Fonte: Wellington Moreira
parte dos empresários que acabaram de abrir um novo negócio? Eles
demonstram disposição de sobra, são contagiantes ao falarem das
oportunidades que o mercado lhes oferece e muitos deles encaram o
sucesso do empreendimento como uma questão de honra.
Por isso mesmo, não surpreende o fato de que, algum tempo depois,
cada companhia tenha a cara e o jeitão do seu fundador. Quando a
personalidade dele é permissiva ou liberal, a empresa se caracteriza por
ser um lugar mais descontraído e informal; se é autoritário por
natureza, comando e controle certamente não faltam. E é claro, os
produtos e serviços têm muito do seu modo de ver e fazer as coisas.
O sentimento de vitória ao completar os dois primeiros anos de vida
da empresa também é algo que marca muito a vida de quem toca o primeiro
negócio em sua carreira e era visto com desconfiança até pouco tempo
atrás. A dificuldade é se dar conta, enquanto comemora, que o jogo está
apenas começando e ainda há muita coisa a fazer.
quando você passa a enfrentar os desafios próprios de quem está à frente
de uma organização que precisa chegar à adolescência. Ou seja, lida com
decisões difíceis que a farão crescer de forma consistente, estagnar-se
ou falir algum tempo depois.
É nesta hora que muitos caem naquilo que podemos chamar “armadilha do
fundador”. Isto é, você atinge o limite da sua competência de
liderança, mas não é capaz ou não está disposto a reconhecê-lo. A sua
identidade e paixão encontram-se tão misturadas com a empresa, que
ignora o fato de que não está à altura dos novos desafios.
Quem se orgulha por ser um verdadeiro self-made man não crê
que o seu talento tenha limites. Além disso, você mesmo deve conhecer
pessoas que surgiram praticamente do nada e preferem naufragar a pedir
ajuda de terceiros, num tipo de autossuficiência que beira a arrogância e
leva várias companhias à bancarrota país afora.
Muita gente também não sabe que as habilidades para empreender um
negócio são bem diferentes daquelas exigidas de quem precisa
perpetuá-lo. Mais: a pessoa que inicia uma organização pode não ser o dirigente ideal para conduzi-la quando a coisa engrena.
Gente com perfil empreendedor, que desafia o status quo, que
tem uma certa dose de agressividade na tomada de decisões e é empolgante
ajuda muito quando a empresa abre as portas ou precisa se reinventar.
Pessoas mais centradas, analíticas e pouco apaixonantes são ótimos
administradores se a empresa vive uma fase de consolidação.
Você até pode adquirir as competências para ser, ao mesmo tempo, um
baita empreendedor e um administrador eficaz; mas, talvez a sua empresa
não possa esperá-lo se desenvolver porque os problemas dela precisam ser
resolvidos imediatamente. Neste caso, é preciso buscar ajuda de fora.
Se você toca o dia a dia da companhia sozinho e conta apenas com o
seu bom senso e competência para tomar todo tipo de decisão, pode
encontrar um sócio que já conheça bem o mercado a fim de dividirem os
riscos do negócio. Se esta opção não o agrada, outra boa ideia é
contratar um executivo experiente e dar espaço para ele mudar o que for
necessário.
Simultaneamente, também pode buscar o apoio de conselheiros. Um
consultor experiente e que já atendeu empresas com problemas semelhantes
tem tudo para compartilhar o tipo de conhecimento que você levaria anos
até obter por conta própria. Outros empresários do seu setor de atuação
também são uma boa fonte de consulta e aprendizado.
Como eu costumo dizer, poucas pessoas fazem parte da “categoria dos
ninjas” e estão prontas para resolver tudo o que aparece pela frente. Se
você fundou uma empresa e percebe que já não está à altura dos desafios
que precisam ser enfrentados, não se sinta envergonhado ou
incompetente. Tenha o desprendimento e a responsabilidade de pedir
ajuda; não há demérito algum nisso.