O projeto é inspirado em um modelo de formação empreendedora alemã, trazido para o Brasil em 1992. No Paraná, começou em 1998 e hoje reúne 2.046 empresas em 192 núcleos diferentes, principalmente no interior do estado. Ao longo de 16 anos de trabalho, muitas dessas organizações atingiram níveis de maturidade que elevaram o patamar de atuação dos blocos.
É o caso do Arranjo Produtivo Local (APL) de moda infantil em Terra Roxa e o polo industrial de bonés, em Apucarana. “Temos muitos resultados positivos pelo estado. E estamos na trilha para cumprir o principal objetivo do programa, que é aumentar a longevidade das empresas”, explica o gestor de projetos da Faciap, Marcio José Vieira.
De acordo com dados da entidade, na década de 1990, o índice de mortalidade das empresas brasileiras antes do quinto ano de atividade era de 75%. “Hoje, esse porcentual no Paraná é de 25%, um dos menores do país”, comemora.
Parceiros
Coordenados por consultores, os núcleos são organizados para buscar soluções dos problemas que as empresas têm em comum. O espírito associativista é essencial para que o modelo funcione. O concorrente passa a ser parceiro e todos ganham em competividade. Custos de formação de mão de obra, por exemplo, podem ser rateados entre os participantes.
O bloco também tem maior poder de barganha para negociar descontos com fornecedores, pois as compras serão em grandes volumes. “Mesmo na gestão do negócio, os parceiros discutem juntos estratégias de marketing e planejamento que vão beneficiar a todos. Eles criam e reproduzem boas práticas, que acabam impactando no atendimento e na qualidade final do produto ou serviço”, observa a consultora Andrea Cláudia Monteiro, coordenadora de operações do Empreender na Faciap.
Outro nível de evolução do modelo de setorização é a associação de empresas de diferentes segmentos para resolver questões transversais. Podem ser desde demandas com o poder público, como serviços de limpeza e recolhimento de lixo, transporte coletivo ou sinalização do trânsito, até situações relacionadas à rotina do trabalho, como jornada ou horário de funcionamento das lojas.
Rede
Empresários dividem agenda, problemas e soluções
Até 2010, sobrava desentendimento entre a Vigilância Sanitária de Ponta Grossa e os empresários do setor de alimentos em eventos. Regras de manipulação de alimentos, acondicionamento de produtos, montagem de barraquinhas, pontos de exposição e outras questões pertinentes à atividade colocavam fiscais e empresários em lados opostos. A formação do Núcleo de Alimentos em Eventos conseguiu amenizar o conflito entre os envolvidos.
“Quando organizados, os empresários buscaram o diálogo e conseguiram cumprir as exigências. O relacionamento melhorou muito”, avalia a consultora Lucilene de Fátima Oliveira, coordenadora do grupo, que mantém uma reunião semanal na Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa.
Organização
São 11 empresas diferentes, com faturamentos mensais que vão de R$ 2,5 mil a R$ 20 mil. Tem barraqueiro de churros, batata frita, espetinho, crepe, pastel, docinhos, drinques, sanduíches e yakissoba. Além das boas práticas da Vigilância Sanitária, o grupo definiu padrões de exposição e atendimento, com uniformes e estandes iguais e ainda administra a agenda de eventos da região, de acordo com a capacidade de cada um.
As compras também são feitas em conjunto e os empresários compartilham logística e infraestrutura nas viagens realizadas pela região. “O número de formalizações também subiu, o que contribui para a autoestima do empreendedor e sustenta o crescimento da sua empresa”, diz a consultora.