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Brasil recupera mercado nos EUA em 2008 e mantém presença apesar da crise

O Brasil ganhou participação nas importações americanas em 2008 e, apesar da recessão nos Estados Unidos, conseguiu manter o “market share” no início de 2009. No ano passado, o Brasil teve 1,45% de participação nas importações totais dos EUA, acima do 1,31% de 2007, e manteve um percentual praticamente igual em janeiro deste ano – 1,46%. Dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos indicam que as compras feitas pelos americanos no Brasil desaceleraram menos, em janeiro, do que a redução da importação total do país naquele mês.

 

Em janeiro, as importações feitas pelos Estados Unidos do mercado brasileiro somaram US$ 1,78 bilhão, com queda de 21,84% sobre janeiro de 2008. Já as importações americanas totais, em janeiro, somaram US$ 122,2 bilhões, 26,59% abaixo de igual mês de 2008. Os números da importação americana em janeiro mostram, porém, uma situação diferente para outros países, como a China, em termos de market share, em relação ao fechamento de 2008.

 

A China, cuja participação nas importações dos Estados Unidos caiu de 16,46% em 2007 para 16,08% no ano passado (ver tabela), voltou a ganhar fatia de mercado no início de 2009. A China se manteve como principal fornecedor para o mercado americano em janeiro, último dado disponível, sendo seguida por Canadá, México, Japão e Alemanha. O Brasil ficou em 16º lugar no ranking dos maiores fornecedores aos Estados Unidos, em janeiro, atrás da Índia.

 

Os Estados Unidos importaram US$ 24,7 bilhões em produtos chineses no primeiro mês de 2009, 5,43% a menos do que em janeiro de 2008. Mas o market share da China nas importações americanas no primeiro mês do ano subiu para 20,25%, acima de janeiro de 2008 (15,72%) e do mesmo mês de 2007 (17,04%).

 

Já o Brasil também aumentou sua participação de mercado nas importações americanas em janeiro de 2009 (1,46%) na comparação com o mesmo mês em 2008 (1,38%) e em 2007 (1,35%). Dados do Observatório Brasil China, publicação trimestral da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostram que no acumulado de 2008 o market share do Brasil nas importações dos Estados Unidos retornou aos patamares de cinco anos atrás.

 

O 1,45% de participação de mercado dos produtos brasileiros nas importações americanas, no ano passado, é semelhante à participação de 2004 (1,44%) e de 2005 (1,46%). O país recuperou as perdas registradas em 2006 e 2007, quando esse market share caiu para 1,42% e 1,31%, respectivamente.

 

Pedro da Motta Veiga, consultor da CNI que elaborou a última edição do Observatório, disse que os dados de 2008 mostram uma mudança de curva em relação à participação da China nas importações americanas. Entre 2000 e 2007, o market share da China nas importações dos EUA cresceu de forma consecutiva. “Em 2008 houve uma interrupção nessa trajetória de crescimento”, disse Motta Veiga.

 

Apesar da pequena redução da participação chinesa no mercado americano no ano passado, a diferença de market share entre Brasil e China nos Estados Unidos permaneceu muito elevada, segundo Motta Veiga. Essa diferença era de 15,15 pontos percentuais em 2007 e caiu para 14,63 pontos em 2008.

 

Segundo os dados analisados pelo Observatório, em 19 dos 30 principais capítulos da exportação brasileira para os Estados Unidos, o Brasil teve queda de participação nesse mercado em 2008 em relação a 2007. Em 15 dos 19 capítulos em que as exportações brasileiras perderam parcelas de mercado nos Estados Unidos, os produtos chineses tiveram aumentos de participação.

 

Motta Veiga cita o fumo e seus manufaturados e a celulose como exemplos de produtos que aumentaram a participação de mercado nos Estados Unidos no ano passado. O setor de fumo ampliou seu market share de 20% em 2007 para 22,5% em 2008. Já na celulose o crescimento foi de 18,2% para 21,4%.

 

A indústria de ferro e aço permaneceu estável de um ano para o outro (de 10,3% para 10,8%). Já o segmento de pedras, gesso e cimento perdeu fatia de mercado: de 11,36% em 2007 para 10,45% em 2008. Esse setor inclui o granito, que tem como um de seus principais clientes o mercado imobiliário americano, afetado pela crise das hipotecas.

 

Números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) indicam que os Estados Unidos continuam a ser o principal parceiro comercial do Brasil, tanto nas exportações como nas importações. No primeiro bimestre de 2009, as exportações brasileiras aos Estados Unidos somaram US$ 2,31 bilhões, com queda de 41% sobre igual período de 2008. Essa forte queda fez a participação das vendas aos Estados Unidos caírem de 15% em janeiro-fevereiro de 2008 para cerca de 12% em igual período deste ano em relação ao valor global das exportações brasileiras.

 

Já as importações brasileiras dos Estados Unidos em janeiro e fevereiro caíram 1,6%. As compras recuaram de US$ 3,6 bilhões no primeiro bimestre de 2008 para US$ 3,5 bilhões em igual período deste ano. A participação americana nas importações totais do Brasil avançou de 14,8% no primeiro bimestre do ano passado para 19,6% nos dois primeiros meses deste ano.

 

Como resultado, a corrente de comércio entre os dois países recuou 22,2%, de US$ 7,5 bilhões para US$ 5,86 bilhões. O saldo comercial no acumulado de janeiro e fevereiro foi negativo para o Brasil em US$ 1,22 bilhão, o que interrompeu uma série sucessiva de superávits que começou em 2000. No primeiro bimestre, houve predominância na exportação brasileira de produtos industrializados sobre os básicos para os Estados Unidos.

 

Fonte: Valor Econômico


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