Arco Norte: Desenvolvimento sustentável para o interior do Paraná

Projeto estratégico une poder público e sociedade civil para atrair investimentos que o Norte do Paraná vem perdendo para capitais e outras regiões

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Fonte: Folha de Londrina

Imagine um arco formado entre a região sul de Londrina e os municípios de Cambé, Rolândia, Arapongas e Apucarana – significa, na prática, todo aquele espaço localizado atrás do Shopping Catuaí até as próximas aglomerações urbanas. Agora imagine, lá no meio, um grande aeroporto privado, para movimentação nacional e internacional de cargas. Em seu entorno, indústrias de alta tecnologia, empregando profissionais de nível técnico e superior para produção de bens de baixa emissão de carbono e alto valor agregado.

Imagine, também, rodovias ligando aquele aeroporto aos centros de cada uma daquelas cidades, localizadas, no máximo, a 16 km de distância. Pense ainda numa ferrovia de integração. E, para finalizar, num parque formado pela Mata dos Godoy e por um imenso corredor ecológico que vai de Arapongas até o rio Tibagi.

O resultado desse exercício de imaginação tem nome: Arco Norte. Trata-se do maior projeto de desenvolvimento do interior do Paraná, idealizado pelo ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), Luiz Penteado Figueira de Mello. Em suma, trata-se de um projeto ambicioso que pretende somar crescimento econômico, geração de empregos, melhoria da qualidade de vida e rigorosos cuidados ambientais. As primeiras articulações começaram há seis anos no Ippul, durante a gestão do ex-prefeito Nedson Micheleti (PT). Em dezembro de 2009, o prefeito Barbosa Neto (PDT) assinou decreto que tornou de utilidade pública área de 5,7 mil hectares referente ao Sítio Aeroportuário. Em 2010, entidades da sociedade civil passaram a liderar as ações de implantação do Arco Norte (leia mais no box).

As premissas para o Arco Norte foram buscadas pelo Ippul junto ao Instituto de Aviação Civil (IAC). Em 2005, técnicos do órgão conheceram um projeto de criação de aeroportos de cargas em seis regiões estratégicas do país, dentre elas o Norte do Paraná.

O contato com o IAC mobilizou o pessoal do Ippul em torno de um projeto de desenvolvimento regional baseado na integração de Londrina com as cidades vizinhas. A ideia, conta Figueira, foi criar uma âncora de desenvolvimento que tivesse o poder de atrair investimentos que o Norte do Paraná vem perdendo para capitais e outras regiões metropolitanas. ””Essa âncora é o conceito de aeroporto cidade. O Arco Norte cria oportunidades fantásticas de negócios e passou a ser a peça central de todo o projeto. E o melhor: sem fumaça, sem poluição. É um projeto de futuro que coloca a região num patamar privilegiado.””

Figueira afirma que, na época, foram realizadas reuniões com investidores em São Paulo e o projeto chegou a ser estimado em US$ 1 bilhão. Dentre os segmentos econômicos previstos para se instalar no Arco Norte, estão desde os de tecnologia da informação a produtores de frutas e flores. Em pleno funcionamento, o Sítio Aeroportuário poderá empregar até 20 mil pessoas. Os investimentos no aeroporto seriam privados. Ao municípios caberiam o zoneamento das áreas estratégicas. O Estado e a União entrariam com recursos para rodovias, ferrovias e infraestrutura.

Na visão de Luiz Figueira, trata-se de uma iniciativa que vai diferenciar Londrina do restante das grandes metrópoles brasileiras. ””É um desenvolvimento limpo e que pensa a integração efetiva das cidades. Portanto, foge daquele modelo poluído e congestionado que vemos em São Paulo, por exemplo””, avalia. ””É um sonho possível. Temos que pensar grande e agir com eficiência. Temos as condições ideais para produzir um novo patamar de desenvolvimento na região.””

Figueira destaca também que o Arco Norte está associado a um programa de Gestão Ambiental Urbana denominado Ecometrópole. ””São projetos complementares que permitem um olhar integral sobre a qualidade de vida da população e do meio ambiente de nossa região.””


Entidades articulam ações para implantar projeto

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Nivaldo Benvenho, nitidamente se empolga ao falar do Arco Norte. Juntamente com a Sociedade Rural do Paraná, a Acil vem encabeçando as ações da sociedade civil em torno do maior projeto de desenvolvimento econômico do interior do Paraná.

””O sentido de desenvolvimento do projeto é da qualidade de vida. Hoje, o que mais causa impacto ao meio ambiente é a baixa qualidade de vida do cidadão. Estamos avançando muito nisso, não é mais aquele ”modelo Cubatão” de desenvolvimento””, afirma. Perguntado sobre as chances, de 0 a 100, do projeto se tornar realidade, ele não titubeia. ””É 100%, se cada um fizer a sua parte.””

Benvenho explica que as articulações estão avançando em dois níveis: privado e público. O desafio, segundo ele, é que as duas linhas avancem de forma harmônica.””Um projeto dessa magnitude não pode ficar na mão das prefeituras, porque daqui a alguns anos haverá troca de poder. A sociedade civil tem a obrigação de ser a guardiã desse processo.””

Para o presidente da Acil, além da sustentabilidade, outro eixo fundamental do Arco Norte é a criação de logística para movimentação da produção local. ””Hoje se fala muito na localização estratégica do Norte do Paraná. Mas o que significa isso, se toda a exportação tem que passar pelos portos de Santos e Paranaguá, com pedágio e centenas de quilômetros pelo caminho?””, ele questiona. ””Temos que reverter isso. No passado, portos, ferrovias e rodovias foram as grandes alavancas de desenvolvimento; no futuro, serão os aeroportos.””

Abrangência

O diretor técnico do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Marcelo Mafra, explica que o raio primário de abrangência de um aeroporto de cargas é de 200 km. Isso significa que qualquer empresa desta região terá condições especiais de transporte e logística. A área incluída no raio primário atinge aproximadamente 4,5 milhões de pessoas.

””Em duas horas, qualquer produto da região chega ao aeroporto e, em mais 12 horas, a qualquer lugar do planeta””, detalha Mafra. ””É um projeto importantíssimo, mas tem prazo de validade limitado. As ações devem ser rápidas e coordenadas.””

De acordo com o diretor da Codel, o modelo de aeroporto previsto para o Arco Norte é comum em países de primeiro mundo, mas ainda inédito no Brasil. Mafra revela que na primeira quinzena de junho deve ser realizada uma reunião com todos os prefeitos da região para impulsionar as ações.

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