Vendas em baixa, inadimplência e altas taxas de impostos. O cenário de recessão econômica retraiu os investimentos da maioria das empresas, que optam pelos cortes de gastos para sobreviver ao período de crise. No entanto, alguns empreendedores navegam contra a maré de dificuldades e aproveitam o momento para ampliar os negócios e conquistar novos clientes.
O grupo paranaense Madero anunciou investimento de R$ 100 milhões em 33 novos restaurantes nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo o proprietário do grupo, com sede em Curitiba, Luiz Renato Durski Júnior, boas oportunidades de negócios surgiram durante a crise, principalmente em shoppings centers. “Era muito difícil de encontrar espaços nos empreendimentos que estão entre os melhores shoppings do País. Atualmente, os preços dos alugueis estão pelo menos 50% mais baratos em locais interessados nas operações de restaurantes”, afirma.
Segundo ele, outro atrativo é a possibilidade de financiamento oferecido pelos próprios shoppings centers para construção dos estabelecimentos no ramo gastronômico. “Quando está todo mundo comprando, alugando e contratando, é mais difícil expandir os negócios. Hoje, está muito mais fácil. Agora, vamos trabalhar para trazer os clientes para dentro dos restaurantes e investir na qualidade do atendimento”, comenta.
Outra empresa paranaense também comemora os números de 2015, apesar do cenário desfavorável. A indústria de inseticidas Dexter Latina, localizada em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), fechou o ano passado com um crescimento de 23,86%, com faturamento em mais de R$ 32 milhões. De acordo com o diretor-executivo Ricardo Frederico, o objetivo é terminar 2016 com um incremento de 20%, apesar da perspectiva de retração de 2% nas atividades industriais de produtos químicos no País durante o ano. “O bom resultado é fruto do conjunto de um trabalho. A maior presença em campo, o aumento na força de vendas, a busca por novos clientes e novos canais de distribuição, somadas a toda a inteligência interna, de novos produtos e diferenciação, nos possibilitaram ser agressivos para aferir um resultado de dois dígitos”, declara ele, via assessoria de imprensa.
PREPARO
O professor de economia da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) Carlos Magno Bittencourt avalia que os empresários mais preparados podem aproveitar momentos de crises econômicas para empreender ou para ampliar os negócios. “O conhecimento é muito importante. Por isso, estudar o mercado é fundamental para aproveitar as oportunidades. Além disso, a experiência adquirida durante outras crises também auxilia os empreendedores neste período de dificuldade. Nesta hora, é possível procurar um diferencial, seja produto ou serviço, para aumentar o lucro e a permanência a longo prazo no mercado”, analisou.
VEÍCULOS ADAPTADOS
A empresa de adaptação de veículos FAG Brasil, de São Paulo, faturou 32% a mais no ano passado do que em 2014 com a conquista de empreendedores interessados nos negócios sobre rodas. A diretora comercial, Gislene Gonçalves Viana, lembra que a empresa enfrentava dificuldades na concorrência para atendimento dos interessados em serviços para vans e ambulâncias. Assim, a empresa passou a investir mais no segmento para atendimento de empreendimentos com mais mobilidade e sem custos, como o pagamento de aluguel. “Entre os principais públicos atendidos estão os empresários de food trucks com serviços que vão desde triciclos até grandes caminhões”, afirma. Além disso, a empresa paulistana realiza a adaptação de veículos para pet shops com autonomia de energia elétrica e fornecimento de água para atendimento domiciliar. “As próximas novidades são o lava-rápido móvel e o filme truck”, adianta.