Dia desses, ouvi um jovem líder empresarial dizer que, em determinada situação, deveria ter tido um “papo reto” com um colaborador e, assim dar por resolvido um problema. Ao questioná-lo sobre o tal do “papo reto”, entendi que tratava-se de uma conversa pontual e objetiva.
Nesse instante, fiz uma breve retrospectiva sobre a aprendizagem da comunicação humana e refleti sobre sua natureza enigmática. Afinal de contas, ninguém nasce com essa expertise, e, aos “trancos e barrancos”, aprendemos sobre a arte da comunicação ao longo de toda uma vida.
Os códigos de comunicação e de conduta são construídos com maior intensidade no seio da família, e a criança, muito curiosa, busca entender o porquê de todos os limites recebidos, e sobre as formas de fazer as coisas. Isso se constitui em um grande enigma, e ao mesmo tempo, uma necessidade de explorar meios para se expressar e assim demarcar sua presença no ambiente.
Pode-se dizer que a passagem da infância para a vida adulta é acompanhada pelas seguintes palavras poderosas:
A criança ouve…
Você não pode fazer isso senão vai apanhar…
Não mexa nas minhas coisas…
Chega de perguntar toda hora sobre isso, não aguento mais…
Se você não fizer a tarefa, ficará de castigo…
O Adulto ouve…
Você não pode fazer isso comigo…
Não me incomode com esse assunto…
Se você não bater a meta, teremos muitos problemas…
A comunicação reticente e o não em excesso reforçam um sistema de crenças negativo sobre a vida. Muitos líderes, no mundo corporativo, apresentam dificuldades de conversar abertamente sobre problemas e soluções com suas equipes, deixando de explorar potenciais de desenvolvimento e aprendizagem, ao adotarem estilos de comunicação extremistas: agressivo e/ou passivo.
A comunicação assertiva é conduzida de modo artesanal. Transmite ideias e opiniões de modo esclarecedor, direto e objetivo. Implica em novas formas de expressão e de trocas autênticas entre pessoas. Assim, esse estilo de comunicação, mais requisitado pelos líderes e suas equipes, envolve o desenvolvimento de uma nova competência chamada de assertividade.
O “papo reto” faz parte de uma boa estratégia de comunicação dos líderes. Entretanto, comunicar-se assertivamente inclui outras capacidades, como: conectar-se com pessoas; oferecer feedbacks de qualidade; esclarecer processos; respeitar as limitações e a capacidade de entendimento da outra parte; ser empático e ter uma grande vontade de acertar. Para isso é necessário correr riscos e ousar experimentar ir além das crenças limitantes.
Os acertos se dão quando as pessoas permitem rever seus modelos mentais e experimentam algo singular na interação com o outro. “Papo reto com afeto”. Por que não?!
Cristina Costa Consalter é psicóloga e consultora na área de desenvolvimento de pessoas, grupos e organizações