulta um pouco. Mas como a maioria quer o melhor, a gente vai continuar lutando contra a corrupção. A nossa parte a gente faz que é ir para as ruas, apresentar projetos, lutar por campanhas como aconteceu com as assinaturas para o projeto das 10 Medidas contra a Corrupção. Londrina foi exemplo, inclusive. Precisamos mostrar que a gente quer realmente essas mudanças. Não só no discurso, mas na prática. Quando a gente encampa uma campanha como as 10 Medidas, estamos mostrando que queremos a transformação. Não é fácil. Essa resistência é cultural desde que o Brasil é Brasil, mas estamos num momento em que a sociedade pede essa mudança. Acho que nos livrarmos 100% da corrupção é impossível, não existe isso em lugar nenhum do mundo. Por isso, insisto em dizer que o melhor caminho para o Brasil está nas mãos da sociedade, dando exemplos e trabalhando muito.
 

MF: Em um cenário de insegurança política e econômica, qual é a importância de uma liderança eficiente nas empresas?

MTB: A gente tem a péssima mania de apenas cobrar. Vamos puxar para nós a responsabilidade de muitas coisas para mudar esse País. Eu sei que a gente paga muitos impostos e não temos o retorno disso. Mas não podemos esperar que o cenário fique mais difícil ou que uma tragédia maior aconteça. Vamos puxar para a gente algumas responsabilidades e fazer o que deveria ser papel do Estado. Dessa forma tenho certeza de que será possível transformar a sociedade, transformar o País. Se for cruzar os braços e esperar apenas que o poder público ou o outro faça, vamos avançar pouco. A nossa responsabilidade pelas mudanças é muito grande.

MF: Temas polêmicos como a desburocratização e os valores altos praticados nas praças de pedágios do Paraná devem ganhar corpo novamente em 2017 já que são vistos como entraves para o desenvolvimento de empresas e indústrias. Como a Faciap deve atuar diante dessa demanda?

MTB: Nos últimos anos a Faciap já tem cobrado muito por saídas para essas questões. Não somos contra o pedágio, o que queremos é ter estradas melhores para poder ter competitividade com regiões como a de Ponta grossa e Curitiba, por exemplo, que estão próximas ao Porto de Paranaguá, têm pista dupla e malha ferroviária. Precisamos ter a mesma condição e fazer nossa economia se desenvolver. Essa batalha já estamos travando. A sociedade cobra. É um absurdo a gente ter um setor agrícola muito desenvolvido, tecnologia de ponta, recordes de produção e na hora de escoar essa safra, movimentá-la dentro do Estado, parte dessa produção se perde por conta das estradas ruins, dos pedágios caros e pela falta de uma malha ferroviária adequada. Essas são nossas cobranças. Para o País ser grande precisamos pensar primeiramente nesse desenvolvimento.


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