Desânimo retarda reação da atividade econômica

Fonte: Gazeta do Povo Por um breve momento, a mudança na equipe econômica e a promessa de arrumação nas contas públicas inspiraram uma ligeira melhora nas expectativas em relação à economia. […]

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Fonte: Gazeta do Povo


Por um breve momento, a mudança na equipe econômica e a promessa de
arrumação nas contas públicas inspiraram uma ligeira melhora nas
expectativas em relação à economia. Mas o tímido otimismo que se
insinuava aqui e ali foi logo sufocado por uma avalanche de más notícias
– coisas como a crise interminável na Petrobras, falta de água no
Sudeste, incertezas sobre o fornecimento de energia e aumentos de
preços, juros e tributos.

Não por acaso, quase todos os índices de confiança de consumidores e
empresários atingiram, neste início de ano, os piores níveis desde que
essas pesquisas começaram a ser feitas. A insegurança atinge até setores
historicamente mais otimistas, como o comércio e os serviços. Como
consumidor desconfiado compra menos e empresário inseguro adia ou
cancela investimentos, a possibilidade de uma reação da atividade
econômica fica cada vez mais distante – no momento as expectativas mais
otimistas são de estagnação do Produto Interno Bruto (PIB).

“O consumidor se retraiu porque começa a ver desemprego e teme por
seu próprio futuro. E os empresários com quem tenho contato pretendem
fazer só o básico neste ano, para ver se a partir de 2016 as coisas
melhoram”, diz Sérgio Tsuru, professor do Instituto Superior de
Administração e Economia (Isae/FGV) e consultor em gestão empresarial.

Para Clecio Chiamulera, presidente da seção paranaense do Instituto
Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-PR) e diretor de operações da
fabricante de papel Ibema, a sensação é de paralisia. “A mola mestra do
investimento é a confiança, que está abalada. Ninguém quer tomar
decisão agora”, diz.

Já se sabia que o anunciado ajuste fiscal teria efeitos recessivos em
um primeiro momento, o que por si só colocaria empresários e
trabalhadores na defensiva. Mas havia a expectativa de que, por amargo
que fosse no início, ele poderia mais tarde abrir caminho para um
crescimento sustentável da atividade econômica. Pois agora até essa
possibilidade está ameaçada. Em um governo politicamente enfraquecido,
as medidas de contenção não são consenso nem entre seus ministros, muito
menos na base aliada no Congresso.

“Esse tipo de incerteza é pior que o próprio ajuste”, avalia o
economista Luciano Nakabashi, professor de pós-graduação da USP em
Ribeirão Preto. Para ele, antes de esperar uma melhora da confiança –
semanas atrás o ministro da Fazenda invocou o “espírito animal” dos
empresários –, o governo precisa conter a piora dos fundamentos da
economia, o que exigiria levar a cabo o choque fiscal e várias outras
medidas. “Mesmo assim, é difícil ver uma melhora da economia antes de
meados ou do fim de 2016”, diz.

Horizonte ampliado

Segundo o gerente executivo de Políticas Econômicas da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, a maioria dos
empresários reconhece a necessidade de uma arrumação na economia, vista
como fundamental para estender o horizonte de planejamento das empresas.
“O problema é que, neste momento, grande parte do ajuste parece estar
calcada no aumento de juros e tributos”, diz.

Para ele, o ânimo só deve melhorar quando aparecerem sinais mais
concretos dos impactos positivos do pacote fiscal. “E as vendas precisam
parar de cair, a expectativa de demanda melhorar. [A retomada da
confiança] é algo que não deve ocorrer antes do segundo semestre”,
estima.

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