Notícias

|

Afinal, posso ser o dono do meu foco?

Fonte: Da Redação – Revista Mercado em Foco/ACIL 

Convenhamos, ter domínio sobre a nossa mente é uma das tarefas mais difíceis do dia a dia. Vivemos uma constante briga entre “o que eu quero X o que eu posso” e, quase sempre, tentamos nos manter no meio deste ringue.

O dilema se torna ainda mais tenso quando somamos à discussão o nosso bem mais precioso: o tempo. Não é fácil dividir as horas entre afazeres e desejos. Na verdade, é quase impossível. A sensação é que sempre algo vai ficar para trás. E provavelmente vai.

Somos alimentados de novas demandas o tempo todo, vivendo um ciclo vicioso de interrupções. Se algum dia existiu um filtro sobre o que chega até nós, ele deve ter se perdido no caminho.

Àqueles que se gabam pela proeza de fazer várias coisas ao mesmo tempo – o famoso multitarefa -, na tentativa de otimizar toda essa problemática, na verdade, rema contra a maré da eficiência. Estudos psicológicos já comprovam a nossa falta de capacidade em dividir a atenção. Ou você conversa ou você lê. Ou assiste a um filme ou mexe no celular. Ou trabalha ou cozinha (essa é para os tempos vigentes de home office).

Falando em trabalho, está aí um dos locais de maior dificuldade em manter a concentração. Se não bastasse a enxurrada de solicitações diárias, temos ainda que repartir o nosso tempo limitado com uma autossabotagem. Autossabotagem essa que abarca grande parte dos seres humanos.

Uma pesquisa feita pela Universidade de Harvard constatou que a nossa mente está dispersa em pensamentos durante 47% do tempo. Isso significa dizer que, em quase metade da vida, não estamos realmente vivendo o presente, mas sim, distraídos com o passado e com o futuro.

Vilma Munhê é coaching, consultora em treinamento, instrutora de Mindfulness, sócia da Presença, uma empresa de consultoria e coaching, além de integrante do Núcleo de Consultores do Programa Empreender da ACIL.

Ela explica que o Mindfulness, ou Atenção Plena, como é conhecida no Brasil, é uma abordagem realizada com o propósito de ir contra essa divagação. “É sobre aprendermos a estar presente no aqui e no agora, a partir do desenvolvimento de habilidades”, ensina.

De acordo com Munhê, as práticas utilizadas hoje são comprovadas cientificamente e trazidas para o uso popular, graças, principalmente, ao trabalho realizado pelo médico Jon Kabat-Zinn, na década de 70. Como pesquisador, integrou os conhecimentos budistas à ciência médica, levou os estudos para universidades e testou o método por vários anos. Ele ocidentalizou o termo afastando qualquer vínculo com a religiosidade. Já no Brasil, um dos responsáveis pela difusão do conceito foi o físico Stephen Little, há cerca de 15 anos.

“Se trata de um conjunto de práticas que nos permite desenvolver conexões no nosso cérebro com o intuito de prestarmos atenção ao que acontece no momento. É um jeito diferente de viver, focado efetivamente no presente”, reforça Vilma.

As consequências deste método? Ela afirma: uma vida mais leve, com menos estresse e ansiedade. Isso porque, no tempo em que passamos dispersos, a nossa mente, ou está presa ao passado, muitas vezes se culpando, criticando, ou está projetando o futuro, e não um futuro saudável, mas prevendo situações ruins.

As técnicas

O método auxilia pessoas de qualquer faixa etária e, quando aplicado com a orientação de um profissional, é trabalhado em um programa de oito encontros. O tempo também tem embasamento científico que comprova os efeitos no bem-estar e na saúde como um todo. Segundo a coaching, as práticas aprendidas em cada encontro são facilmente incorporadas no dia a dia.

Existem dois tipos de técnicas: as formais, ou seja, aquelas dirigidas por áudio e vídeo, e as informais, práticas em que uma pessoa utiliza das próprias ações do cotidiano. Vilma conta que existem exercícios de tempos variados e que isso depende muito do estágio que a pessoa está e o que ela busca.

O Mindfulness ensina a observar, não interferir. “Essa é uma das belezas da atenção plena. Não se faz esforço. Quando observo minha respiração e os pensamentos vêm, é como uma gentileza: percebo para onde eles foram e retorno à respiração. Quantas vezes forem necessárias”. De acordo com Munhê, esse simples exercício já começa a desenvolver habilidades de viver no ‘aqui e agora’, já que observar a respiração é uma das âncoras para estar verdadeiramente no presente.

Ela esclarece que as técnicas não possuem objetivo de proporcionar relaxamento ou bem-estar. “Elas trazem o que tiverem que trazer. Nos permitem ampliar a autoconsciência. Se estiver agitado, vai perceber um turbilhão de pensamentos. Mas basta só observar que as coisas vão se organizando. Neste meio tempo, a cabeça vai agir com novos pensamentos, e é normal. São as divagações”, salienta.

No programa se aprendem várias técnicas diferentes, que podem ser “resgatadas” conforme o momento vivido. As mais básicas envolvem a respiração e a percepção do corpo, chamada de escaneamento corporal. Essas, podem ser usadas em qualquer momento do dia.

Os benefícios

Maior qualidade do sono, menor nível de estresse, aumento na produtividade e apreciação mais significativa pela vida estão entre os principais efeitos da Atenção Plena. “As práticas nos fazem enxergar que pensamentos são só pensamentos, que não somos pensamentos. Assim, conseguimos identificar quais devemos cultivar e quais devem ser descartados”, aponta.

Em um momento de estresse, ela explica que as técnicas ajudam a focar no que merece a nossa atenção. Isso, segundo a consultora, traz decisões melhores e baixa significativamente o nível de ansiedade, além de melhorar o relacionamento com as pessoas.

A coaching conta que, entre as pessoas que mais têm procurado aprender sobre as práticas estão aquelas que vivem em ambientes de muita pressão, o que acarreta em noites de sono mal dormidas e inquietação emocional, consequências que, como já poderíamos imaginar, foram intensificadas pela pandemia. “A questão do home office, as mudanças exigidas pelo cenário, o fato de termos que ficar restritos, a necessidade de entrega. Tudo isso acentuou casos de ansiedade e estresse”, indica Vilma.

“Aprender a perceber a sua respiração, o estado do seu corpo, como os pensamentos te afetam e o que as emoções desencadeiam em você, são atitudes básicas para viver bem”, evidencia.

BOX (poderíamos aqui usar um quadro diferente, ou fundo com cor diferente)

Exercícios para você aplicar no seu dia a dia, segundo o método de Atenção Plena:

– Observe sua respiração sem interferir.

– Ao comer, escolha um alimento, perceba seu aroma, sabor e textura;

– Quando sair para caminhar, perceba o modo como pisa, observe o sol, o ar, os sons, o vento;

-Se estiver em um dia confuso ou agitado, escreva por cinco minutos, sem parar, tudo o que vier à sua mente: pensamentos, sentimentos, emoções. Tudo! Este, inclusive, é um ótimo exercício para fazer antes de dormir, porque terá uma noite de sono mais tranquila.


Compartilhe com o universo

Compartilhar Afinal, posso ser o dono do meu foco? no Facebook Compartilhar Afinal, posso ser o dono do meu foco? no Twitter Compartilhar Afinal, posso ser o dono do meu foco? no Linkedin

Deixe seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *