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Efeito multiplicador

Fonte: Revista Mercado em Foco – ACIL – Por Juliana Leite

Altruísmo e comprometimento com a cidade e sua gente: dois pilares que resumem os 80 anos da Associação Comercial e Industrial de Londrina, numa jornada que se mistura à própria história de Londrina.

Ao longo de oito décadas a ACIL inspirou diversos profissionais, apoiou e debateu propostas inovadoras. Mais que representar uma classe, a ACIL esteve à frente de seu tempo e liderou a criação de entidades importantes para a difusão de ideias, causas e benemerências.

Muita coisa vingou e floresceu na terra vermelha que fez a ACIL, ainda nas primeiras décadas da aventura. A Santa Casa de Misericórdia e a Academia de Letras, Ciências e Artes são os melhores exemplos deste período. O tempo foi passando e novas demandas surgiram.

O turismo se tornou uma indústria robusta ao longo do século passado, e assim surgiu o Londrina Convention & Visitors Bureau. Das campanhas de combate à corrupção e da articulação de lideranças para a defesa do bem comum, surgiu o Observatório de Gestão Pública. Das salas de reunião da associação, foi desenhada a agência de desenvolvimento Terra Roxa, uma ideia pensada para atrair e moldar os investimentos na região.

Quando a construção civil já era uma potência no município, nasceu a Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção de Londrina e Região (ACOMAC). A indústria se sofisticou no novo século e as discussões internas deram origem à Central de Inovação, Desenvolvimento e Negócios Tecnológicos (Cintec). O Programa Empreender organizou e abriu caminho para a estruturação de outros segmentos em franco crescimento, como o de academias desportivas, experiência que se converteu em uma associação.

Pioneiros da saúde

A história da ACIL se mistura ao nascimento da Santa Casa de Londrina, pois ambas foram constituídas no mesmo período, entre 1936 e 1944. O fortalecimento do hospital das irmãs de Schoenstatt é fundamentado pelo empenho de pioneiros, presidentes e membros da então ACL, como David Dequêch e José Bonifácio e Silva, o primeiro provedor da Santa Casa.

Mobilizados pela ACIL, empregados do comércio abraçaram a campanha do troco e cotizaram recursos para a construção da unidade de saúde. Responsável por tocar a primeira ampliação do hospital, Silva, que também chegou a presidir a ACIL anos mais tarde, em 1947, investiu no Centro de Educação Profissional Mater Ter Admirabilis, primeiro colégio técnico de enfermagem da região e em operação na Santa Casa de Londrina.

“Muita gente da diretoria da ACIL fez parte da administração da Santa Casa. Sempre tiveram bom relacionamento e cooperação para Londrina. A cidade cresceu, as raízes continuaram e a harmonia entre as instituições também”, destaca o superintendente da Santa Casa, Fahd Haddad.

Do halteres à poesia

Novamente a ACIL desponta como parceira em mais um ícone para a vida dos londrinenses, desta vez na área cultural, com a criação em 1978 da Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina. O advogado e amante da escrita, João Soares Caldas, ex-procurador da Prefeitura de Londrina e fundador da Associação dos Advogados no Município, articula com empresários da ACIL e realiza a primeira solenidade de instalação da Academia, com a participação do recém-formado Coral da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Segundo a atual gestora da entidade, Leonilda Yvonneti Spina, a ACIL projetou a Academia devido ao seu prestígio e credibilidade.

Décadas depois, outra frente de trabalho, bem diferente da usual, foi o apoio, por meio do Projeto Empreender, para as academias desportivas da cidade. Com palestras para fomentar a competitividade saudável e troca de informações entre profissionais do setor, a ACIL auxiliou a formação do Núcleo de Academias de Londrina, em meados de 2010.

O grupo acabou se desfazendo com o passar dos anos, mas uma nova geração se articulou para a formalização da Associação das Academias de Londrina. Agora, o grupo espera apoio para conseguir homologar o sindicato da categoria, pois desde 2014 o processo se encontra no Ministério do Trabalho em Brasília.

Cooperativismo porta a porta

Ninguém imagina que, na busca por associados, os fundadores do atual Sicoob Norte Paraná, criado em maio de 2003, tiveram que bater de porta em porta nas lojas e casas de empresários de Londrina. Segundo o primeiro presidente, Francisco Ontivero, proprietário da rede Móveis Brasília e atual presidente do Hospital do Câncer, eles apresentavam o jornal da ACIL com a proposta da instituição e falavam sobre o descontentamento com os bancos convencionais.

A Associação Comercial serviu de incubadora para a nova casa bancária e, segundo Rafael Giovani Netto (que assumirá a presidência do grupo ainda em 2017), foi primordial na conquista de R$ 600 mil de capital inicial para a abertura da cooperativa: o dobro do valor mínimo previsto na época pelo Banco Central.

Hoje, o Sicoob Norte Paraná tem 23 agências em 14 municípios da região Norte do Estado e pelo menos 300 colaboradores. Possui mais de 28 mil associados e um capital próximo a R$ 600 milhões neste início de 2017.

Em parceria com o Sicoob, a ACIL ainda apostou na iniciativa da GarantiNorte PR – Sociedade Garantidora de Crédito do Norte do Paraná – para micro e pequenas empresas, que precisam de acesso ao crédito. Os números são promissores: R$ 4,2 milhões em negociações com perspectiva de chegar a R$ 13 milhões em 2017, superando os R$ 9 milhões negociados em 2016.

As startups e a construção civil

Foi da necessidade de unir lojistas durante o boom da construção civil no País, nos anos 2000, que surgiu a Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção de Londrina e Região (ACOMAC), criada a partir de encontros e debates na Associação Comercial. “Conseguimos depois desses cursos fundar um grupo de compras para tratar diretamente com os fornecedores e conseguir descontos”, relembra Adriano Montanari, um dos primeiros presidentes da entidade e hoje membro do conselho deliberativo da ANAMACO, entidade nacional do setor.

Uma década depois, a ACIL consolida em sua sede os encontros da CINTEC, que gerencia o portal Londrina Genial, produzindo vídeos institucionais.

Para o presidente do CINTEC, Ronaldo Couza, a parceria é fundamental, pois Londrina desponta para o setor de tecnologia com o surgimento de uma série de empreendedores da área de startups e softwares, atraindo investidores nacionais e internacionais.

Estratégias de crescimento

Com foco no desenvolvimento estratégico de Londrina, a ACIL consolida seus projetos. Em 2003, precisou ceder uma sala em sua sede para o Londrina Convention & Visitors Bureau (LC&VB) que passava por dificuldades financeiras. “Inclusive injetou recursos até que o Convention pudesse alcançar sua estabilidade”, conta o atual presidente do LC&VB, Reinaldo Casemiro Junior.

A reestruturação da entidade possibilitou novas atrações para Londrina, inserindo a cidade no destino de eventos e negócios importantes no calendário nacional, como a realização dos Jogos Escolares da Juventude. Em 2014, segundo pesquisa do Sebrae, o evento movimentou R$ 9,1 milhões, com a visita de pelo menos 5 mil pessoas na cidade.

Com 13 anos de luta para atrair investidores e divulgar os pontos fortes da região Norte do Paraná, a Agência de Desenvolvimento Terra Roxa surgiu no município de Rolândia com apoio de diversas entidades, entre elas a ACIL, em julho de 2004. Desde o início, a Associação Comercial e Industrial de Londrina foi de fundamental apoio, com a assinatura da “Declaração de Rolândia” durante o Encontro de Integração Brasil-Alemanha para o Norte do Paraná.

Um dos entusiastas e facilitadores da criação da Terra Roxa, Adrian Von Treufelds, relembra que o então presidente da ACIL, José Augusto Rapcham, comandou as tratativas com empresas de vários setores para motivar lideranças da sociedade civil organizada. “Todos nós acreditávamos e ainda acreditamos no enorme potencial da nossa região em termos de infraestrutura e mão de obra qualificada”, destaca.

De olho nos cofres públicos

Da busca por uma cidade mais justa e correta surge em setembro de 2009 o Observatório de Gestão Pública de Londrina. Em um país em que se pede o ‘fim da impunidade’ quase que a todo instante, era preciso inovar e criar mecanismos de controle e justiça.

Foi o que os londrinenses perceberam durante o processo de fundação do Observatório, nos diversos encontros no auditório da ACIL. “Mais importante que punir era preciso evitar os desvios, os deslizes”, relembra o jornalista Fábio Cavazotti, um dos fundadores e atual presidente da entidade.

Espelhados no Observatório Social de Maringá e de olho na crescente demanda nacional por transparência nas instituições públicas, os profissionais travaram uma batalha para vistoriar os processos licitatórios da Prefeitura de Londrina, gerida à época pelo ex-prefeito Barbosa Neto (2009-2012).

O momento político propiciou atuação intensa da entidade, que conseguiu barrar licitações com problemas de cálculo, mensuração de preços e falhas em editais. Para se ter uma ideia, o cancelamento dos processos, se somados, ultrapassaram a ordem de R$ 200 milhões. A entidade dá continuidade às ações, com o Plano de Transparência e Controle Social.


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